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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, em um café da manhã na Cidade do México na quarta-feira (2).
Lula, pelas redes sociais, classificou a reunião como um “grande encontro” com Obrador. Ele informou que debateu com o presidente do México pautas como “justiça social, combate à fome, irmandade da América Latina e a necessidade de paz no nosso mundo.
Os dois estiveram reunidos por quase quatro horas no Palácio Nacional, sede do governo mexicano.
Também pelas redes sociais, Obrador celebrou o encontro como “fraterno”. “Estamos unidos pela irmandade dos nossos povos e pela luta pela igualdade e pela justiça”, acrescentou.
Antes do encontro, López Obrador chamou o ex-presidente Lula de “meu amigo”. Na véspera, o presidente mexicano já tinha se referido ao encontro agendado como uma “reunião de amigos”.
“Estou indo agora porque meu amigo Lula está esperando, vamos tomar café da manhã”, disse, encerrando uma tradicional fala com jornalistas no início do expediente.
Obrador disse que não haveria “agenda formal” porque Lula não é um representante oficial do governo brasileiro. “[É uma reunião] de quem está buscando que as coisas mudem na América Latina, em toda a nossa América e no mundo”, disse.
“Nós temos simpatia com Lula e sobretudo pelo que representa, e que não se persiga a dirigentes sociais, dirigentes políticos que lutam em favor do povo e que tem que enfrentar a esses grupos conservadores e oligarquias”, afirmou Obrador.
Lula chegou ao México na última segunda (28) acompanhado dos ex-ministros Celso Amorim e Aloizio Mercandante, da presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), e do senador Humberto Costa (PE).
Gleisi Hoffmann relatou que o encontro finalizou com o compromisso entre Lula e López Obrador de que, governando juntos, estarão “lado a lado para enfrentar o neoliberalismo, colocar os pobres e trabalhadores na centralidade das políticas públicas, defender a soberania e a integração da região”.
Segundo a dirigente do PT, Lula e López Obrador conversaram sobre a situação mundial, incluindo o conflito na Europa, ressaltaram a importância de um diálogo para a paz e destacaram a participação da América Latina na construção da paz e de um mundo multipolar e equilibrado.
Eles falaram também sobre o potencial de ampliação e aprofundamento das relações entre Brasil e México, além de trocarem impressões sobre programas sociais de combate à pobreza nos dois países e seus impactos positivos na economia.
“Presenciamos um encontro histórico de dois líderes muito alinhados sobre prioridades e integração da América Latina”, disse Gleisi.
Em entrevista ao jornal ‘La Jornada’ no desembarque no México, Lula disse que ainda avalia a disputa ao Palácio do Planalto.
“Eu nunca me veria como presidente antes das eleições, isso seria um grande erro. Sou um ex-presidente que está avaliando, conversando com muitas pessoas [para decidir] se serei candidato novamente, uma decisão que devo tomar quando voltar do México”, afirmou.
No final do encontro, o presidente López Obrador levou Lula, sua noiva Janja e sua comitiva para conhecerem os murais do Palácio Presidencial do México, pintados pelo célebre muralista mexicano Diego Rivera (1886-1957).
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PATRIMÔNIO PÚBLICO
O ex-presidente Lula afirmou que não vai “abdicar do patrimônio público” e desaconselhou a compra de estatais porque, se eleito, vai querer “rediscutir” o assunto.
“Eu tenho avisado às empresas nas entrevistas: ‘não comprem as empresas públicas brasileiras, porque, se nós vencermos as eleições, nós vamos querer rediscutir. Porque nós não vamos abdicar do patrimônio que foi construído pelo povo brasileiro'”, disse Lula na quarta-feira (2).
A declaração ocorreu durante pronunciamento em um evento no México, organizado pelo partido Movimiento Regeneración Nacional (Morena) – legenda em que o presidente mexicano López Obrador é filiado.
Lula fez a afirmação quando falava da exploração de petróleo no Brasil. A declaração ocorre em meio à disparada no preço dos combustíveis, devido ao aumento do valor do petróleo no mercado internacional e à valorização do dólar.
É o resultado da política desenvolvida pela Petrobrás, que internacionaliza o preço dos derivados para atender interesses dos acionistas minoritários, sobretudo os que atuam na bolsa de valores de Nova Iorque.
Mais recentemente, o conflito no Leste Europeu também vem pressionando o preço para cima, fazendo o barril de petróleo passar dos R$ 100.
O recado do ex-presidente ocorreu ainda depois de Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes (Economia) terem falado em privatização da estatal. Além disso, o atual governo tenta levar a cabo o processo de venda da Eletrobrás, estatal do setor elétrico.
Lula afirmou que, se eleito este ano, vai “consolidar” as relações bilaterais entre Brasil e México. No discurso, ele também falou sobre a guerra no Leste Europeu e defendeu uma negociação que resulte na paz.
“O mundo precisa de comida, emprego, educação, com que as pessoas sejam tratadas com respeito, que 900 milhões de seres humanos que passam fome possam comer, e não precisa de guerra. (…) Basta de guerra, queremos paz, trabalho, liberdade e respeito, e quem sabe a gente possa construir um mundo melhor”, disse.
O ex-presidente também defendeu mudanças no Conselho de Segurança das Nações Unidas, com assentos permanentes para países em desenvolvimento, como Brasil e México.