O governador de Santa Catarina, Carlos Moisés (PSL), reassumiu o cargo, depois de ser absolvido em um de seus processos de impeachment, e mudou 60 medidas e nomeações feitas por sua vice, Daniela Reinehr (PSL).
Moisés estava sendo julgado por ter aumentado o salário dos procuradores do estado. O aumento não foi considerado irregular.
Ele foi reconduzido para o cargo no dia 27 de novembro. Já no sábado (28), ele mudou secretários e exonerou indicados por sua vice-governadora, Daniela Reinehr.
Carlos Moisés exonerou o secretário da Casa Civil de Daniela, Ricardo Aversa, junto com outros assessores e sub-secretários.
O governador também tirou Noilton Moraes da Silva da chefia da Secretaria Executiva de Articulação Nacional, devolvendo o cargo para Lucas Esmeraldino, que tinha sido exonerado por Daniela Reinehr.
Também houve mudanças na Secretaria de Administração, na Secretaria de Comunicação, na Procuradoria-Geral de Santa Catarina e na diretoria de hospitais e instituições. Moisés também nomeou pessoas que tinham sido exoneradas por Daniela depois que ela ficou sabendo que deixaria o Governo do Estado.
A curta gestão de Daniela foi marcada pela discussão sobre seu pai, Altair Reinehr, que defende o regime nazista, negando seus crimes e o holocausto, como é conhecido o extermínio dos judeus na Alemanha nazista.
Questionada por uma jornalista se ela também defendia as ideias de seu pai, a ex-governadora se recusou a responder.
Altair é conhecido no município de Maravilha, no extremo oeste de Santa Catarina, por ser nazista. Ele, que é professor aposentado, já colaborou com uma editora de livros antissemitas que defendiam a Alemanha nazista.
Em texto publicado em 2005, ele escreveu: “Encerrada a 2ª Guerra Mundial na Europa, com a rendição incondicional da Alemanha, os Aliados – vencedores e arautos da democracia e da liberdade de expressão – precisavam de pretextos para justificar seus hediondos crimes e ocultá-los sempre que possível. E assim passou-se a falar nos campos de concentração de Dachau (este visitei), Treblinka, Sobibor, Sachsenhausen, Majdanek, Birkenau e outros, especialmente o de Auschwitz, sinônimo de matança de judeus em quantidade industrial. Foi aí que surgiu a lenda do holocausto e o mito dos 6 milhões de judeus mortos em câmaras, onde o gás caía de chuveiros!”.
Ele também defendeu na Justiça o diretor da editora Revisão, que publicava, entre os anos 1980 e 1990, livros nazistas.
Depois de muito pressionada pela repercussão negativa do seu silêncio, Daniela escreveu nas redes sociais que “respeitava” seu pai e que não compactuava “com o nazismo”, assim como rechaçava “qualquer regime, movimento ou ideologia totalitária que atente contra as instituições democráticas”. Em seguida disse que “é preferível não tocar em determinados assuntos a escolher o caminho do embate, que, certamente, em todos os casos, já foi percorrido”.