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O governo reiterou à Eletrobrás o pedido para que a empresa suspenda o Plano de Demissão Voluntária (PDV). O pedido é o segundo enviado à empresa pelo Ministério das Minas e Energia (MME) desde o apagão, em 15 de agosto, que atingiu 25 estados e o Distrito Federal.
A queda de energia elétrica se deu em meio às denúncias dos empregados e entidades sindicais da categoria de demissões, terceirização de atividades especializadas, precarização e perseguições aos trabalhadores, desde que a empresa foi privatizada em 2022, no governo Bolsonaro. Conforme informações das entidades do setor, do final do ano passado até agora, mais de 2,4 mil trabalhadores foram demitidos.
No ofício enviado à Eletrobrás, na quarta-feira (30), o ministério pede que a empresa suspenda o PDV até que o órgão examine o “plano de ação para a prestação do serviço adequado e o plano de investimentos para os próximos anos, considerando a ausência da força de trabalho que pode ser desligada”, que ainda não foi enviado ao ministério pela Eletrobrás.
“Sendo a União a maior acionista da empresa e o MME responsável por zelar pelo equilíbrio entre a oferta e demanda de energia elétrica no país é legítimo, racional e importante que esta Pasta tenha acesso a tais informações para que possa avaliar como a Eletrobras, maior empresa do segmento em operação no Brasil, está se preparando para preservar a manutenção e operação de seus ativos, pois eles são primordiais para a confiabilidade do suprimento de energia elétrica”, diz o ofício.
Para o engenheiro eletricista Ikaro Chaves, ex-dirigente sindical e ex-conselheiro eleito do Conselho de Administração (Consad) da Eletronorte, uma subsidiária da empresa, ouvido pela Agência Brasil, “é preciso haver um processo de transferência de conhecimento, pelo menos. Você não pode, em uma empresa que trata de um setor essencial e estratégico como o setor elétrico, substituir trabalhadores experientes que conhecem os equipamentos, os processos da empresa, por trabalhadores novos que não conhecem esses equipamentos e os processos da empresa. Esse processo não aconteceu e a gente tem alertado, há muito tempo, que essas demissões comprometem a segurança do setor elétrico”.
Ele fala da redução drástica na Eletrobrás no seu quadro de funcionários nos últimos anos. Segundo o engenheiro, dos 26 mil funcionários em 2016, a empresa hoje “tem pouco mais de 8 mil”, disse.
No momento, a direção da Eletrobrás, que ainda executa o desligamento dos cerca de 2,5 mil funcionários que aderiram a um primeiro PDV, dirigido para empregados aposentados ou possíveis de aposentadoria, já colocou em prática a segunda parte do plano de demissões, que já tem cerca de 1,5 mil adesões. Com as demissões, o plano da direção é que o custo com pessoal caia 41,8% até 2026.
Segundo o engenheiro Chaves, “muitos trabalhadores, sabendo que existe uma possibilidade muito grande de serem demitidos, acabaram sendo compelidos a aderir ao PDV”.