Com a ampliação, 1.855 escolas estaduais paulistas passarão a oferecer educação em tempo integral e beneficiará 834 mil estudantes. Para a UMES, Ensino Integral é a principal ferramenta para a melhoria da Educação
O governo de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (12) a expansão do Programa de Ensino Integral (PEI) para mais 778 escolas do estado em 2022. Segundo o governador João Doria (PSDB), a partir do ano que vem serão 1.855 escolas públicas estaduais em São Paulo terão ensino integral em 427 municípios paulistas.
“Os resultados que alcançamos ao longo de dois anos e meio nos permitem hoje fazer esse anúncio de grande importância. Isso é uma vitória da educação. Tempo integral para tudo: para o aconchego, o ensino, o estudo, a alimentação e formação de uma nova geração de brasileiros”, disse Doria.
A expectativa da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc) é beneficiar 387,3 mil novos estudantes de ensino fundamental e ensino médio. Com as novas adesões, o PEI estará presente em 427 municípios paulistas, em todas as regiões do estado.
Atualmente, são 437 mil estudantes atendidos em 1.077 escolas, de 309 cidades. O investimento total para a expansão será de R$ 800 milhões no ano, segundo o secretário estadual de Educação, Rossieli Soares.
De acordo com a pasta, o número de PEIs está sendo quintuplicado, em comparação a 2018, onde o programa estava presente em 364 unidades escolares do estado.
Ainda, de acordo com Rossieli Soares, a expansão do programa corresponde a 25% da meta de matrículas em ensino integral do Plano Nacional de Educação (PNE) para cada estado da federação.
O crescimento da oferta de vagas no ensino integral do estado vai exigir a contratação de novos professores, de acordo com o secretário.
“Nós já temos uma previsão de contratação de novos professores, não só por este projeto, mas por outros que a gente está fazendo, como o novo ensino médio, obviamente aqui também a ampliação de tempo integral, mas isso tudo dentro dos percentuais e respeitando o limite que temos. Nós hoje vamos, com essas escolas que nós temos aqui, saltar para 25% das matrículas, que é a meta prevista no Plano Nacional de Educação e no Plano Estadual de Educação, que são 834 mil e nós vamos para 1885 escolas das 5 mil escolas”, declarou Soares.
Apoio estudantil
O anúncio foi feito no Memorial da América Latina, numa cerimônia que reuniu professores, diretores, profissionais da educação e estudantes.
O diretor de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), Lucca Gidra, participou do evento e defendeu a importância do projeto. Na semana passada, a UMES realizou um encontro com lideranças estudantis da capital paulista com representantes de mais de 100 participantes e o secretário de Educação. Na ocasião, a entidade e os grêmios estudantis entregaram uma carta em defesa da expansão do Ensino Integral como principal ferramenta para garantir ensino de qualidade no estado.
“A expansão do PEI é uma grande vitória pros estudantes e para educação com a transformação de mais escolas em tempo integral aqui em São Paulo. Queria agradecer ao Rossieli, ao esforço e à luta de milhares de estudantes que estão nesse empenho para ter uma educação com mais qualidade”, disse Lucca, em encontro com o secretário.
Rossieli se mostrou agradecido à UMES por levar o apoio dos estudantes à medida. “Eu queria dizer que o movimento da UMES, onde tivemos uma reunião com os com os grêmios estudantis que fizeram uma carta que nos emocionou e mexeu muito, onde nos deu mais coragem para essas transformações, nunca é simples, uma transformação como essa, mas quando você vê a voz dos estudantes falando que isso é bom e que precisa chegar para todos, a gente precisa avançar, a gente precisa caminhar. Eu queria agradecer muito por vocês terem levado essa voz para nós”, disse Rossieli no vídeo, sobre a carta realizada pela entidade com os pontos para a melhora do PEI.
“Educação de tempo integral não pode ser para alguns. A gente precisa avançar nos próximos anos, para chegar pra todo mundo. Esse é o nosso desafio aqui em São Paulo e esse é o desafio do nosso Brasil. A gente precisa continuar avançando”, concluiu Rossieli.
Pandemia
O secretário paulista afirmou que a expansão do ensino integral também vai auxiliar na reposição de conteúdo e aulas perdidas durante a pandemia pelos estudantes contemplados.
“Nós teremos em torno de R$ 800 milhões de reais de investimento pra essas escolas se tornarem tempo integral e obviamente a gente tá falando aqui de 2 modelos distintos: 1, tempo, ter mais tempo com o estudante, especialmente pós-pandemia, nós precisamos sim e precisamos investir mais. Todas as evidências apontam para resultados pedagógicos muito melhores pras escolas de tempo integral, isso no Brasil todo. Mas tem o segundo pilar, que é a formação integral do indivíduo. Quando eu aumento o tempo, eu aumento as possibilidades”, afirmou o secretário.
Leia a carta dos Estudantes em defesa do Ensino Integral:
POR UM ENSINO INTEGRAL PARA TODOS
A educação é uma ferramenta de emancipação individual e coletiva, que atua, fundamentalmente, de maneira formativa para a construção de uma sociedade mais igualitária e justa, em que o conhecimento e a razão sejam pilares desse processo. A UMES tem como sua bandeira principal a defesa da Educação pública, gratuita e de qualidade e por meio deste documento, reforçamos a necessidade do esforço e dedicação que a Secretaria de Educação tem feito para modernizá-la e queremos contribuir para isso.
Ainda temos muito a melhorar, o que inclui diversos problemas, desde a falta de professores às questões de infraestrutura. O melhor meio e mais eficaz para que a educação seja realmente de qualidade é pela implementação da escola em tempo e ensino integral.
O ensino em tempo integral possibilita ocupar tempo ocioso, que o estudante passaria fora do ambiente escolar, diminuindo a exposição aos problemas sociais da criança e do adolescente. Desse modo, o estudante, ao ficar o dia inteiro acompanhado por professores, é orientado em sua formação e suas dúvidas são sanadas, permitindo um melhor aproveitamento do período escolar e fixação das matérias. A educação integral é fundamental não apenas aos estudantes, mas também às famílias, tendo um aparato do Estado enquanto participante do processo de educação, permitindo tranquilidade para os pais cumprirem seus afazeres profissionais.
Acreditamos que o Ensino Integral deve articular o ensino regular com as diversas áreas do conhecimento, promovendo a autonomia e pensamento crítico; viabilizar o acesso ao Esporte, Cultura, Tecnologia, Ciência e à Formação Técnica; possibilitar a realização de tarefas e estudos orientados, garantir um maior conhecimento e preparo para o acesso à universidade e auxiliar também nutricionalmente com mais refeições ao dia, sendo garantidas pela escola.
Hoje, muitos professores acumulam funções em diferentes escolas, por vezes mesclando sistemas diferentes de ensino entre a rede pública e privada, precisando exercer cargos em mais de uma escola. Este acúmulo de tarefas colabora para a queda da qualidade de ensino, posto que, o professor precisa exigir-se duplamente para a preparação de aulas e correções de trabalhos pedagógicos e atividades, tornando suas condições de emprego precarizadas, além de saúde física e psicológica prejudicadas. Os professores melhor remunerados e com a possibilidade de se dedicar exclusivamente a uma única escola, podem elevar a qualidade da educação.
Com um ambiente escolar melhor, mais infraestrutura – laboratórios de informática, ciências, bibliotecas, espaços de convivência, ginásios poliesportivos e teatro, melhores condições de trabalho aos profissionais da educação, acompanhamento do estudante, combate à evasão escolar e auxílio às famílias – o ensino integral se demonstra bom para os professores, estudantes e famílias. O ensino integral é apropriado para a educação e para sociedade.
As longas conversas, discussões e estudos que tivemos sobre a nova reforma do ensino médio, mostram que ela pode ajudar a melhorar a educação em São Paulo. Porém, a principal questão para melhorarmos o ensino não diz respeito apenas ao método pedagógico, refere-se, principalmente, à questão estrutural. A reforma do Ensino Médio só ajudará a melhorar o ensino com uma política integrada à transformação da maioria das escolas em tempo integral, visto que, como apresentamos, é o melhor meio para termos uma educação à altura da população paulista. Há exemplo disso, conforme os últimos dados da avaliação nacional, 95% dos alunos da rede pública de ensino encerram o ano letivo sem saber o básico de Matemática, nesse contexto, o ensino integral pode melhorar muito o aprendizado dos estudantes, pois segundo o dado do IDEB as escolas estaduais de Ensino Médio com melhores indicadores são todas integrantes ao PEI.
Por meio desse documento, a diretoria da UMES, que representa os estudantes da capital de São Paulo, presta total apoio a implementação do ensino integral no Estado, a qual a secretaria pretende realizar. A meta de tornar 50% das escolas em tempo integral, até 2024, é importante, mas enfatizamos a necessidade de celeridade e aumento no investimento para alcançar a meta e realizar a implementação desse ensino que se apresenta benéfico à sociedade.