Nova sentença da Operação Carne Fraca condenou, na segunda-feira (26), 11 pessoas, entre elas funcionários públicos e empresários, pelos crimes de organização criminosa, corrupção passiva e ativa, prevaricação, advocacia administrativa e concussão.
A sentença é do juiz federal Marcos Josegrei da Silva, da 14ª Vara Federal de Curitiba.
A Operação Carne Fraca foi iniciada em março de 2017 com o objetivo de investigar a relação corrupta entre fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e frigoríficos do grupo BRF (Sadia, perdigão, Qualy, Claybom). BRF escondeu salmonela fraudando laudo
O presidente do BRF/Sadia é Pedro Parente, ex-presidente da Petrobrás, no governo Temer. Na segunda-feira (27), Parente visitou a futura ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede da equipe de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL).
Logo que Tereza Cristina foi confirmada como ministra, Parente se derramou em elogios a ela. Parente comentou ter uma visão “extremamente positiva” de Cristina. “Recebemos muito bem a indicação da ministra da Agricultura, que vai ajudar bastante o agronegócio do Brasil”, disse.
Nesta nova sentença, a Justiça Federal confirmou a denúncia do Ministério Público Federal de que ocorreram pagamentos de propina de empresários para funcionários do MAPA que atuavam na Unidade Técnica de Londrina, no norte do Paraná. Os funcionários deveriam evitar fiscalizações ou adulterar relatórios sobre as indústrias.
O relatório de uma das auditorias destacou 18 irregularidades dos 23 itens avaliados. “Todas as câmaras frias do estabelecimento tinham o piso quebrado e faltando pedaços, paredes com o reboco descascado, tetos mofados e sujos, trilhos enferrujados e grelhas das portas quebradas, bem como apresentavam condensação com gotejamento direto nas carcaças”, afirma o documento.
Dos 11 condenados, seis eram funcionários públicos ligados à fiscalização, seja pelo MAPA ou pela Unidade Técnica de Londrina, um era colaborador do chefe da Unidade e quatro eram empresários.
Os 11 condenados:
- Daniel Gonçalves Filho, delator e ex-superintendente do ministério da agricultura no Paraná: condenado a 7 meses e 15 dias de detenção, pelo crime de prevaricação;
- Juarez José Santana, chefe da da Unidade Técnica Regional de Agricultura (Ultra), do Mapa em Londrina: condenado a 32 anos, sendo 31 aos e 10 meses de reclusão e 2 meses de detenção, pelos crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa e organização criminosa;
- Gércio Luiz Bonesi, ex-auditor agropecuário do Mapa: condenado a 5 anos de reclusão por concussão;
- Sidiomar de Sampos, ex-agente administrativo do Mapa: condenado a 10 anos, sendo 10 anos e 8 meses de reclusão e dois meses de detenção, pelos crimes de corrupção passiva, advocacia administrativa e organização criminosa;
- João Roberto Welter, sócio administrador de uma empresa de alimentos de Londrina: condenado a 9 anos e 6 meses de reclusão, pelo crime de corrupção ativa;
- Luiz Alberto Patzer, agente de inspeção do Mapa: condenado a 17 anos e 8 meses de reclusão, pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa;
- Luiz Carlos Zanon Junior, ex-auditor fiscal da Ultra de Londrina: condenado a 11 anos, 1 mês e 10 dias de reclusão pelo crime de corrupção passiva;
- Marcos Cesar Artacho, proprietário de empresa de Arapongas: condenado a 6 anos e 8 meses de reclusão, pelo crime de corrupção passiva;
- Roberto Brasiliano da Silva, ex-assessor parlamentar do ex-deputado pecuarista José Janene, não teve cargo no Mapa, mas era colaborador de Juarez José De Santana, chefe Ultra de Londrina, condenado a 17 anos e 6 meses de reclusão, pelos crimes de corrupção passiva e organização criminosa;
- Roberto Pelle, gerente comercial de frigorífico de Apucarana, condenado a 4 anos e 8 meses de reclusão, pelo crime de corrupção ativa;
- Vicente Cláudio Damião Lara, sócio de empresa de medicamentos de Arapongas, condenado a 3 anos e 4 meses de reclusão, pelo crime de corrupção ativa.
O juiz também condenou Juarez José Santana a pagar o valor equivalente a 4.085 salários mínimos como reparação de danos. E Daniel Gonçalves Filho, colaborador da Justiça e ex-superintendente do Mapa no Estado a ressarcir 1.218 salários mínimos à época dos fatos, também corrigidos.
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