O líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que investigue, dentro no inquérito dos atos antidemocráticos, quem financiou e apoiou os atos criminosos em Brasília na segunda-feira (12).
“Atenção! Vamos peticionar ao STF, no inquérito dos atos antidemocráticos, pedindo a investigação dos que financiaram e apoiaram os atos criminosos desta segunda-feira. Eles tentam atacar a nossa Democracia, mas as nossas instituições são maiores, o Brasil é maior, o povo é maior!”, escreveu o senador no Twitter.
Uma dezena de veículos foram incendiados nos arredores da sede administrativa da Polícia Federal, em Brasília. Além disso, um grupo de bolsonaristas raivosos tentou invadir a sede da Polícia Federal, roubou e espalhou botijões de gás nas ruas. Cinco ônibus foram incendiados.
O senador aponta uma “escalada antidemocrática” e diz que foram “sem precedentes” os ataques bolsonaristas.
Na petição protocolada na terça-feira (13), Randolfe afirma que o “caos foi instaurado” em Brasília na noite de segunda-feira e argumenta que a investigação sobre ataques ao regime democrático é o melhor instrumento para apurar os atos de vandalismo cometidos por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Randolfe pede uma investigação detalhada dos atos de violência “com a punição exemplar dos envolvidos, inclusive daqueles que os financiaram e dos que os apoiaram ou incentivaram politicamente”.
O líder da Oposição pede, ainda, a apuração de um possível crime hediondo de terrorismo e solicita que o Supremo determine a desmobilização de acampamentos bolsonaristas em frente a prédios públicos em Brasília.
O senador pediu que a Procuradoria-Geral da República seja instada a promover a desocupação, “inclusive com eventual força policial”, das adjacências do Palácio da Alvorada, “com o fito de preservação do patrimônio público e de manutenção do simbolismo democrático estatuído na figura palaciana”.
Os atos criminosos dos bolsonaristas ensandecidos na segunda-feira foram cometidos a pretexto de protestar contra a prisão do indígena José Acácio Serere Xavante. Ele é acusado de “condutas ilícitas em atos antidemocráticos”.
A prisão, pelo prazo de dez dias, foi solicitada ao STF pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para garantir a ordem pública. O indígena é denunciado por realizar nos últimos dias atos violentos e ameaçadores no Congresso Nacional, no Aeroporto de Brasília, em um shopping e em frente ao hotel onde Lula está hospedado.
Para a PGR, o cacique “vem se utilizando da sua posição de cacique do Povo Xavante para arregimentar indígenas e não indígenas” para cometer crimes, como ameaças de agressão contra Lula e ministros do Supremo.
“Excelência, não é novidade para ninguém que estamos vivenciando um momento singular, no qual as instituições democráticas estão sendo postas à prova diuturnamente”, acrescenta o senador.
MICHELLE
O líder da oposição pediu também na petição ao Supremo a inclusão da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, no inquérito dos atos antidemocráticos.
Ele requer que seja apurada a conduta de Michelle com seu eventual indiciamento como financiadora dos atos.
Randolfe argumenta que a primeira-dama teria sido “uma das financiadoras dos atos, por supostamente atuar no fornecimento de alimentação aos bolsonaristas” que faziam vigília em frente ao Palácio da Alvorada.
“Requer-se que seja apurada a conduta da Primeira-Dama, Michelle Bolsonaro, com seu eventual indiciamento para que seja investigada sua postura como, potencialmente, uma das financiadoras dos atos, por supostamente atuar no fornecimento de alimentação aos bolsonaristas – o que, naturalmente, possui muito mais uma conotação simbólica de apoio político aos atos antidemocráticos do que propriamente um suporte material ao seu estabelecimento; e, talvez, o apoio simbólico seja o mais importante nessas situações, na medida em que indicaria que os autoritários de plantão encontram respaldo nos próprios atuais residentes do Palácio”, escreve o senador no documento.
Manifestantes que estavam no Palácio da Alvorada no domingo (11) divulgaram vídeos e fotos nas redes sociais, agradecendo à Michelle por ter enviado a eles sanduíches e refrigerantes.
Uma foto compartilhada por um perfil no Twitter mostra uma mulher com uma bandeja de lanches: “A pedido da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, lanche é servido para manifestantes na porta do Palácio da Alvorada” e “Nossa primeira-dama é demais [emoji de coração]”.
Em um vídeo, um homem de camisa preta, com copos e garrafas de refrigerantes nas mãos, conta que a “primeira-dama mandou um lanchinho só para vocês”. “Deus abençoe vocês”, diz o manifestante.
Entre choros e gritos, bolsonaristas agradecem à primeira-dama. “Olha isso, gratidão”, “Michelle, um beijo no seu coração, que Deus te abençoe”, “Muito obrigada, Michelle. Fez a nossa janta, vai garantir a nossa noite. Vocês são demais”, dizem no vídeo.