“Estarei amanhã no lugar dele” na cerca que aprisiona Gaza, afirmou Ibrahim Al Toubasi, pai do mártir Yasen, seu filho, de 23 anos, que foi morto por tiro israelense quando estava se manifestando pacificamente dentro de uma tenda a centenas de metros da fronteira. Yasen era gari, e deixa mulher e dois filhos. A afirmação foi feita durante o enterro, como o de tantos outros assassinados pela tropa israelense. “O mundo inteiro está olhando para este pequeno lugar chamado Gaza”, ele acrescentou, explicando que “era um dever nacional” para todos os palestinos continuar a luta.
“Mesmo se ele [Yasen] tivesse tentado jogar uma pedra, não teria os alcançado”, assinalou, relatando também que o filho não era filiado a partido nenhum, mas apoiava a resistência. A cada um que veio para abraçá-lo e dar as condolências, ele agradeceu com voz embargada. “A causa palestina estava posta de lado e está de volta à linha de frente”.
Outro palestino, Mohamad Nabieh, 25, que participou do protesto queimando pneus, relatou que era descendente de refugiados expulsos de uma aldeia perto do que é agora a cidade israelense de Ashdod, mas que jamais pôde visitar o local de onde sua família veio. “Eu estou aqui, porque quero nossa terra de volta. Não temos nada a perder”.
O bloqueio israelense mantém dois milhões de palestinos em estado de desemprego crônico e à beira da fome, por trás de cercas de arame farpado e torres com franco-atiradores. “Ninguém se importa sobre nós, então por que esperar para morrer lentamente? O bloqueio nos pôs em uma grande prisão – temos de sair. Eu tenho 25 anos e quase nenhum emprego. O que esperam que eu faça? Dependa da caridade internacional?”