
Bolsonaro insiste em manter preços atrelados ao mercado internacional – que levaram à greve dos caminhoneiros -, e não pune atravessadores que deixam de repassar ao consumidor quando preços caem nas refinarias
Durante a inauguração da nova pista do Jockey Club de Brasília, em Vicente Pires, na manhã desta quinta-feira (06), o governador Ibaneis Rocha (MDB) criticou a proposta de Jair Bolsonaro sobre o fim da cobrança do ICMS nos estados e Distrito Federal.
“Não adianta querer jogar a população contra os governadores, porque, nesse debate, eu falo com os governadores: nós vamos vencer”, disse Ibaneis.
“O governo federal estará cometendo um erro, caso envie o projeto para zerar o ICMS sem consenso com os estados”, apontou Ibaneis. Do ponto de vista de Ibaneis, que é advogado, a iniciativa, nas condições atuais, seria “facilmente” derrubada no Supremo Tribunal Federal (STF), porque quebra o pacto federativo.
Para Ibaneis, a prioridade neste momento é estabilizar a economia do Brasil a partir do governo federal. “O governo federal fechou o ano passado com R$ 90 bilhões de rombo nas suas contas. O INSS está sem atendimento. Cadê a cobrança? O INSS prejudica quem? Os mais ricos ou os mais pobres? Será que isso não tem mais foco do que a redução do combustível?”, provocou.
Respondendo ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro voltou a fazer demagogia de que não era “populismo” a posição sobre o preço dos combustíveis, intimamente ligado ao imposto.
Bolsonaro quer jogar a culpa de sua política de preços, que têm subido por estarem atrelados aos preços internacionais e por não haver fiscalização dos grupos privados que distribuem e vendem gasolina no Brasil, nas costas dos governadores.
Não são os governadores que deixam de repassar a queda nos preços ao consumidor nas vezes em que o preço da Petrobrás cai nas refinarias. Quem aumenta seu lucro ao fazer isso são grupos como Cosan/Shell e outros. Sobre estes, Bolsonaro não diz nada.
Diante da demagogia de Bolsonaro de dizer que poderia abrir mão dos impostos federais na gasolina, Ibaneis rebateu: “Eu não ouvi ainda qual é o posicionamento do ministro da Economia (Paulo Guedes) dele (Bolsonaro) no que diz respeito ao governo federal abrir mão de uma arrecadação de R$ 30 bilhões, no ano passado”.
“Não adianta eu tirar a tributação do combustível – porque quem anda de carro, geralmente, tem mais condições – para penalizar de forma muito maior quem precisa de saúde, de educação, de segurança, precisa de infraestrutura”, pontuou.