Leia seguir mensagens de líderes políticos, culturais, pesquisadores e professores homenageando Sérgio Rubens, vice-presidente do PCdoB, falecido no domingo (5)
Marcelo Barbieri, assessor especial do prefeito de São Paulo, ex-deputado federal e ex-prefeito de Araraquara (SP)
“O Sérgio foi um mestre. Desde a juventude convivi com ele – na época do movimento estudantil, na década de 70 em função da UNE e depois ao longo da luta democrática do MDB, do governo do Lula, depois dos vários embates que tivemos ao longo de tantos anos. Sempre a palavra do Sérgio foi um guia para nós, sempre foi uma forte orientação de bom senso, de clareza e de profundidade.
Era uma pessoa profunda nas suas colocações, que analisava bem tudo aquilo que ele identificava no cenário e tinha uma sensibilidade humana impressionante. Por isso, também essa ligação com a cultura, com o cinema, com aquilo que se desenvolveu ao longo da cultura brasileira, desde a época do CPC da UNE, que ele participou.
E todo o seu legado ele conseguiu condensar no amor ao próximo, na forma como ele tratava as pessoas com carinho, com dedicação, com empenho e com cuidado, independentemente do assunto, se fosse político, cultural, econômico, mas quando se tratava também de um assunto pessoal, de dificuldade que cada um de nós enfrentava na vida, ele sempre tinha uma palavra, uma opinião, uma ideia que nos auxiliou. Foi um grande exemplo e deixa um grande legado para essa geração e as futuras que ainda vêm”.
Ildo Sauer, pesquisador do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP e ex-diretor da Petrobrás
“É uma grande perda para todos os amigos, para os brasileiros e para a humanidade. Sérgio foi uma figura que dedicou sua vida para transformar o país, sendo generoso, compreensivo, conciliador e firme. Figura extraordinariamente rara de se encontrar. Portanto, a perda do Sérgio representa um duro golpe para todos aqueles que com eles sonharam e ainda sonham.
Certamente os sonhos deles nos empenharemos para que se realizem: que este país seja transformado numa sociedade justa, solidária e igualitária. Um exemplo de coragem, de firmeza e de luta, a perda extraordinária”.
Fábio Tokarski, secretário de Organização do PCdoB
“ O pensamento largo, a capacidade de tratar de conflitos, de tensões com equilíbrio; o Sérgio tinha esse traço da serenidade e de prospectar, de ter uma visão de totalidade no processo. Ele engrandeceu muito a nossa luta.
Nós nos conhecemos há cerca de três anos e criamos uma relação de confiança, exatamente por essa visão sempre serena, uma visão sólida de processo e isso nos ajuda a sair dessa situação grave que o país está.
O Brasil vive imensas crises e nós precisamos exatamente dessa capacidade de robustez de pensamento, e o Sérgio sempre traduziu isso pra nós, olhando sempre pro estratégico e tendo uma visão tática com muita flexibilidade. Eu integrei junto com o Sérgio, Luciana [Santos, presidente do PCdoB] e outros camaradas a Comissão de Enlace, que foram as primeiras reuniões que fizemos antes da tomada de decisão pelos partidos [PPL e PCdoB].
Sérgio Rubens tinha não só uma percepção dedicada, mas uma percepção de ver formas de superar os entraves que por ventura iam surgindo. Ele sempre olhava por cima, tendo essa visão de totalidade. Nesse processo de aproximação de junção dos dois partidos, o Sérgio teve essa capacidade presente nesse período todo.
Partilhei com ele vários diálogos, não só sobre a unificação do partido como instituições, mas no processo mesmo de ver a aproximação do movimento sindical, de juventude, de mulheres. Ele tinha conhecimento de cada uma dessas áreas”.
Maestro Marcus Vinicius, presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR-SOMBRÁS)
“De todos os dirigentes políticos que conheci, o Sérgio foi aquele que mostrou a noção mais ampla da questão cultural e da inserção da questão cultural no desafio de nossa época, que é o projeto cultural nacional, o projeto de construção de algo que vai se refletir no futuro do país. Sérgio tinha essa noção de uma forma muito exata. Além do mais, era um homem culto e preparado.
Nós, que convivemos com o Sérgio, convivemos com o que havia de melhor em termos de alguém que, sendo da área política, consegue se relacionar de forma profunda com a área cultural. O país perde muito com sua partida”.
Jorge Venâncio, membro do Comitê Central do PCdoB e coordenador da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (Conep)
“Uma das lições mais importantes que o Sérgio deixou foi a da necessidade de compreender bem a importância da verdade. Trabalhar com ela na hora precisa fez disso um instrumento fundamental para ganhar o respeito dos demais. Ganhar o respeito, mesmo daqueles que não concordam com o que está sendo dito. Aquele que fala a verdade é respeitado. Quando se tenta ir de um jeito a enrolar, em vez de se pautar pela verdade, o que se ganha é a repulsa das pessoas porque, no fundamental, quem não fala a verdade, não respeita os outros. Acredito que essa questão o Sérgio compreendeu com profundidade e talvez seja o aspecto mais importante de tudo que ele deixou para todos nós”.
Jamil Murad (PCdoB), ex-deputado federal e ex-vereador de São Paulo
“Perdemos um grande comandante da revolução brasileira. O companheiro Sérgio sempre foi um expoente da luta transformadora e patriota. Tinha um pensamento avançado e inteiramente ligado à causa do Brasil e à causa do povo. Sempre trabalhando, formou um partido grande e sólido, junto de Cláudio Campos, para se dedicar a essa causa: a transformação do Brasil para atender as necessidades do nosso povo. Um país soberano, com democracia.
Perder o Sérgio em um momento tão complexo no Brasil, em que o povo brasileiro precisa tanto de líderes lúcidos, é uma fatalidade que dói muito”.
Nivaldo Santana, secretário nacional sindical do PCdoB
“Com profunda dor nós ficamos sabendo do súbito desaparecimento do nosso grande camarada Sérgio Rubens, um dirigente político histórico. Foi do MR8, foi do PPL e hoje era vice-presidente nacional do PCdoB.
Tivemos uma convivência profícua e, no pouco tempo em que tive a oportunidade honrosa de compartilhar momentos com ele, pude ter a convicção de suas características revolucionárias, patrióticas. Um homem culto e, acima de tudo, com humor fino e sempre alegre, sempre atencioso.
Sérgio Rubens é uma perda inestimável, não só para seus camaradas de luta, mas para o povo brasileiro e para quem luta por um Brasil livre, independente e soberano. Sérgio Rubens sempre presente!”
Nádia Campeão, ex-vice-prefeita e ex-secretária de Educação de São Paulo
“Para nós, que militamos a vida toda no PCdoB, mas acompanhamos a trajetória tão bonita do MR8 e do PPL, foi um privilégio ter conhecido o Sérgio melhor nesses últimos anos em que estivemos sob a mesma legenda.
Ele se revelou um homem sábio, paciente, extremamente culto e só nos deu luz, orientações, amizade e generosidade. Sérgio Rubens passa a ser um desses inesquecíveis. O Brasil perde um grande lutador”.
Irapuan Santos, vice-presidente nacional do CNAB (Congresso Nacional Afro-Brasileiro)
“O Brasil perde um de seus filhos fundamentais, o povo brasileiro perde um grande líder. A única coisa que nos dá força, neste momento, é que tudo que ele construiu vai continuar. Nós, seus companheiros de luta, vamos levar a luta para frente. Viva Sérgio Rubens!”
Carina Vitral, ex-presidenta da UNE e da UJS
“O Sérgio Rubens era uma pessoa muito atenta e muito antenada com os desafios da juventude. Não é à toa que antes, no PPL, ele já tinha uma atuação forte na juventude e, com essa unificação entre o PPL e o PCdoB, essa unidade transformou o nosso partido em um partido absolutamente enraizado no seio da juventude.
Ele sempre foi uma pessoa muito atenta à formação dos jovens comunistas, sempre foi muito atento a essa questão das artes e como isso pode ajudar na formação de jovens revolucionários. É uma perda muito grande para a luta revolucionária, para a luta da juventude”.
Guilherme Bianco (PCdoB), vereador de Araraquara
“O Sérgio foi um dos mais geniais filhos da nossa pátria e a perda dele é uma perda incalculável para o Brasil, para humanidade, para aqueles que querem construir um mundo mais justo.
Ele se importava com cada detalhe, com a verdade, com o bem do próximo, sempre muito discreto, mas com a capacidade tremenda de passar uma energia muito diferente, um espírito muito feliz, muito bonito e principalmente muito comprometido. Dedicou integralmente a sua vida, inclusive arriscando ela fisicamente, para mudar o Brasil, porque ele tinha certeza de que o nosso destino é muito maior do que o que temos hoje. Seguiremos seu legado”.
Franklin Martins, jornalista, ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do governo Lula e ex-dirigente do MR8
“Sérgio Rubens foi um grande lutador pela democracia, pelo socialismo e pela inclusão social. Começou a lutar muito cedo. Éramos universitários, ele na Faculdade de Filosofia, eu na de Economia, estávamos ali, no Campus da Urca [UFRJ]. Militamos na mesma organização, a Dissidência, depois o MR8, fomos para a luta armada. Participamos de ações armadas juntos, contra a ditadura, e depois participamos da visão crítica da luta armada e da reorganização da esquerda no movimento dos trabalhadores, do movimento estudantil, democrático.
O Sérgio teve um papel extraordinário nessa reorganização. Ficamos juntos na clandestinidade no Brasil durante vários anos… Acredito que o Sérgio foi um campeão de clandestinidade. Porque ele viveu na clandestinidade de 1969 a 1979. Ficou o tempo todo aqui no Brasil. A primeira mulher dele foi presa, torturada, e ele continuou. O Sérgio era uma pessoa de uma firmeza, de uma franqueza e de uma serenidade muito grande. É uma perda muito grande. Ele é um exemplo a ser seguido”.
Vitória Cabrera (PCdoB), ex-vereadora de Porto Alegre e ex-presidente da UMESPA
“O Sérgio era uma pessoa imprescindível para a juventude. Ele sempre teve um papel fundamental de formação e sempre teve uma preocupação com a juventude, que a gente nunca viu nenhuma outra pessoa ter. Era uma pessoa que fazia curso para que a gente pudesse entrar na universidade e que nos formava politicamente, que se preocupava conosco e que, além do lado político, tinha o lado humano assim de estar preocupado com as pessoas.
Se não fosse ele, a Juventude Pátria Livre não seria um terço do que é hoje. Ele fez tudo o que podia pela Juventude. Foi o homem mais inteligente que a gente conheceu”.
Keila Pereira, produtora cultural, ex-diretora de Cultura da UMES e dirigente nacional da JPL
“Num momento de dificuldades, me aconselharam pedir uma conversa com o Sérgio Rubens, disseram que ele seria a melhor pessoa a me compreender e orientar. Eu era Diretora de Cultura da UMES de São Paulo, no início da minha militância, e não só conversamos como também passei a ser dirigida por ele diretamente.
O Sérgio tinha um interesse muito grande na arte-cultura, especialmente no cinema, e sei que viu em mim alguém com interesse comum que ele pudesse ensinar. Tive para mim o melhor dirigente que qualquer militante poderia ter, compreensivo, verdadeiro, justo, inteligentíssimo, centrado e tremendamente comprometido com a construção da pátria livre e soberana, e sabia bem que para isso o acesso à cultura deveria ser elevado à máxima potência.
É difícil demais resumir o legado de Sérgio Rubens, parece que as palavras sempre serão insuficientes, mas certamente ele foi dono de uma disposição inabalável, do mais genuíno compromisso com a verdade e de um espírito eternamente jovem e revolucionário. Foi sob essas qualidades que o caminho da JPL foi sedimentado e assim seguiremos seu exemplo”.
Lucas Chen, ex-presidente da UMES e dirigente nacional da JPL
“Existem muitas marcas deixadas pelo Sérgio em vida, uma das mais fortes sem dúvida foi o ânimo revolucionário, que contagiava onde estivesse e com quem estivesse conversando; não me recordo apenas uma única vez que o vi desanimado”.
Ao seu lado não havia conversa superficial e qualquer problema fora por ele investigado a fundo. Seu profundo conhecimento da luta de todos os povos e com vasta compreensão da história brasileira ensinaram à juventude os caminhos passados e em todas essas lições sempre sobrou espaço para um plano, uma ação, algo por fazer.
Se desde jovem lutava por um mundo livre de injustiças, antes ainda seu amor pela boa cultura já havia aflorado. Através do cinema ensinou as mais belas lições, da música, o sentimento de camaradagem, da literatura as histórias dos heróis reais e inventados em que se inspirava e passou a nos inspirar.
Hoje, este comunista se torna um destes heróis que a história não apagará e cuja memória e lições serão o nosso guia de luta”.