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Assassino, que possuía registro CAC (Colecionador de armas, atirador desportivo e caçador), tem permissão para possuir fuzil, pistolas e espingardas
A Polícia Civil de São Paulo pediu a prisão preventiva de Ezequiel Ramos após assassinar a ex-mulher e o filho a tiros em frente a escola. Michelli Nicolich e seu filho Luiz Inácio Nicolich Lemos, de 2 anos, foram executadas por um CAC (Colecionador de armas, atirador desportivo e caçador), que possuía autorização para possuir fuzil, pistolas e espingardas graças aos decretos de Bolsonaro para a liberação das armas no Brasil.
Câmeras de segurança mostram Ezequiel Ramos atirando em carro onde estava Michelli Nicolich e dois filhos. Ela e o filho caçula de 2 anos morreram. O assassino foi detido em flagrante na segunda-feira (12) na Zona Leste da capital.
O vídeo mostra o momento em que Ezequiel Lemos Ramos, de 38 anos, aparece correndo a pé pela Avenida Rodolfo Pirani, no Parque São Rafael. Em seguida, ele atira com uma carabina em direção ao carro onde estavam Michelli Nicolich, de 37, e os dois filhos de 2 e 5 anos.
A vítima tentou fugir com o veículo, um Fiat Uno Branco, mas bateu o carro em um poste perto da escola infantil ‘O Rei Leão’, onde as crianças estudavam.
As imagens ainda mostram o momento em que Ezequiel se aproxima do automóvel e atira novamente. A mulher e o filho mais novo, Luiz Inácio Nicolich Lemos, foram atingidos pelos disparos.
Os dois chegaram a ser socorridos e foram levados para hospitais da região, mas não resistiram aos ferimentos e morreram. O garoto mais velho sobreviveu. Ele não foi atingido pelos tiros.
De acordo com o comerciante Valdecir Cerqueira, que testemunhou o crime, Michelli pegou os dois filhos na escolinha e entrou no carro. Ezequiel, que estava num Fiat Mobi cinza, estacionado do outro lado da rua, saiu do veículo e começou a atirar.
“Eu presenciei um carro saindo da escolinha e um rapaz atirando no carro até uns 200 metros. Ela perdeu o controle, bateu no poste. Ele chegou e atirou mais ainda. Ele tirou a camisa e falou para o polícia [um policial militar de folga]: ‘Pode ligar pra polícia prender eu em flagrante aí'”, afirmou Valdecir.
INDICIADO POR FEMINICÍDIO
Ezequiel foi preso em flagrante por um policial militar de folga e sem uniforme que passava pelo local. O homem se rendeu e já estava desarmado. Ele foi levado ao 49º Distrito Policial (DP), São Mateus, onde foi indiciado pelos crimes de duplo homicídio doloso qualificado, por feminicídio, emboscada e tentativa de homicídio.
O assassino ficou em silêncio durante seu interrogatório na delegacia. Mas, segundo o agente da Polícia Militar (PM) que o deteve, Ezequiel alegou logo após o crime que tinha ido encontrar a ex-esposa para “acertar as contas” com ela. Ele disse que Michelli teria aplicado um golpe que lhe causou um prejuízo financeiro de R$ 70 mil. Ainda segundo o policial, o homem afirmou que tinha “perdido a cabeça” e disse: “Que besteira que eu fiz, me mata”.
A arma usada no crime não havia sido localizada pela Polícia Civil. Segundo o policial militar que o deteve, outros policiais chegaram ao local e disseram que tinham visto a carabina usada pelo ex-marido dentro do carro dele.
Moradores da região contaram que viram um outro homem não identificado, que estava em um Fiat Pálio, furtar a arma de dentro do automóvel de Ezequiel. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que a Polícia Civil tenta localizar a carabina e deter um possível comparsa de Ezequiel, que teria fugido com a arma do crime.
A polícia ainda conseguiu apreender um carregador de carabina e 31 munições calibres 9 mm que estavam no carro de Ezequiel.
Segundo o delegado Leandro Resende Rangel, Ezequiel estava “desnorteado” quando foi detido.
“Não está falando coisa com coisa, mas com ele [o ex-marido] tinha um documento de uma arma que, aparentemente, é a arma que ele usou no crime. Só que, no momento em que ele foi detido pelo policial, houve uma grande aglomeração de populares, e a arma sumiu. Nós estamos apurando e tentando localizá-la”, afirmou o delegado sobre a carabina.
“Até este momento, o que foi apurado é que houve uma desavença entre o casal, questão de valores, que a mulher teria ficado só pra ela e não teria dividido com o ex-marido. E por conta desse golpe que ele tomou dela, encontrou com ela na rua e efetuou diversos disparos no carro”, disse Leandro.
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Assassino foi preso por ameaça, mas foi liberado após apresentar-se como CAC
A delegada Marianne Cristine de Sousa, que atua em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, houve um pedido de prisão para Ezequiel em maio, após ele colocar uma arma na cabeça de sua mulher. Ela garantiu que o assassino tinha “fácil acesso às armas de fogo e um verdadeiro arsenal”.
Marianne havia solicitado à Justiça que o homem fosse preso após Michelli Nicolich, que tinha 37 anos, registrar um boletim de ocorrência contra ele por ter ameaçado atirar na cabeça dela. No BO, a mulher chegou a informar à polícia que o então marido tinha matado três pessoas. A delegada também pediu que ele tivesse a autorização de porte de arma suspensa.
“O acusado, com fácil acesso às armas de fogo e um verdadeiro arsenal, poderia a qualquer momento ceifar com a vida de sua companheira e de seus dois filhos menores, de modo que é notório que o mesmo poderá continuar delinquindo no decorrer da persecução penal caso mantido em liberdade, tendo em vista notícias fornecidas pela vítima de que o autor já matou cerca de três pessoas e continuou impune, mudando de cidade”, disse a delegada em maio.
Ezequiel tinha documentos para ter um fuzil, uma pistola e uma espingarda, segundo a polícia. Quando ele foi solto por ameaça contra a mulher, o juiz considerou os documentos de CAC levados pela defesa e o fato de Ezequiel ser réu primário.
Como medida para ele permanecer solto, foi determinado que ele não falasse com Michelli, não saísse da Ponta Porã sem autorização e usasse tornozeleira eletrônica por 180 dias. O homem, no entanto, só ficou com o aparelho de monitoramento até o dia 13 de julho.