Na manhã da última segunda-feira (4), o cacique Merong Kamakã Mongoió, líder das retomadas de terra Kamakã Mongoió, comunidade que fica em Brumadinho (MG), foi encontrado morto.
De acordo com a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Merong liderava ações em defesa dos territórios de outras comunidades, como a Kaingáng, Xokleng e Guarani.
A retomada de terras do povo Kamakã começou há cerca de três anos, quando as famílias indígenas saíram das periferias de Belo Horizonte para ocupar uma área ambiental onde funcionava uma antiga fazenda. A comunidade é originária da Bahia e uma das seis etnias do povo Pataxó Hã Hã Hãe.
A princípio, a Polícia Militar informou trata-se de um caso de suicídio. No entanto, a Polícia Civil de Minas Gerais afirmou que está em diálogo com a Polícia Federal (PF) para apurar o caso.
GRANDE LÍDER
A Funai lamentou o falecimento do cacique e se solidarizou com familiares e amigos.
“O líder indígena nasceu em Contagem (MG) e, na infância, foi morar na Bahia. Para o cacique, a terra significava vida e espiritualidade, razão para defendê-la ao máximo e em qualquer circunstância”, disse a Fundação em nota.
O Conselho Indigenista Missionário, (Cimi), se solidarizou em nota com todos os familiares e amigos do Cacique Merong Kamakã.
“Desde cedo esteve envolvido na luta em defesa de seu povo. O Cimi Regional Leste acompanhou sua trajetória desde a adolescência, quando participava dos processos formativos com a sua inquietude constante, sempre tendo uma visão ampla de que não bastava lutar apenas na defesa de seu povo Kamakã-Mongoió. Nesse sentido, se envolveu e contribuiu com a luta dos Xokleng, Kaingang, Guarani, Xukuru-Kariri, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, entre outros. Construiu referência em várias regiões do Brasil na luta por garantia e defesa dos territórios indígenas”, disse.
A deputada federal Célia Xakriabá (PSOL) também lamentou a morte do cacique.
“Merong continuará vivo em nossos corações e na nossa luta, pois a luta é o que nós temos de herança. Me solidarizo com a família e me coloco à disposição para o que for preciso. Estamos juntos. Merong Kamakã presente!”, afirmou a parlamentar.
A deputada estadual Macaé Evaristo (PT-MG) também recebeu a notícia da morte com tristeza e reforçou que o caso precisa ser investigado.
“Sua mãe o encontrou desanimado e com sinais de enforcamento. É urgente uma investigação séria para apurar o caso”, sinalizou. “Minha solidariedade à família e aos amigos do Cacique Merong. Sua luta não será em vão”, completou.
Andreia de Jesus (PT-MG), deputada estadual, lamentou a morte e chamou atenção para a luta incansável do cacique pelos direitos dos povos indígenas.
“Sua liderança e coragem serão lembradas como um exemplo para todos nós.Nossos sentimentos aos familiares e à comunidade indígena. Descanse em paz, Cacique Merong”, declarou, em nota.
A Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares do Brasil (Conafer) se solidarizou com a família e reforçou a marcante trajetória que o cacique trilhou em vida.
No texto, a Conafer cita o trabalho de Merong no território Caramuru, no sul da Bahia, o apoio aos Xokleng, Guarani e Kaingang no sul do Brasil. E também a sua atuação como educador do Mais Educação Livre.
“Apesar de uma longa caminhada pelo país na resistência contra a violência em áreas indígenas, Merong faleceu muito jovem e cheio de sonhos”, narrou, em nota.
Veja as notas na íntegra: