Em nota no Jornal Nacional, a TV Globo repudiou a agressão de Jair Bolsonaro contra a repórter Laurene Santos da TV Vanguarda, afiliada da TV Globo.
“A Globo e a TV Vanguarda repudiam o tratamento dado pelo presidente à repórter Laurene Santos, que cumpria apenas o seu dever profissional. Não será com gritos nem intolerância que o presidente impedirá ou inibirá o trabalho da imprensa no Brasil. Esta, ao contrário dele, seguirá cumprindo o seu papel com serenidade. A Laurene Santos, a irrestrita solidariedade da Globo e da TV Vanguarda”, leu William Bonner a nota.
“O presidente destratou a repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda, afiliada da Globo. Laurene perguntou por que ele tinha chegado à cidade sem máscara mesmo tendo sido multado recentemente em São Paulo por não usar a proteção. Bolsonaro disse: ‘Eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida’. Em seguida, tirou novamente a máscara”.
Na edição do “CNN 360”, na segunda-feira (21), a apresentadora Daniela Lima falou em nome da CNN e criticou os ataques de Bolsonaro à imprensa.
“O presidente Jair Bolsonaro fez agressões a uma repórter da TV Globo, agressões à impressa de um modo geral, como foi permeando ali a sua fala, de novo a favor de cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina — medicamentos que nem as fabricantes dizem que funcionam pra covid-19. O presidente segue na escalada retórica, segue insistindo em dados que são falsos. O documento do TCU atestado hipertrofia de mortes é falso. Quem dá o número que a gente usa todos os dias é o próprio Ministério da Saúde. É essa escalada do presidente contra a imprensa, contra a jornalista TV Globo que a gente repudia”, disse Daniela.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) afirmou, em nota, que Jair Bolsonaro “demonstrou mais uma vez seu desrespeito pela liberdade de imprensa, pela saúde pública, pela democracia e até mesmo pelas normas mais básicas de civilidade e etiqueta”, ao insultar a jornalista Laurene Santos, que o questionou por não ter usado máscara em um evento em Guaratinguetá (SP).
Na tarde da segunda-feira (21), Jair Bolsonaro mandou a jornalista calar a boca por ter perguntado por que que não tinha usado máscara durante o evento da Aeronáutica.
Surtado, Bolsonaro voltou a tirar a máscara e começou a xingar a Globo.
Inicialmente, quando foi questionado, por um repórter da CNN, se não daria nenhuma declaração sobre as mais de 500 mil vidas perdidas no Brasil por conta da pandemia do coronavírus, Bolsonaro criticou a CNN por ter noticiado e elogiado as manifestações do sábado (19), contrárias a seu governo.
A Abraji afirmou que o comportamento de Jair Bolsonaro é “incompatível com o cargo máximo da República do Brasil”.
A Associação “condena não apenas a atitude de Bolsonaro, mas a de todos aqueles que participaram da entrevista, como o prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva (PSC), e a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que também seguiu o presidente e retirou a máscara”.
“No ano passado, o presidente já havia mandado repórteres calarem a boca e em outro momento disse que sua vontade era encher a boca de um jornalista de porrada”.
A organização fez um levantamento mostrando que “Jair Bolsonaro bloqueou ao menos 66 jornalistas e veículos no Twitter, além de ser o campeão de discursos estigmatizantes contra a imprensa, com 46 alertas somente em 2021”.
A jornalista Laurene Santos recebeu vários apoios pela web.
“Meus parabéns pelo seu profissionalismo hoje. Sua altivez, sua coragem e sua calma fazem a diferença e ajudam a iluminar o momento histórico grave que vivemos”, disse a jornalista Vera Magalhães, do Estadão.
O apresentador Luciano Huck destacou que a agressão contra a jornalista foi uma “covardia total”.
“Inacreditável e inaceitável mais um ataque do presidente Bolsonaro à imprensa. Minha solidariedade aos colegas que foram alvos hoje. Ataque a um colega é ataque à liberdade de imprensa, à democracia. Nunca é demais – e cada vez mais necessário – lembrar o óbvio: ‘cala boca já morreu'”, escreveu a jornalista Andréia Sadi, do GloboNews.