O ministro Paulo Guedes ameaçou o país com a volta da ditadura. Ele afirmou na segunda-feira (25) que não é possível se assustar com a ideia de alguém pedir o AI-5 diante de uma possível radicalização dos protestos de rua no Brasil. “Não se assustem se alguém pedir o AI-5”, disse Guedes, em entrevista coletiva em Washington.
Guedes acha que o povo brasileiro vai se deixar escravizar. Isso é o que ele gostaria que acontecesse, mas não é a realidade do país. Por isso ele faz essa ameaça. Aliás, outros integrantes do governo que andaram falando a mesma coisa, já estão tendo que responder em conselhos de ética e na Justiça.
Certamente esse tipo de declaração está relacionada ao furacão que aconteceu no Chile, país que ele tanto citava como exemplo a ser seguido.
Desnorteado com a rebelião popular que ocorreu naquele país, ele está com medo de que esse exemplo do povo chileno aumente a disposição dos brasileiros para lutar também contra o arrocho dos salários e a destruição de seus direitos no Brasil.
No mês passado, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente, foi na mesma direção e sugeriu a criação de um novo AI-5, caso a esquerda radicalize.
A fala de Guedes foi repudiada por entidades da sociedade civil e autoridades. No mesmo dia, o presidente teve que desautorizar o filho e disse que qualquer um que fale em AI-5 “está sonhando”.
Eduardo Bolsonaro está sendo julgado pelo Conselho de Ética da Câmara por defender a volta da ditadura. Assim como ele, Guedes também terá que responder por suas ameaças.
O AI-5, que Guedes quer trazer de volta, foi responsável pelo fachamento do Congresso Nacional, pela perseguição de juízes do Supremo, pela censura à imprensa, pela cassação de mandatos de parlamentares de todos os partidos, pela prisão de oposicionistas, pela tortura e assassinatos de presos políticos.
Ele disse que era “uma insanidade” que se peçam a presença do povo nas ruas para lutar por seus direitos.
A insanidade realmente existe. Mas ela é exclusivamente dele. A insanidade está está exatamente em sua política de vender todo o Brasil aos estrangeiros, de estrangular o mercado interno com redução de salários, de aposentadorias, de juros extorsivos e o consequente fechamento de empresas e demissões em massa.
O ministro fala em AI-5 porque foi assim que o ditador Augusto Pinochet, impôs a destruição da economia do Chile. Ele sonha em fazer o mesmo no Brasil.
É esse sujeito que disse também que o povo ir para as ruas defender o país é antidemocrático. “Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua?”, indagou.
Quem está quebrando tudo não é o povo. É ele e sua política. São milhares de empresas quebradas nos últimos meses.
Guedes disse que o povo lutar por seus direitos “é estúpido, é burro”, “não está à altura da nossa tradição democrática”. A “tradição democrática” de gente como Guedes é roubar e sair do governo mais rico. Sua estupidez está em achar que vai manter essa “tradição”, que está engordando como nunca os bolsos de banqueiros, principalmente os estrangeiros, da multinacionais e os seus próprios, vai perdurar por muito tempo.
Ameaçar dizendo para não se assustarem “se alguém pedir o AI-5”. E lembrar que “já não aconteceu uma vez?”, vai parar a luta dos brasileiros em defesa de seu país.
Ao saber que a entrevista estava sendo transmitida ao vivo, Guedes usou de seu tradicional cinismo e negou que tivesse dito o que acabara de dizer. Afirmou ser inconcebível. “A democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas, invada tudo, quebre e derrube à força o Palácio do Planalto, jamais apoiaria o AI-5, isso é inconcebível. Não aceitaria jamais isso. Está satisfeita?”, afirmou ele, dirigindo-se à repórter.
“Isso é uma ironia, ministro, o senhor está nos ironizando?”, disse a jornalista. “De forma alguma”, retrucou Guedes.