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Juros são mantidos no maior patamar do mundo “sem nenhum motivo concreto e científico, somente com a força política dos banqueiros para enfiar goela abaixo a destruição do estado brasileiro”, afirmou Pedro Campos, ex-secretário-geral da UNE e membro do Comitê Central do PCdoB
O presidente nacional do PSol, Juliano Medeiros, afirmou que “não tem nenhuma razão” para a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% pelo Banco Central, senão “sabotar o governo Lula”. Medeiros disse que Lula pode contar com a população brasileira na luta contra a sabotagem do BC, uma vez que as pesquisas mostram que pelo menos 80% dos brasileiros apoiam o presidente na pressão pela redução dos juros.
Em debate no 59º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), representantes de diferentes setores da sociedade e da política se manifestaram contra os juros altos e por mais investimentos em educação.
Entre os debatedores, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), que também condenou os juros do BC: “O que se paga de juros é o dobro do que se paga em Saúde e Educação”, afirmou. Jandira defendeu ainda a construção de um projeto de desenvolvimento nacional, com foco em indústria, educação e cultura.
O presidente do PSol apontou que o governo Bolsonaro e os setores econômicos que o apoiavam foram a favor da autonomia do Banco Central para tirar do estado brasileiro “um instrumento fundamental para gerir a política econômica”. Para presidir o BC, indicaram um bolsonarista, Roberto Campos Neto, continuou.
O ex-secretário-geral da UNE e membro do Comitê Central do PCdoB, Pedro Campos, corroborou com a denúncia feita por Juliano Medeiros, citando que o Banco Central pretende mais do que dobrar o gastos com juros no governo Lula em relação ao governo Bolsonaro.
Em 2020, quando Bolsonaro era presidente, o Banco Central mantinha a taxa de juros básica em 2%, o que custava ao estado brasileiro aproximadamente R$ 300 bilhões. Com os 13,75% que mantém atualmente, esse gasto pode chegar a R$ 800 bilhões, explicou o debatedor.
Campos disse que os juros são mantidos no maior patamar do mundo “sem nenhum motivo concreto e científico, somente com a força política dos banqueiros para enfiar goela abaixo a destruição do estado brasileiro”.
O plenário, composto em sua totalidade por estudantes que estão participando do Congresso, entoou uma palavra de ordem, que dizia: “quero ciência e educação para avançar o projeto de nação”.
Pedro Campos ainda falou que “não interessa ao dono de indústria ou ao agricultor pagar juros só aos bancos”, explicitando que a economia do país é prejudicada com a política mantida pelo BC. Ele defendeu uma “frente ampla” contra os juros, visando tirar de Jair Bolsonaro setores que estão ao seu lado, mas que não são fascistas como ele.
A economista Juliane Furno, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e assessora especial da Presidência do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), explicou que nos últimos meses a taxa real de juros subiu, já que a inflação está caindo.
“Ao contrário do que diz Roberto Campos Neto e o Banco Central, a inflação no Brasil não tem origem no excesso de demanda, mas no aumento do custo de produção, como na energia e na importação de insumos. Por isso, a manutenção da taxa básica de juros em 13,75% não apenas “não resolve a inflação”, como “ainda agrava o problema da renda e emprego”, ressaltou.