A greve dos auditores-fiscais da Receita Federal já afeta portos e alfândegas por todo o país. A categoria reivindica a regulamentação do bônus de eficiência, aprovado em lei desde 2017, e o reajuste salarial que já provoca perdas de quase 30%. Nesta terça-feira (18), junto com demais carreiras do funcionalismo, os auditores farão um dia de mobilizações.
Um dos movimentos adotados pela categoria é a chamada “operação-padrão” que tem deixado portos e postos fronteiriços da Receita Federal lotados.
Em Pacaraima, município de Roraima, chegou a ter mais de 200 caminhões parados na fronteira com a Venezuela. O congestionamento de cargas levou o governador do estado a procurar o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar fazer avançar as negociações entre os servidores e o ministério. Porém, o governo federal não se comprometeu com nenhuma das reivindicações da categoria. A reunião, realizada na última na quinta-feira (13), foi classificada pelo presidente do Sindifisco, Isac Falcão, como “frustrante”. Com isso, a mobilização dos auditores está mantida por tempo indeterminado.
No Rio Grande do Sul, o pátio da Receita Federal em Porto Xavier, que tem capacidade para 95 caminhões, ficou totalmente ocupado. O prefeito da cidade chegou a pedir uma reunião com representantes do Sindifisco para tentar reverter a situação, já que o protesto causou filas de caminhões esperando para cruzar a fronteira por meio de balsa.
Em Foz do Iguaçu (PR), mais de 700 caminhões aguardam diariamente a liberação no Porto Seco (estação aduaneira) da cidade, formando longas filas no acostamento da BR-277, próximo à Ponte da Amizade, na fronteira com o Paraguai. Em Mato Grosso do Sul, no município de Mundo Novo, dezenas de caminhões ficaram parados do lado de fora do pátio da Receita durante a noite.
Há relatos, também, de atrasos na liberação de cargas nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Itajaí. No Porto de Santos, em São Paulo, a liberação de trigo vindo da Argentina chegou a atrasar devido a implementação da operação padrão.
Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), a adesão à paralisação da categoria ultrapassa 90% do quadro efetivo. Até o fim do ano, cerca de 1000 auditores fiscais da receita entregaram cargos de chefia em defesa do reajuste e da regulação do bônus-eficiência.
AEROPORTOS
Nesta segunda-feira (17), o Sindifisco declarou que a mobilização avança e poderá atingir os aeroportos nos próximos dias.
“Os portos começam a entrar mais fortemente e o que não gostaríamos de ver começa a se tornar um risco iminente: a mobilização atingir os aeroportos, tanto carga quanto passageiros”, diz George Souza, diretor do Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita.
O Dia Nacional de Mobilizações foi convocado pelo Fórum Nacional de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) para essa terça-feira (18), contará com um ato às 10h, em frente ao Banco Central, e outro às 14h, em frente ao Ministério da Economia.