A Justiça decretou, nesta segunda-feira (9), a prisão preventiva dos 142 milicianos detidos na operação realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. Os suspeitos foram encaminhados para o Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Entre os presos há três militares do Exército, um da Aeronáutica, e um bombeiro.
A Polícia Civil do Rio prendeu na madrugada de sábado (7) 149 pessoas – incluindo sete menores apreendidos – por suspeita de participação no maior grupo de milicianos do estado fluminense.
A operação organizada pela PC aconteceu em uma festa dos milicianos, em um sítio em Santa Cruz, zona oeste da cidade. A comemoração foi organizada pela Liga da Justiça, organização formada por policiais, ex-policiais e bombeiros, que atuam no Rio e em municípios da Baixada Fluminense e da Costa Verde.
Além da prisão dos 142, também foram apreendidos 13 fuzis, 15 pistolas e carros roubados na ação. “Esse é o mais duro golpe contra as milícias no estado e novas operações virão nos próximos dias”, disse o chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.
A operação teve início por volta das 3h, quando policiais civis cercaram a região do sítio, que abrigava cerca de 400 pessoas. A festa contava com espaço VIP, copo personalizado e uma série bandas de pagode.
No total, 40 policiais civis, do Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), da Divisão de Homicídios e das Delegacias da região participaram da operação. Os policiais demoraram cerca de quatro horas para deixar o sítio. Lá, eles separaram milicianos de pessoas que pagaram o ingresso para aproveitar a festa. Nenhuma mulher foi presa.
Segundo a polícia, os milicianos lançaram granadas durante o confronto, que durou meia hora. Quatro pessoas foram mortas, de acordo com a polícia eram os seguranças do milicianos.
A investigação teve início há mais de um ano na Delegacia de Homicídios da Baixada, que há oito meses cruzou os dados com a Delegacia de Campo Grande. De acordo com a polícia, o grupo de milicianos se associava a traficantes de várias localidades da zona oeste e dos municípios vizinhos. Lá, eles permitiam a venda de drogas e o roubo de cargas na região mediante o pagamento de uma porcentagem.
A operação deste sábado foi bem sucedida, mas Wellinghton da Silva Braga, o Ecko, apontado pela polícia como chefe da milícia, conseguiu fugir durante a troca de tiros.
Na manhã desta segunda-feira, o Portal dos Procurados divulgou um cartaz oferecendo uma recompensa de R$ 2 mil por informações sobre o miliciano Ecko. Contra ele há um mandado de prisão por homicídio.
Ecko assumiu o comando da maior milícia do estado após a morte de seu irmão, Carlos Alexandre Braga, o Carlinhos Três Pontes, em abril de 2017. Segundo a polícia, ele usa cocaína, lucra com o tráfico de drogas, é violento, possui local de tortura e copta ex-traficantes para o grupo.
Segundo policiais, a Liga da Justiça atua com violência. Eles matam as pessoas que não querem pagar o “pedágio”. O domínio do território virou atividade lucrativa —com taxa de proteção contra crimes, venda de botijão de gás, sinal clandestino de TV a cabo e transporte alternativo.
As investigações revelaram que os milicianos, que já atuam em vários bairros da Zona Oeste, estão se expandindo para a Baixada Fluminense. Ao que foi apontado pelas autoridades 11 municípios da região metropolitana do Rio, que representam dois milhões de pessoas vivendo sob o domínio de milícias. “Suas ações em nada diferem do tráfico de drogas. Eles matam por qualquer razão. Se você resolveu não pagar uma taxa que eles acreditam que é devida, eles te executam”, disse Fábio Salvadoretti, delegado assistente da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).
Polícia prende suspeitos de executar jovens em Maricá
Três suspeitos de terem assassinado os cinco jovens que voltavam de uma roda cultural em Maricá, na Região dos Lagos, foram presos por policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), na manhã desta segunda-feira (9).
Segundo a Polícia Civil, os suspeitos fazem parte de um grupo de milicianos que vem cometendo diversos crimes há tempos na região. Foram detidos Jefferson Moraes Ramos, Flávio Ferreira Martins e João Paulo Firmino, apontado como o autor dos disparos.
Os agentes visitaram oito endereços em Maricá, em busca de seis acusados, nesta segunda-feira, além de mandados de busca e apreensão. Os três foram presos em suas casas em Maricá, numa ação em parceria com o Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público. Com eles foram apreendidos armas, drogas, dinheiro e carros roubados.
De acordo com a polícia, um dos PMs já havia sido preso na Operação Calabar, que em 2017 que culminou na prisão de 96 policiais militares sob acusação de corrupção.
Segundo o subchefe operacional da polícia, Gilberto Ribeiro, as investidas contra a milícia hoje são prioridade na Polícia Civil.
“Queremos deixar muito claro que a polícia civil hoje a prioridade é a dar fim ou pelo menos combater de forma enérgica todo tipo de crime organizado. Seja milícia, tráfico de drogas ou colarinho branco”, disse.
Então esses que pegaram foram pouco em vista da quantidade que ainda tem.