Com CPI da Covid-19 no Senado, que investiga a gestão do governo sobre a pandemia e agora supostas irregularidades na compra de vacinas, avaliação do presidente é a pior desde o começo do governo
A avaliação negativa do presidente Jair Bolsonaro chegou ao maior nível (recorde) desde que ele assumiu o Palácio do Planalto, em janeiro de 2019. De acordo com a mais recente pesquisa Exame/Ideia, divulgada na quinta-feira (8), o governo é considerado ruim ou péssimo por 57% dos brasileiros.
Em comparação com os números da última pesquisa, o índice cresceu 7 pontos percentuais e, portanto, acima da margem de erro que é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
ÓTIMO OU BOM
Os que avaliam o governo como ótimo ou bom somam 20%. Comparando com a última pesquisa, este percentual caiu 7 pontos, acima da margem de erro.
Este é o patamar mais baixo de avaliações positivas do presidente desde o início de 2019. Os que consideram o governo como regular são 22%, percentual que oscilou em um quadro que indica estabilidade.
O fundador do Ideia, Maurício Moura, destaca que os 20% que avaliam Bolsonaro positivamente coincidem com os 20% que consideram ótima ou boa a gestão do presidente durante a pandemia da Covid-19, número medido em pesquisas anteriores.
AVALIAÇÃO DIMINUIU NO NORDESTE E SUDESTE
“A queda de 7% se deu muito em função da avaliação diminuir nas regiões Nordeste e Sudeste, onde se concentra a maior parte da população brasileira. Percebemos que o nível de rejeição do presidente aumentou e essa semana foi muito negativa para o seu governo isso se refletiu já nesses números”, afirma Moura.
Mesmo entre os entrevistados considerados como a “fortaleza” do presidente, o sentimento de que o governo é ruim ou péssimo cresceu. Na região Centro-Oeste, que nas pesquisas anteriores a avaliação positiva de Bolsonaro superou a negativa, nesta semana ocorreu o inverso. Para 41%, o governo é ruim ou péssimo, e 34% avaliam como ótimo ou bom.
REJEIÇÃO AUMENTOU NO NORTE
No Norte, 56% dos moradores desaprovam o trabalho de Bolsonaro. Há uma semana eram 40%. Na parcela que se declara evangélica, a mais fiel ao presidente, 52% avaliam o governo ruim ou péssimo, e 37% ótimo ou bom.
Na semana passada, 37% avaliavam como ruim ou péssimo, e 39% como ótimo ou bom.
A desaprovação em relação à maneira como Bolsonaro governa também é recorde. Entre os entrevistados, 57% não aprovam o trabalho do presidente, 23% aprovam, e outros 19% nem aprovam ou desaprovam.
A ponderação negativa por parte dos entrevistados cresceu 6% se comparado com a pesquisa anterior.
2022: LULA, BOLSONARO E CIRO
Para as eleições de 2022, se o pleito fosse hoje, segundo a pesquisa, 57% disseram que ele não merece ser reeleito; 32% disseram que merece e não souberam responder 12%.
Quanto a Lula, se o pleito fosse hoje, segundo a pesquisa, 47% disseram que o petista merece voltar a ser presidente; 44% disseram que não; e 9% não souberam responder.
Na disputa direta, a menor rejeição é a de Ciro Gomes (PDT). Não votariam nele de jeito nenhum 29% dos eleitores. Em Lula, são 40%. Bolsonaro é o que tem, neste momento, maior rejeição (44%).
Pela pesquisa, no cenário atual, Lula é o único que vence todas as simulações em segundo turno.
CPI INFLUENCIA OPINIÃO PÚBLICA
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Senado investiga o esquema de desvio de dinheiro na compra de vacina contra o coronavírus.
Nas últimas semanas, o nome de Bolsonaro foi citado, o que influencia na avaliação do presidente. Assim, 86% dos entrevistados pela pesquisa Exame/Ideia disseram que souberam ou ouviram falar dos trabalhos dos senadores sobre apuração de irregularidades na aquisição do imunizante indiano Covaxin.
Neste momento, a CPI investiga justamente este acordo. Em depoimento, o servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, denunciou irregularidades na compra da vacina. Atualmente, o contrato de R$ 1,6 bilhão está suspenso e nenhum valor foi pago.
Em depoimento em 25 de junho, o deputado Luis Miranda (DEM-DF), irmão de Luis Ricardo, colocou no olho do furacão o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
De acordo com o deputado do DF, ao levar a informação de possível esquema de corrupção no processo de compra da vacina, o presidente Jair Bolsonaro teria dito que era “coisa” do Barros.
400 MILHÕES DE DOSES DA ASTRAZENECA
Nesta semana, os senadores se concentraram na apuração das negociações de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca por intermédio do policial militar Luiz Paulo Dominguetti, representante da Davati.
Na última quarta-feira (7), foi ouvido Roberto Ferreira Dias, que era responsável pelos contratos do Ministério da Saúde e foi exonerado por conta das supostas irregularidades.
O presidente da CPI, o senador Omar Aziz (PSD-AM), decretou a prisão de Dias após ele negar que havia combinado encontro com Dominguetti para acertar detalhes do contrato. A fala dele foi desmentida por áudios vazados durante o depoimento.
IMPREVISIBILIDADES DOS IMPACTOS DA CPI
Os trabalhos da CPI ainda continuam e não se sabe o impacto que os desdobramentos vão ter até a eleição, em outubro de 2022.
A pesquisa Exame/Ideia ouviu 1.200 pessoas entre os dias 5 e 8 de julho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares.
Eis aqui todos os números da pesquisa