A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), no evento, falou que o “Evangelho da Cruz, que nós pregamos, não é de ódio, ele é de paz. Não é um evangelho da intolerância, ele é da tolerância. Não é o evangelho que divide a sociedade brasileira, que defende a tortura”
O ex-presidente Lula se reuniu com lideranças evangélicas, nesta quarta-feira (19), e lançou uma carta reforçando seu compromisso com a liberdade religiosa, rechaçando as mentiras bolsonaristas de que iria fechar as igrejas.
“Todos sabem que nunca houve qualquer risco ao funcionamento das Igrejas enquanto fui presidente. Pelo contrário! Com a prosperidade que ajudamos a construir, foi no nosso governo que as igrejas mais cresceram, principalmente as evangélicas, sem qualquer impedimento e até tiveram condições de enviar missionários para outros países”, diz Lula na carta.
“Não há por que acreditar que agora seria diferente. Posso lhes assegurar, portanto, que meu governo não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de culto e de pregação ou criem obstáculos ao livre funcionamento dos templos”, continuou.
A mentira de que Lula fechará igrejas quando eleito tem circulado entre os evangélicos, mas foi plantada pela campanha de Jair Bolsonaro.
O bolsonarista Marco Feliciano admitiu que tem falado para seus seguidores que Lula é contra as igrejas. Uma mentira consciente do deputado-pastor.
O ex-presidente lembrou que nos oito anos em que foi presidente sempre manteve “o mais absoluto respeito pelas liberdades coletivas e individuais, particularmente pela liberdade religiosa”.
“Meu governo contribuiu para melhorar a vida de milhões de famílias brasileiras. Sempre penso, neste sentido, no trecho bíblico que diz: ‘a verdadeira religião é cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades…’ (Tiago, 1,27)”.
ENCONTRO COM EVANGÉLICOS
Na manhã desta quarta-feira, Lula se reuniu com lideranças evangélicas e políticas para conversar sobre a liberdade religiosa e o combate à fome.
O pastor Ariovaldo Ramos, ex-presidente da Associação Evangélica Brasileira, enfatizou que o ex-presidente “nunca fechou igreja, nunca tirou liberdade da gente, sempre nos tratou com deferência e honra, teve uma relação republicana com todas as religiões. Lula atendeu ao anseio de todos nós quando promulgou a Lei de liberdade religiosa no Brasil”.
A ex-ministra do Meio Ambiente e deputada federal eleita, Marina Silva (Rede-AP), que é evangélica, falou que Lula sempre teve “compromisso com os mais vulneráveis”.
“Lula nunca fechou igreja, nunca tirou liberdade da gente, sempre nos tratou com deferência e honra, teve uma relação republicana com todas as religiões. Lula atendeu ao anseio de todos nós quando promulgou a Lei de liberdade religiosa no Brasil”.
Pastor Ariovaldo Ramos
“As pessoas que acusam Lula dessa inverdade são pessoas que, muitas vezes, foram no Palácio, sentaram com ele, oraram com ele, viram leis que foram sancionadas por ele”, continuou, denunciando a hipocrisia dos bolsonaristas.
A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) falou que o “Evangelho da Cruz, que nós pregamos, não é de ódio, ele é de paz. Não é um evangelho da intolerância, ele é da tolerância. Não é o evangelho que divide a sociedade brasileira, que defende a tortura”.
“Nosso Brasil é um Brasil de vida, e não tortura, de morte. O nosso Brasil é de prosperidade”.
Para ela, a “instrumentalização da fé” que Jair Bolsonaro e seus aliados têm realizado “é pecado” e gera a divisão da igreja, pois constrange fiéis e os impedem de ir aos templos caso não queiram votar em Bolsonaro. “Não vai prosperar a divisão da Igreja do Senhor. A Igreja é propriedade exclusiva de Deus”.
A presidente do PSDB de Goiânia, vereadora, socióloga e pastora evangélica, Aava Santiago, disse que “uma igreja que depende do Estado para defender seus valores é uma igreja fraca”. “Quem defende seus valores é a mentalidade de Cristo renovada pelo conhecimento da verdade”, continuou, muito aplaudida pelos presentes.
“Faço um apelo às minhas irmãs e aos meus irmãos: não permitam o seqüestro da nossa fé. Nós já nos convertemos em Jesus, nós não temos que nos converter ao Bolsonaro”. “O evangelho de Cristo nos faz permanentemente contra a injustiça”, arrematou, condenando os ataques e mentiras contra Lula.
A ex-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, denunciou que “membros [das igrejas evangélicas] estão sendo expulsos das igrejas e perdendo o trabalho porque professam que vão votar no 13”.
O ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), candidato a vice-presidente, afirmou que não tem “dúvida de que o presidente Lula representa as virtudes do cristianismo, que é o amor ao próximo”. “Não é com mentira e com ódio, mas com verdade e amor. Vamos juntos”, completou.
Leia a carta de Lula para os evangélicos na íntegra:
Carta compromisso de Lula com os evangélicos
Meus Amigos e Minhas Amigas, nesta reta final do segundo turno, decidi escrever esta Carta Pública ao Povo Evangélico.
A grande maioria dos brasileiros e brasileiras que viveram os oito anos em que fui Presidente da República, sabe que mantive o mais absoluto respeito pelas liberdades coletivas e individuais, particularmente pela Liberdade Religiosa.
Como todos devem se lembrar, no período de meu governo, tivemos a honra de assinar leis e decretos que reforçaram a plena liberdade religiosa. Destaco a Reforma do Código Civil assegurando a Liberdade Religiosa no Brasil, o Decreto que criou o dia dedicado à Marcha para Jesus e ainda o Dia Nacional dos Evangélicos.
Mantenho o mesmo respeito e o mesmo compromisso que me motivou a apoiar essas conquistas do povo evangélico.
E o nosso Povo sabe também que cuidei, com especial carinho, dos mais pobres e injustiçados e assim, sob as Bênçãos de Deus, meu governo contribuiu para melhorar a vida de milhões de famílias brasileiras. Sempre penso, neste sentido, no trecho bíblico que diz: “a verdadeira religião é cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades…” (Tiago, 1,27)
Vivemos, entretanto, um período em que mentiras passaram a ser usadas intensamente com o objetivo de provocar medo nas pessoas de boa fé, e afastá-las do apoio a uma Candidatura que justamente mais as defende. Por isso senti a necessidade de reafirmar meu compromisso com a liberdade de culto e de religião em nosso País.
Todos sabem que nunca houve qualquer risco ao funcionamento das Igrejas enquanto fui Presidente. Pelo contrário! Com a prosperidade que ajudamos a construir, foi no nosso Governo que as Igrejas mais cresceram, principalmente as Evangélicas, sem qualquer impedimento e até tiveram condições de enviar missionários para outros países.
Não há por que acreditar que agora seria diferente. Posso lhes assegurar, portanto, que meu Governo não adotará quaisquer atitudes que firam a liberdade de Culto e de Pregação ou criem obstáculos ao livre funcionamento dos Templos.
Envio-lhes esta mensagem, portanto, em respeito à Verdade e ao apreço que tenho a esse Povo crente no Verdadeiro Deus da Misericórdia e a seus dedicados pastores e pastoras.
Se Deus e o povo brasileiro permitirem que eu seja eleito, além de manter esses direitos, vou estimular sempre mais a parceria com as Igrejas no cuidado com a vida das pessoas e das famílias brasileiras.
Sei muito bem que em todas as regiões do Brasil há Igrejas com Irmãos e Irmãs que trabalham ativamente nas suas comunidades com a propagação do Evangelho e com o cuidado do povo, dedicando-se a tornar mais leve os fardos espiritual e social de milhões de pessoas.
Declaro meu respeito e minha admiração pela fé, dedicação e amor com que os evangélicos realizam sua missão, seja na área da difusão do evangelho, seja na área da assistência social, proteção da infância, da juventude, das mulheres, dos idosos e das pessoas com deficiência. Da mesma forma é bem-vinda a participação de Evangélicos nas diversas formas de participação social no Governo, como Conselhos Setoriais e Conferências Públicas.
Em meio a este triste escândalo do uso da Fé para fins eleitorais, assumo com vocês este compromisso: meu Governo jamais vai usar símbolos de sua Fé para fins político-partidários, respeitando as leis e as tradições que separam o Estado da Igreja, para que não haja interferência política na prática da Fé.
Esse é um ensinamento que a própria Bíblia nos dá: andar pelo caminho da Paz com todos. Jesus nos mostra que a casa dividida não prospera. A religião é para ser respeitada e vivida de acordo com a livre escolha de cada pessoa.
Portanto, a tentativa de uso político da fé para dividir os brasileiros não ajuda ninguém, nem ao Estado, nem às igrejas, porque afasta as Pessoas da mensagem do Evangelho. Jesus Cristo nos ensinou Liberdade e paz, respeito e união, disso precisamos. E os cristãos evangélicos têm dado mostras, ao longo da História, de seu compromisso com a paz, seguindo o que Jesus ensinou: “Dai a César o que é de César, dai a Deus o que é de Deus” (Mateus, 22,21).
Outro compromisso que assumo: fortalecer as famílias para que os nossos jovens sejam mantidos longe das drogas. Nós queremos nossa Juventude na escola, na iniciação profissional, realizando atividades esportivas e culturais para que tenham mais oportunidades e exerçam cidadania de forma produtiva, saudável e plena.
O respeito à família sempre foi um valor central na minha vida, que se reflete no profundo amor que dedico à minha esposa, aos meus filhos e netos. Por isso compreendo o lugar central que a família ocupa na fé cristã.
Também entendo que o lar e a orientação dos pais são fundamentais na educação de seus filhos, cabendo à escola apoiá-los dialogando e respeitando os valores das famílias, em a interferência do Estado.
A preocupação com as Famílias Brasileiras deve ser integral. O povo brasileiro está numa condição de desespero, e precisaremos muito da ajuda das Igrejas para, o quanto antes, reverter esta situação. De nada adianta se dizer defensor da Família e ao mesmo tempo destruí-las pela miséria, pelo desemprego, pelo corte das políticas sociais e de moradia popular.
Queremos dar às famílias, prosperidade e segurança. O Lar é a garantia de proteção. É inaceitável que milhões de brasileiros e brasileiras não tenham um teto. Por isso, vamos retomar o vitorioso programa Minha Casa Minha Vida, com toda intensidade, para que todas as Famílias brasileiras tenham uma casa onde possam viver com segurança e dignidade.
Nosso governo implementará políticas públicas consistentes para que nenhuma família brasileira enfrente o flagelo da fome. Sobretudo, não pouparei esforços para que possam adquirir os necessários e suficientes meios, para viver dignamente por seu trabalho, sem ter que depender da ajuda do Estado.
Nosso Projeto de Governo tem compromisso com a Vida plena em todas as suas fases. Para mim a vida é sagrada, obra das mãos do Criador e meu compromisso sempre foi e será com sua proteção. Sou pessoalmente contra o aborto e lembro a todos e todas que este não é um tema a ser decidido pelo Presidente da República e sim pelo Congresso Nacional.
Meus Queridos e Minhas Queridas, peço que recebam essas palavras como uma demonstração de meu desejo sincero de servir, de ajudar e trabalhar pelo bem de nosso país. E estejam certos de minha estima e meu compromisso com todo o povo cristão de nosso país. Reitero meu compromisso, que é o mesmo de vocês: paz, união e fraternidade entre todos os brasileiros e brasileiras.
Com as bênçãos de Deus, haveremos de honrar nossa dupla condição, de cidadãos e cristãos, pois não há contradição entre elas quando o propósito é servir, buscando a paz e o entendimento. E digo tudo isso com muito amor pelo nosso querido Brasil e pelo Povo Brasileiro: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes Amor uns pelos outros!” (João,13,35).
JUNTOS PELO BRASIL!
Luiz Inácio Lula da Silva
São Paulo, 19 de outubro de 2022.