Para o economista da Universidade de Columbia (EUA) “não é momento para austeridade fiscal e, sim, de aumento de investimentos públicos”
O economista e professor da Universidade de Columbia (EUA), Jeffrey Sachs, afirmou que “o Brasil é punido por taxas de juros altíssimas, por políticas de juros altos do Banco Central, muito difíceis de explicar”, acrescentando que a “situação fiscal do Brasil é totalmente distorcida através de juros extraordinariamente altos”. Sachs foi um dos palestrantes do seminário “Estratégias de desenvolvimento sustentável para o século XXI”, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), promovido na segunda e última terça-feira (21), no Rio de Janeiro.
“Não é o momento para austeridade fiscal”, ressaltou o professor da Universidade de Columbia, acrescentando que o momento atual pede o “aumento dos investimentos públicos, significativo, principalmente com infraestrutura e capital humano”. “Juros altos é um dos impedimentos ao investimento público porque o financiamento está indo para o pagamento de juros em vez de infraestrutura, saneamento, habitação, energia verde ou outros investimentos públicos de alta prioridade”, alertou Sachs.
Hoje, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decide se manterá, cortará ou aumentará a taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), fixada nos atuais 13,75% ao ano. Para Sachs, as taxas de juros deveriam ser reduzidas no país para algo em torno de 8%, podendo chegar a até 6%.
Jeffrey Sachs afirmou que os juros altos impedem que o Brasil persiga o crescimento com base em investimento público, já que os recursos públicos são drenados ainda mais para o pagamento de juros da dívida pública.
“Essas taxas poderiam cair significativamente, na minha visão. As taxas de juros poderiam cair, não sei em que magnitude, mas talvez 8%, 7%, 6% até. Cada ponto percentual de juro de redução significa um gasto de 0,6% do PIB em gastos com a dívida”, afirmou o economista.
Por meio de videoconferência, Jeffrey Sachs disse que “é um quebra-cabeça do por que as taxas são tão altas, seja devido à política, que parece ser o caso, ou pelo medo generalizado por causa da crise macroeconômica passada no Brasil. Mas uma coisa eu diria: não têm como base os fundamentos fiscais”.
Segundo ele, o déficit fiscal primário brasileiro “é bastante pequeno, muito menor do que os déficits do que os países do G7 (Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá, Itália, Japão e o Reino Unido) e quase todos os países do mundo”.