
“Eles [bolsonaristas] defendem primeiro a bandeira americana”, diz deputado Lindbergh Farias (RJ)
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), pediu à Polícia Federal que bloqueie as contas e quebre o sigilo bancário de Jair Bolsonaro, além de impedir o envio de dinheiro para Eduardo Bolsonaro, que está nos Estados Unidos fazendo lobby por sanções contra o ministro Alexandre de Moraes.
Lindbergh argumentou no pedido que “a manutenção da possibilidade de transferência internacional de valores oriundos do Brasil para contas, cartões ou serviços de titularidade direta ou indireta de Eduardo Bolsonaro representa risco imediato à efetividade da jurisdição penal, além de reforçar a continuidade da ofensiva contra o Estado Democrático de Direito”.
Isso porque Eduardo, que se licenciou da Câmara dos Deputados, está morando nos Estados Unidos e atuando para que o governo de Donald Trump imponha sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, que é relator do processo de golpe de Estado, no qual Jair Bolsonaro é réu.
Há duas semanas, o ex-ministro de Bolsonaro, Gilson Machado, voltou a pedir doações diretamente para Jair Bolsonaro, que “agora está tendo [gastos com] o Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos, e que não é barato morar nos Estados Unidos”.
No documento enviado para a PF, Lindbergh Farias pediu o bloqueio das contas de Jair para que seja interrompido o envio de dinheiro para Eduardo Bolsonaro. O sigilo bancário do ex-presidente deve ser quebrado para que seja verificado o montante enviado para financiar a operação contra a Justiça brasileira.
“Não há na nossa história uma campanha sórdida como essa dos bolsonaristas para que uma potência estrangeira possa sancionar autoridades brasileiras, com objetivo de obstruir a Justiça”
O líder do PT também pede que o Controle de Atividades Financeiras (Coaf) seja utilizado para identificar se Jair e Eduardo Bolsonaro usaram intermediários para o envio de dinheiro.
Na segunda-feira (2), Lindbergh Farias prestou depoimento à Polícia Federal no inquérito que investiga a atuação ilegal de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. O parlamentar informou que entregou à investigação provas, como vídeos, fotos e textos de Eduardo, “que comprovam o golpe continuado no sentido de atacar, emparedar e intimidar o STF, para restringir e impedir o livre funcionamento de um Poder independente da República”.
Na avaliação de Lindbergh, o que Jair, Eduardo e seus aliados estão fazendo “é altíssima traição da Pátria”.
“Não há na nossa história uma campanha sórdida como essa dos bolsonaristas para que uma potência estrangeira possa sancionar autoridades brasileiras, com objetivo de obstruir a Justiça e o processo no STF contra Bolsonaro por tentativa de golpe”, publicou.
A argumentação utilizada pelos bolsonaristas é de que essa movimentação também foi feita pelos aliados de Lula quando de sua condenação e prisão. Lindbergh Farias explicou que “a diferença é total”.
“Eles têm o direito de viajar pelo mundo fazendo uma campanha de solidariedade, porque era isso que a gente fazia. Agora, a gente foi tratar com autoridade estrangeira para que houvesse retaliação contra ministro do Supremo ou contra o próprio Sergio Moro? Isso não existiu”.
“Na história brasileira, nunca houve uma organização política que vestisse a camisa de outro país, contra os interesses nacionais, como esse grupo bolsonarista. Nem o Plínio Salgado, integralista, em 1937. Eles flertavam com o fascismo, mas não faziam isso. Eles [bolsonaristas] defendem primeiro a bandeira americana”, declarou.