Dando continuidade ao ciclo de debates sobre as consequências nefastas para o Brasil do processo de privatizações do setor energético, o professor Ildo Sauer, titular do Instituto de Energia da USP e ex-diretor da Petrobrás, estará na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, juntamente com Luiz Pinguelli Rosa, professor emérito da COPPE/UFRJ, titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e ex-presidente da Eletrobrás, em debate mediado pelo jornalista, escritor e professor universitário, Juremir Machado.
O evento ocorrerá no próximo dia 28 de novembro às 18h30 no auditório da Faculdade de Economia da UFRGS.
O tema do debate será “Privatizações no setor energético: suas consequências para o país”. Os participantes do seminário têm criticado duramente o processo de desmonte a entrega do setor energético brasileiro ao capital estrangeiro, iniciado há alguns anos e agravado no governo Bolsonaro.
Os dois setores mais gravemente atingidos são o do petróleo, com o esquartejamento da Petrobrás e a venda de suas subsidiárias e o setor elétrico, que viu nesta semana o presidente Jair Bolsonaro assinar o projeto de privatização da Eletrobrás.
Em recente debate, realizado na COPPE/UFRJ, também com a presença de Ildo Sauer, Luiz Pinguelli caracterizou o significado do evento não como um simples seminário, mas como um ato de resistência. “Isto aqui não é apenas um debate, é um ato de resistência contra o desmonte do setor energético patrocinado por este governo”, disse ele.
De lá até os dias de hoje, apesar dos fracassos dos leilões do Pré-Sal, o governo mantém sua sanha privatista contra a Petrobrás e avança o processo de entrega do sistema elétrico brasileiro.
Na ocasião Ildo Sauer fez um apanhado do que significou para a Humanidade a descoberta do petróleo como fonte de energia e destacou, particularmente, o potencial que a descoberta das reservas do Pré-sal podem trazer ao desenvolvimento econômico do Brasil.
Para ele, a grande disputa no mundo de hoje é pelo excedente econômico produzido a partir das transformações tecnológicas, particularmente no setor de energia. “Desde a formação do cartel do petróleo, oficializado em 1928 no Castelo de Achnacarry, na Escócia, e do setor elétrico, em 1936, há uma encarniçada luta pelo excedente econômico criado por esses setores de energia”, relatou Ildo Sauer.
“A Petrobrás tem hoje um custo de produção de US$ 8 a US$ 12 por barril. Suponha que o preço do barril esteja em US$ 65. Se, por exemplo, tivermos um custo de produção de US$ 10, se acrescentarmos mais US$ 5 de prêmio para a Petrobrás, sem contar os impostos, royalties e transferências, com 100 bilhões de barris, podemos produzir 2,5 milhões de barris por dia ao longo de 45 anos, gerando um excedente de US$ 125 bilhões por ano, ou R$ 500 bilhões por ano”, disse Ildo.
Segundo o professor, estes recursos poderiam abastecer fundos de investimentos para garantir o progresso e o bem estar de toda a população.
O professor da USP foi autor, junto com o também ex-diretor da Petrobrás , Guilherme Estrella, de uma Nota Técnica do Instituto de Energia da USP, que foi divulgada na semana passada, avaliando que a venda dos blocos do Pré-Sal pelo sistema de partilha de produção, comparado a uma contratação direta da Petrobrás para explorar o petróleo da região, significaria uma perda de R$ 1,2 a R$ 1,6 trilhão para os cofres públicos do país.
Ele destacou ainda que o fracasso do leilão da Cessão Onerosa ocorrido na quarta-feira (06) desmontou um velho pretexto dos entreguistas para combater a exploração do Pré-Sal pela Petrobrás: o de que a estatal não teria recursos para os investimentos. Agora, ela ganhou praticamente sozinha os campos leiloados. E já está produzindo na região.
SÉRGIO CRUZ
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