O senador Alessandro Vieira (SE), líder do Cidadania, afirmou que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 “é necessária para identificar responsabilidades, mas também, principalmente neste momento, corrigir erros”.
“A verdade tem que ser repetida: o governo errou, o governo insiste no erro. É preciso corrigir esses erros com medidas concretas: vacina, vaga de UTI e capacidade de atendimento”, disse em entrevista à Globonews.
Vieira, que se recuperou da Covid-19 há poucos dias, acredita que Jair Bolsonaro insiste nos erros “por incompetência, covardia eleitoral e negacionismo”.
“É muito claro que a gente vive um processo de boicote da aquisição de vacinas, o que fez com que o Brasil, que tem a vocação com programas de vacinação, que tem o SUS, esteja tão atrasado nesse processo de imunização da população”, disse o senador.
Ele disse que o governo Bolsonaro também força “o cidadão brasileiro a ir para as ruas” e se expor ao coronavírus. “Nós estamos há três meses sem o auxílio emergencial. Estamos sem auxílio por uma decisão política do governo”.
“Essa política escolhida deliberadamente, que em um primeiro momento compreensível como um erro, hoje é crime. Escolher contaminar os brasileiros deliberadamente é crime e isso precisa ser apurado, precisa ser corrigido”, continuou.
Para Alessandro Vieira, a pressão colocada com a instalação da CPI da Pandemia pode acelerar o processo de vacinação e criar mais condições para que a gente trate os infectados.
“A prioridade é ajudar para que tenha insumos médicos, leitos de UTI e vacina. Estamos tentando de todas as formas, aprovando legislação”.
Apesar do pedido de abertura da CPI ter sido entregue com todas as assinaturas necessárias, três a mais do mínimo necessário (27), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), eleito com o apoio de Jair Bolsonaro, continua protelando a instalação.
“A gente vê que o presidente Rodrigo Pacheco vem retardando a instalação da CPI com a esperança de que o governo foque na gestão, mas é uma esperança vazia. O presidente Pacheco vai ter que compreender que ao não cumprir essa obrigação que o cargo impõe a ele, acaba se colocando no limite da cumplicidade da má gestão do governo Bolsonaro”, observou.
“É compreensível que ele [Pacheco] neste início de gestão, no meio de uma pandemia e sem funcionamento presencial, tente retardar a CPI. Mas é fato que a gente não pode mais fechar os olhos e precisamos criar mecanismos de pressão, controle e fiscalização mais incisivos”.
“Governar não é uma escolha, não é com o umbigo do presidente que se faz as coisas. A Constituição traz parâmetros de eficiência, de racionalidade e de privilegiar o direito à vida das pessoas. E isso tudo foi descartado ao longo do tempo por más escolhas, por assessoramento equivocado, uma equipe trágica e que foi piorando ao longo do tempo”, completou.
Alessandro Vieira chegou a ser internado por conta da Covid-19, mas já se recuperou da doença. No mesmo período, seu colega Lasier Martins (Podemos-RS) também esteve internado.
Três senadores já faleceram por conta da doença. Os senadores José Maranhão (MDB-PB), Arolde Oliveira (PSD-RJ) e mais recente foi Major Olímpio (PSL-SP), que faleceu no dia 18.