O economista e coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, afirmou, em entrevista ao HP durante a leitura da Carta às Brasileiras e Brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito, nesta quinta-feira (11), que a unidade demonstrada nesse dia representa um pacto da sociedade civil em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores.
“Nós estamos aqui num ato histórico, uma espécie de pacto social que construiu uma frente ampla das várias forças da sociedade civil. Até aqui nós vínhamos construindo o fora Bolsonaro com as forças populares e os partidos. Agora, diante do agravamento da crise econômica, social, política e com os arroubos do capetão neofascista, a sociedade civil brasileira saiu da letargia e construiu essa carta”, disse Stédile.
“Essa carta na verdade não é uma carta, é um pacto das forças sociais em defesa, primeiro da democracia. Mas não é só da democracia, da legitimidade das urnas eletrônicas, é a luta pela verdadeira democracia que é garantir os direitos dos trabalhadores, do povo, direito a trabalho, a renda, a educação, a saúde, portanto é um pacto que não termina dia três de outubro”, continuou.
Stédile disse que espera que esse movimento que vem sendo construído desencadeie uma série de atos em defesa da soberania nacional, a começar pelo dia 7 de setembro. “Nós estamos celebrando duzentos anos de independência política formal, mas ainda não conquistamos a soberania nacional. E nós, como movimentos populares, vamos tensionar, dentro do pacto, para que também se inclua a pauta da soberania nacional. Por isso, queremos que daqui saiam energias para realizarmos uma série de mobilizações na semana da pátria para reerguer a bandeira do Brasil na mão do povo e reerguer a defesa da soberania nacional”, disse o economista.
Para Stédeli, retomar os símbolos nacionais, como a bandeira, significa “defender a Petrobrás, defender a Eletrobrás, recuperar a base de Alcântara, recuperar a Embraer. Enfim, todos os nossos instrumentos de defesa da soberania nacional. Espero que estejam também unidas [com este pacto] para, em janeiro de 2023, construirmos outro projeto para o país. Projeto popular que resolva as necessidades do povo”.
Juliano Medeiros, presidente do PSOL, defendeu que o principal simbolismo desse ato é colocar um limite aos anseios autoritários de Bolsonaro e seus aliados e dizer que daqui nós não retrocedemos. “Se a gente retroceder do que a gente tem, vai ficar ainda mais difícil garantir as conquistas. Hoje é a reunião de diferentes pontos de vista, correntes ideológicas e setores sociais. Alguns que acham que a democracia é suficiente e outros que acham que tem que avançar, estando juntos para dizer que não vamos retroceder. Em hipótese nenhuma nós podemos aceitar menos do que temos hoje. Qualquer atentado contra a democracia tem que ser rechaçado”, disse.
“A base para quem quer transformar o Brasil é sempre democrática. Não vamos avançar em termos de direitos sociais, soberania nacional ou proteção ao meio ambiente tendo um regime menos democrático do que nós temos”, ressaltou.