O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), avaliou que a tentativa de Bolsonaro de incluir governadores e prefeitos na lista de investigados da CPI da Pandemia fez parte de uma estratégia para “ampliar demais” para que ela não tenha “efetividade”.
“O que houve foi uma tentativa de envolver governadores e prefeitos politicamente. Até porque o governo federal tem tratado das informações dirigidas aos Estados e municípios de forma muito equivocada”, disse em entrevista ao Poder360.
“Disse que receberam um volume de recursos que não receberam… No Espírito Santo disse que recebi R$ 16,1 bilhões. Na verdade, foi R$ 1,5 bilhão”, relatou.
“Tentar envolver governadores em uma crise é parte de uma estratégia que parte da liderança do governo federal. Natural a fiscalização, mas não é natural que se queira envolver governadores e prefeitos antes de fiscalizar. Tentaram ampliar demais a CPI para não ter efetividade”, acrescentou.
“Há um pensamento em 2022. Há intenção de limpar um pouco a imagem e atingir a imagem de outros. Não vejo os governadores preocupados quanto às investigações, mas sim com a estratégia política de tentar desgastá-los”.
Renato Casagrande acredita que o maior erro do governo Bolsonaro durante a pandemia foi “a visão negacionista”. “Negou o efeito, as consequências, e o resultado maléfico da pandemia. É por isso que o governo federal recebe críticas internacionais e nacionais: não teve ação”.
“Desde o início, pedimos uma coordenação nacional, uma centralidade, orientação única. Queremos que a CPI funcione, busque responsabilidades, mas, mais que isso, que busque um caminho. A falta desse caminho levou o Brasil ao número de mortes que temos”, disse.
LULA x BOLSONARO
O governador disse que a polarização entre Lula e Bolsonaro “empobrece a política brasileira” e defendeu “um movimento de centro” para o PSB e demais partidos de esquerda
“Lula diz que polarização é um fenômeno natural. Mas chegamos a um grau de polarização que extrapola o bom senso. Os partidos de esquerda terão que decidir o que fazer. Defendo um movimento de centro, alternativa à polarização”, disse Casagrande
Para o governador, Lula é uma grande liderança, mas “isso não retira o problema que o PT vive, que é de rejeição. E essa polarização do PT e Bolsonaro é natural, mas é maléfica, empobrece a política brasileira”.
Ele enxerga a possibilidade de um candidato de centro ir ao segundo turno. “Mas acho possível conversar, tentar construir um nome alternativo. O PSB dialoga com o campo da esquerda, centro, com o PT, e vai definir uma posição”.
O PSB tem alianças em diversos Estados com o PDT, que lançou o ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, como candidato à Presidência. “Tenho uma boa relação com o Ciro. É muito preparado para debater propostas para o país”, contou Renato Casagrande.