Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar governadores por conta do preço dos combustíveis e chamou o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), de “mentiroso”.
Também disse ser um “crime” a forma de tributação dos preços dos combustíveis no Brasil para tirar sua responsabilidade pelo aumento estratosférico dos combustíveis. De acordo com Bolsonaro, o problema é que o ICMS é calculado pelo preço final do combustível.
“Nesses 3 anos, o ICMS mais que dobrou o valor na ponta da linha. Tem um governador de Goiás que falou que eu estava mentindo porque o percentual não tinha variado. Mentiroso é ele, porque o percentual realmente não variou, é o mesmo. Além de ele cobrar em cima do preço final da bomba, é bitributado. Já está incluso o PIS/Cofins. Cobra em cima do imposto federal, em cima dos tanqueiros e em cima dos postos”, disse o atual ocupante do Planalto.
Em agosto, Ronaldo Caiado foi até o Twitter rebater Bolsonaro e explicar que o imposto estadual não havia sido alterado.
Sem citar o nome de Bolsonaro, Caiado desmentiu as falas do Bozo naquela ocasião:
“A alíquota que é cobrada em Goiás é a mesma desde 2016. Não fizemos nenhum reajuste. O imposto é o mesmo do ano passado, por exemplo, em que a gasolina custava até menos de R$ 4,00”.
E continuou: “O ICMS do álcool de Goiás é o 5º mais barato. O aumento da gasolina nunca foi culpa do Estado, porque o reajuste é feito pela Petrobrás, seguindo o valor do dólar. Só neste ano, a Petrobrás já subiu em mais de 51% os combustíveis no País. Enquanto for assim, o preço vai subir”.
Bolsonaro relembrou esse episódio na entrevista dada na semana passada ao programa Hora do Strike, do jornal Gazeta do Povo.
Para tentar convencer seus apoiadores de que o preço não pode baixar porque o problema está no ICMS, Bolsonaro ainda completou numa explicação para lá de confusa: “É que além de ele cobrar em cima do preço final da bomba, ele é também bitributado. O que é bitributado? Como é no final da bomba, já está ali incluso, o valor do PIS COFINS, o imposto federal. Ele cobra ICMS em cima do imposto federal, cobra em cima do cobrado do frete, dos tanqueiros. Cobra em cima da margem de lucro do posto de combustível e também em cima do próprio ICMS. Isso é um crime que acontece no Brasil todo, não é apenas Goiás. É no Brasil todo”.
As declarações foram feitas na semana passada, dias depois de Bolsonaro falar sobre a possibilidade de o deputado federal Major Vitor Hugo (PSL), que foi líder do Governo na Câmara, concorrer ao governo de Goiás.
O ICMS em Goiás e demais Estados está com o cálculo congelado desde novembro, num esforço para segurar as altas dos combustíveis.
Mas como já foi dito por governadores e vários especialistas do setor não é o ICMS que tem provocado o aumento dos combustíveis. É o atrelamento do preço interno ao dólar.
Assim, não adiantou o congelamento do ICMS pelos governos estaduais.