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O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB), exonerou o coronel Julian Rocha Pontes do comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) na sexta-feira (2), após comprovação de que furou a fila para tomar a vacina contra a Covid-19.
O governador nomeou para o lugar o subsecretário de Operações Integradas da Secretaria de Segurança Pública do DF, coronel Márcio Cavalcante Vasconcelos, assume o cargo. A exoneração e a nomeação já foram publicadas em edição extra do Diário Oficial do DF.
O coronel Márcio de Vasconcelos tem 27 anos de serviço e é formado em direito e educação física. É especializado em ciências policiais e em gestão estratégica de segurança pública. Entre 2003 e 2010, o militar trabalhou no gabinete de segurança institucional da Presidência da República e, de 2016 a 2019, foi comandante do 3º Batalhão da PMDF e coordenador de eventos e atividades especiais da SSP/DF.
Além de Julian Rocha, outros integrantes da corporação tomaram vacinas irregularmente, ou seja, antes dos praças, como o subcomandante-geral da PM, coronel Cláudio Fernando Condi; e o subcomandante operacional do 2º Comando de Policiamento Regional, tenente-coronel Eduardo Condi, irmão do subcomandante-geral, coronel Cláudio Fernando Condi.
A imunização dos coronéis e comandantes ocorre devido à circular vigente da Secretaria de Saúde do DF, que prevê a destinação das sobras da vacina, chamadas de “xepas” para os policiais militares que fazem a segurança das vacinas, do transporte e dos locais de vacinação.
Ao ser questionado sobre o assunto, o coronel Julian Pontes alegou que “apesar de poder ser classificado como inoportuno, tal ato não foi ilegal”. “Em nenhum momento furei os critérios estabelecidos para a vacinação, sendo vacinado dentro das doses remanescentes, após o término do período regular e sob a coordenação do funcionário da Secretaria de Saúde”.
Julian afirmou que acolhe a decisão do governador Ibaneis Rocha (MDB) em relação à exoneração e agradeceu “a confiança depositada nesse período”.
Um dos acusados de furar fila, o chefe do Departamento Operacional (DOP), coronel Hemerson Rodrigues, rebateu enfaticamente a acusação. “Não vacinei e não vou vacinar enquanto meu último homem não vacinar. Sou um profissional de 30 anos de carreira, sabem que eu não fiz. Todo final de semana estou na Esplanada. Quem não me conhece acha que eu tomei a vacina e, por dever moral, não faria isso e não farei. Estou com restrição (de sair de casa) porque minha esposa está grávida. Não procurei ninguém para ser vacinado. Achei isso uma injustiça como profissional”, declarou.
O chefe do Estado Maior, o coronel Marcelo Helberth de Souza, também negou ter furado a fila da vacina e lamentou ter o nome divulgado fora do contexto. “A informação que tenho é que inseriram o meu nome num contexto que desconheço por completo, visto que não tomei vacina alguma. O fato é que estou afastado com suspeita de covid-19, o que acabou não se confirmando. Em nenhum momento tomei vacina. Não posso falar do nome dos demais, mas da minha parte eu esclareço que não tomei vacina alguma, mesmo que estivesse apto, não teria tomado”, frisou o militar.
XEPA
A “xepa” é o que sobra de doses da vacina após abertas. Cada frasco da CoronaVac contém 10 doses, que precisam ser aplicadas em até 8 horas no máximo. Já o imunizante Covishield, contém 10 doses e duração de 6 horas.
O secretário de Saúde do DF, Osnei Okumoto, declarou que trabalhadores “mais velhos” terão prioridade no recebimento das doses remanescentes. “Se tiver uma dose e dois policiais de escolta, essa dose vai ser usada para o profissional mais velho”, disse.
Um documento da Secretaria de Saúde diz que policiais na “linha de frente” são:
1) militares que fazem a escolta das vacinas
2) policiais que fiscalizam o horário de funcionamento do comércio e no combate a aglomerações
3) aqueles que acompanham a vacinação, na organização do trânsito dos “drive-thru”
4) militares nos atendimentos pré-hospitalares (que fazem a segurança das unidades básicas de saúde (UBS).
A Secretaria de Saúde informou na sexta-feira (2) que a vacinação dos membros das forças de segurança começa na segunda-feira (5).