
Na véspera, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão na casa do ministro e quebrou seus sigilos bancário e fiscal. Salles é acusado de roubar e contrabandear madeira
Jair Bolsonaro afirmou, em sua live de quinta-feira (20), que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, alvo, na véspera, de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal por crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando, é um “excepcional ministro”. Disse que Salles tem dificuldades “junto a setores aparelhados do Ministério Público”, os “xiitas ambientais”.
A operação do dia 19 de maio da Polícia Federal contra Salles, batizada de Akuanduba, foi deflagrada por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A decisão judicial determinou ainda a quebra dos sigilos fiscal e bancário do ministro. A casa de Salles, na região central de São Paulo, o imóvel funcional que ele ocupa em Brasília e um gabinete da pasta no Pará estão entre os endereços visitados pelos agentes da PF.
Não é de se estranhar que Bolsonaro elogie bandidos e se sinta em casa entre eles, pois faz isso desde que ingressou no baixo clero e começou a montar suas rachadinhas na política. Em 2003, por exemplo, da tribuna da Câmara, elogiou grupos de extermínio. “Quero dizer aos companheiros da Bahia — há pouco ouvi um parlamentar criticar os grupos de extermínio — que, enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo”, disse ele.
Em 2005, também da tribuna da Câmara, Bolsonaro fez rasgados elogios ao miliciano Adriano da Nóbrega, pistoleiro profissional que depois indicaria o nome de Fabrício Queiroz para o gabinete de seu filho, Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio. “O tenente, coitado, um jovem de vinte e poucos anos, foi condenado, mas não foi ele quem matou”, discursou Bolsonaro sobre o miliciano. Adriano viria depois a chefiar o “Escritório do Crime”, uma espécie de central de assassinatos por encomenda das milícias do Rio e Janeiro. O assassino defendido por Bolsonaro acabou morto pela polícia numa operação de captura no início do ano passado.

Portanto, dizer que um simples contrabandista de madeira, como Ricardo Salles, é um “sujeito excepcional”, não causa nenhuma surpresa. Afinal, Salles só quis ajudar uns ‘pobres madeireiros ilegais’ que tiveram apreendidas pela Polícia Federal a maior carga de madeira roubada da história brasileira. Certamente Bolsonaro acha também que são “xiitas” os policiais federais que fizeram a apreensão da madeira roubada. Tanto acha, que exonerou o superintendente da PF no Amazonas, Alexandre Saraiva, por este ter denunciado os crimes de Ricardo Salles.
O ex-superintendente da PF no Amazonas detalhou o envolvimento de Salles no contrabando de madeira. Ele explicou que, após a PF realizar a Operação Handroanthus e apreender 213 mil metros cúbicos de madeira ilegal na divisa entre Amazonas e Pará, no fim do ano passado, Salles entrou em ação. “O senhor ministro deu várias entrevistas criticando a operação, mas não ficou só no discurso. Ele foi até a área e fez uma pseudoperícia de 40 mil toras: ele olhou duas e disse que, em princípio, estava tudo certinho e que as pessoas apresentaram escrituras”, disse o delegado. Era tudo uma farsa montada pelo ministro e os bandidos.
O delegado afirma que o ministro recebeu da divisão de meio ambiente da Polícia Federal todos os laudos periciais e que a principal empresa que atua na região já recebeu mais de 20 multas do Ibama, somando aproximadamente R$ 9 milhões. “O senhor ministro fez uma inversão: tornou legítima a ação dos criminosos e não a dos agentes públicos.” Ele contou que a Polícia Federal vinha solicitando, desde dezembro, acesso ao processo administrativo do órgão ambiental do Pará.
Segundo Saraiva, eles começaram a trabalhar assim que os documentos foram reunidos em Santarém, pois Salles teria indicado prazo de uma semana para a conclusão das perícias. “Quando eu vi o conjunto de documentos, que foi uma reunião organizada – ou, pelo menos, com a participação direta do ministro do Meio Ambiente – e que se tornou uma fraude que buscava iludir a autoridade policial, eu entendi correto encaminhar notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal”, explicou o delegado.
A origem e a base de Bolsonaro está no crime e nas milícias. Portanto não há nada de novo na defesa que ele faz de criminosos, de contrabandistas, etc. Quem fiscaliza a ação delituosa de suas milícias ambientais – grileiros, garimpeiros ilegais e madeireiros ilegais – é chamado por ele de xiita. Já desde o início de seu governo ele começou a perseguir os funcionários (xiitas) do Ibama e criticar seu trabalho de fiscalização. Criticou publicamente quando estes destruíram equipamentos usados pelos bandidos para destruir reservas ambientais para roubar madeira ou para abrir um garimpo ilegal em terras protegidas ou indígenas.
Bolsonaro gostou muito quando Ricardo Salles defendeu, na famosa reunião ministerial que veio à público no ano passado, que o governo devia “passar a boiada enquanto só se falava em pandemia”. Por isso é que Bolsonaro elogia tanto Salles.
Afinal, além de participação direta nos contrabandos de madeira, Salles vem destruindo todos os instrumentos de combate aos crimes ambientais. A última portaria do marginal praticamente impede que os fiscais do Ibama autuem os criminosos. Ou seja, liberou geral a roubalheira. Bolsonaro, como se pode ver com essa declaração, mesmo com a operação policial da véspera, está feliz da vida com as decisões e os crimes de seu ministro.
S.C.
A verdade é que a boiada estourou agora inquéritos e processos apontarão todos os crimes contra o meio ambiente e outros delitos cometidos na gestão Jair e Salles. Bozo você é um gênio pegou o Brasil com muitos pobres e vai deixar com milhões de miseráveis esse é o retrato atual desse desgoverno.