As provas da ação planejada de Bolsonaro na defesa da invasão do garimpo ilegal no território yanomami continuam a vir à tona. Ao longo dos anos de 2021 e 2022, o governo negou pedidos da Polícia Federal para o fechamento do espaço aéreo na Terra Yanomami, facilitando assim o abastecimento dos mais de 20 mil garimpeiros que invadiram a região e o escoamento do ouro traficado.
A revelação foi feita em reportagem do portal UOL sob a condição de anonimato. O site apurou que os pedidos da PF aconteceram entre 2021 e 2022 e todos foram recusados.
Havia alegações, por exemplo, de que os helicópteros utilizados por garimpeiros voavam baixo e não eram captados pelos radares em solo. Aviões radares, no entanto, são capazes de identificar helicópteros de garimpeiros ainda que estejam em altitudes baixas. Outra desculpa era de que a área era muito grande. Há relatos de que, em uma das ocasiões, a Força Aérea exigiu compensação financeira pelos gastos com voos na fiscalização.
Hoje, no atual governo, a FAB retoma suas nobres missões. Entre elas, a participação nas operações de ajuda humanitária aos yanomamis que enfrentam uma profunda crise sanitária. Em janeiro, a instituição foi acionada para realizar o envio de cestas básicas para a Comunidade Indígena da Kataroa, assolada pelo alto índice de desnutrição e de doenças infecciosas.
“O voo teve duração de duas horas, aproximadamente, e conseguimos ajudar as famílias que lá residem”, disse na ocasião o coronel Maurício José de Oliveira Côrte Real, comandante da Base Aérea de Boa Vista. Segundo ele, “participar de uma missão como essa é motivo de orgulho, pois, ao ser acionado pôde “ajudar a salvar vidas que estavam em situações extremamente precárias”.
Os militares transportaram e distribuíram 119 toneladas de carga, como alimentos e remédios. “Foram realizados o transporte e a entrega de 6.348 cestas básicas, além de terem sido feitas 84 evacuações aeromédicas”, contabilizou a Força Aérea.
Além de atuar no transporte de profissionais de saúde e de outras áreas que integram as ações humanitárias na Terra Yanomami, a FAB, sob a coordenação do Ministério da Defesa, foi responsável, também, pela implantação de um hospital de campanha na região.
Diante disso, os policiais ouvidos pelo UOL dizem enxergar na instituição um papel bem mais colaborativo nos dias de hoje. A Força Aérea faz monitoramento e policiamento 24 horas por dia na região indígena, segundo confirmou a PF, em nota.
No ano passado, a Aeronáutica também interceptou 88 aeronaves nas proximidades de Boa Vista (RR), incluindo a região da Reserva Yanomami.