“Essa vacina contra a Covid-19 é uma grande esperança, e, na nossa perspectiva, o Brasil está na frente nessa corrida e podemos ter a vacina no começo do ano que vem”, disse o diretor do Instituto Butantan
O governo de São Paulo anunciou que o primeiro lote da vacinas contra o novo coronavírus, feita em parceria entre o Instituto Butantan e a empresa chinesa Sinovac, para ser usada na fase 3 de testes da substância, chega o Brasil neste domingo (19). Cerca de 9 mil brasileiros participarão desta fase de testes.
Ao analisar a chegada da vacina, Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, aproveitou para criticar o governo federal pelos debates sobre o uso da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus. O medicamento é insistentemente defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, mesmo não tendo eficácia no combate à Covid-19.
“Estamos vivendo tempos muito difíceis do ponto de vista da ciência do nosso governo federal. Cloroquina e hidroxicloroquina, os trabalhos que têm aparecido, que são muitos, mostram que os medicamentos não são efetivos. Temos que focar, olhar a ciência, olhar a vacina. O estado de São Paulo está fazendo um grande avanço. O Brasil pode ser o primeiro país do mundo a usar a vacina graças aos nossos esforços”, criticou.
“Essa vacina é uma grande esperança, e, na nossa perspectiva, o Brasil está na frente nessa corrida e podemos ter a vacina no começo do ano que vem”, disse Covas.
“Estamos discutindo no nível federal o uso de cloroquina. Isso não tem sentido. Estamos perdendo muito tempo em combater a epidemia. O Brasil é continental, não podemos gastar nossa energia em coisas que não terão efeito, não farão a mudança no evoluir da epidemia. A epidemia vai durar um pouco, vai se prolongar um bom tempo, e a vacina será solução de média e longo prazo”, acrescentou.
Em entrevista à GloboNews, o executivo explicou que, caso não haja nenhum problema, o produto deve chegar ao Brasil na manhã de domingo. “O voo saiu da China, deve estar na Alemanha neste momento. Estamos esperançosos que prossiga, que não tenha problema no aeroporto de Frankfurt e possa chegar amanhã de manhã no Brasil. A fase 3 [dos testes] começa na segunda e esperamos que em 40 dias possa incluir a maioria dos 9 mil voluntários”, declarou Covas.
A vacina da Sinovac Biotech já foi aprovada para testes clínicos na China. Ela usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização. Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).
O acordo entre o Butantan e a Sinovac é uma parceria estratégica para a realização da fase final de testes para a produção conjunta de uma vacina contra o novo coronavírus. “O domínio dessa tecnologia é brasileiro e chinês nesta vacina. Ela foi batizada de Coronavac. A vacina da Sinovac já foi administrada em mil pessoas nas fases 1 e 2 na China. E agora, na fase 3, que é a última, aqui em 9 mil voluntários brasileiros”.
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