O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara Federal, afirmou, nesta sexta-feira (17), em entrevista à revista Veja, que o ministro da Economia, Paulo Guedes “não é sério”. “Se fosse sério, não tentaria misturar a cabeça das pessoas”, disse Maia, ao rebater as críticas do ministro ao projeto de ajuda emergencial a estados e municípios.
“Tínhamos uma proposta de como ajudar estados e municípios, fomos convencidos de que parte dela estava equivocada, mudamos o texto e aprovamos uma versão muito equilibrada. Chegou a ponto de ele dizer que o impacto do projeto pode ser de R$ 285 bilhões. Sabe o que significa? Queda de 100% na arrecadação do ICMS e do ISS. Se ele acha que pode ser isso – o que não será nunca –, está dizendo que a crise é muito mais grave do que estamos imaginando”, ponderou o deputado.
Maia falou sobre o que ele chamou de coices do governo. “Toda vez que você diverge, como ocorreu em relação ao Ministério da Economia, o governo parte para o ataque. Em vez de fazerem um debate transparente e sério, o ministro (Paulo Guedes) e sua equipe passam informações falsas à sociedade em relação ao que deve ser a crise de estados e municípios nos próximos meses. Da forma como Guedes faz, a impressão que dá é que ele quer impor a posição dele – e, numa democracia, isso não existe”, acrescentou Rodrigo Maia.
“O ministro minimizou demais a crise. Em entrevista à Veja, disse que com R$ 5 bilhões aniquilava o vírus. Eu converso com todos que querem dialogar comigo. É claro que ninguém fica satisfeito quando diz que diverge da posição do Planalto para votar um projeto e o governo parte para o ataque como se tivesse poder de impor posições, de agredir o Parlamento”, afirmou o presidente da Câmara. “Quando você não faz o que o governo quer, é agredido. Há de fato um ambiente em torno do presidente que viraliza informações distorcidas e, muitas vezes, ataques morais. Enquanto o Mandetta era querido, ele não tinha adversários, inimigos ou rejeição nas redes sociais. A partir do momento em que passou a enfrentar o governo, apareceu uma artilharia de informações distorcidas a respeito dele, ataques organizados”, denunciou.
Sobre a atuação de Jair Bolsonaro na crise do coronavírus, Maia disse que “o presidente minimiza o problema, o que pode ter consequências enormes num país continental como o Brasil”. Outro dia, ele disse numa live que teríamos menos mortes com o novo coronavírus do que com a H1N1, o que, em poucas semanas, foi desmentido pelos dados oficiais”, prosseguiu Maia.
“O presidente segue a linha daqueles que, em outros países, entenderam que o custo do não isolamento era menor que o custo do isolamento. A diferença é que a maioria dos governantes que seguiram esse caminho já recuou. A postura de Bolsonaro de minimizar a pandemia levou a equipe econômica a demorar muito tempo para se convencer de que o impacto seria grande. Essa postura também provoca conflitos”, apontou o parlamentar.
Para Maia, Bolsonaro prefere criticar aqueles que divergem dele a tentar encontrar um denominador comum”. “Eu disse a ministros do governo que a crise do coronavírus era uma ótima oportunidade para o governo reconstruir suas pontes com o Parlamento. Não podemos esquecer que um pouquinho antes o Congresso derrubou um veto presidencial com impacto fiscal de R$ 20 bilhões. Aquilo demonstrava que, depois de sofrer tantos ataques, o Parlamento reagia. O governo precisa sempre de um adversário ou um inimigo, porque, caso contrário, não consegue estimular suas bases a defender sua posição”, avaliou Maia.
“Todos os problemas enfrentados pelo presidente são resultado de seu diagnóstico errado. Todos os conflitos partem de uma divergência dele com a maioria da sociedade brasileira. É uma coisa estranha porque parece que o Bolsonaro sai da posição de presidente e fica sendo o comentarista e crítico, como se não tivesse responsabilidade sobre determinada decisão ministerial. Outro dia, a esposa do ministro Sergio Moro postou um apoio a Mandetta e, depois, o apagou. Há um mal-estar não só com o Ministério da Saúde, mas com o segmento mais racional do governo”, afirmou o deputado.
Paulo Guedes é um chicago boy. Nos anos 1980 ele fez um estágio no Chile sob Pinochet. Voltou de lá pinochetista de carteira. O boicote econômico que ele faz na guerra contra o coronavírus é a contribuição dele ao Bolsonaro para repetir no Brasil, em escala continental com mais de 200 milhões de pessoas, o horror, os crimes e os assassinatos no Estádio Nacional de Santiago a partir de 12 de setembro de 1973.
Mario Bacellar
Quem leu uma entrevista que Maia deu ao El País em 2019, sabe que Maia pensa exatamente como Guedes. Maia portanto é bolsonarista sim e de carteirinha, já que a cabeça por trás de Bolsonaro é Guedes. Não acredito nesse conflito entre Maia e Guedes ou Maia e Bolsonaro, até porque isso não vai mudar o fato de Maia ser um neoliberal e ter ajudado Guedes a implantar as reformas. Maia é farinha do mesmo saco que todos eles, mas vai sair limpo e promovido por esses conflitos junto aos que não querem bolsonaristas no poder. Para mim, ele (e Alcolumbre) é tão sujo quanto Guedes e Bolsonaro.
Realmente, o deputado Maia é neoliberal. Mas existe uma diferença para Bolsonaro/Guedes: estes são fascistas.
E Maia também! Exatamente por ser um neoliberal, ele é um fascista. Impossível separar uma coisa da outra.
Se todo neoliberal for um fascista, não nos resta mais que procurar outro planeta para viver. Não nos sobra nem o Caetano Veloso para fazer alguma aliança.