“Ele acha que o povo não pensa, que o povo vai acreditar em mentira e não vai”, afirmou. “Povo tem que pegar o dinheiro, mas não é isso que resolve o problema”, disse o pré-candidato da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV)
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o governo de Jair Bolsonaro (PL), nesta sexta-feira (1º), por causa da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que busca instituir o estado de emergência no país até o fim do ano, após as eleições, para aumentar os gastos com benefícios sociais, como o Auxílio Brasil e o vale-gás.
Lula não criticou diretamente os benefícios previstos na PEC, mas afirmou que, pela proposta, o governo tenta “comprar o povo”. Segundo o pré-candidato, Bolsonaro sabe que o problema dele não é com a urna eletrônica, mas com o povo brasileiro.
“É por isso que, ontem [quinta-feira (30)], ele mandou várias medidas para dar dinheiro, para aumentar o auxílio emergencial, que era uma reivindicação da oposição, de R$ 600, aumentar o vale-gás, que foi uma coisa do deputado federal do PT, o [Carlos] Zarattini, dar um auxílio para motoristas autônomos”, disse Lula durante entrevista à rádio Metrópole, de Salvador.
“Tudo isso [benefícios], eu acho que tudo bem. O povo tem que pegar o dinheiro, mas não é isso que resolve o problema, porque tudo isso vai acabar em dezembro. Ele [Bolsonaro] acha que pode comprar o povo. Ele acha que o povo é rebanho. Ele acha que o povo não pensa, que o povo vai acreditar em mentira e não vai”, afirmou.
TEXTO VAI À DISCUSSÃO NA CÂMARA
O texto, que ainda tramita no Congresso, foi aprovado em dois turnos no Senado na quinta-feira (30), inclusive com votos dos parlamentares petistas. Agora, a proposta segue para a Câmara dos Deputados, que precisa aprová-la em dois turnos também.
Lula também voltou a criticar Bolsonaro pelo descrédito em relação às urnas eletrônicas e lembrou que o atual presidente da República foi eleito diversas vezes com esse sistema.
“O que ele quer? Quer criar confusão, a mesma coisa que o Trump fez nos Estados Unidos. Ou seja: uma mentira contada mil vezes pode ganhar cara de verdade. Ele quer levantar a suspeita de que vai ser roubado. Ora, roubado ele roubou em 2018, com as [chamadas] fake news, roubado ele roubou sendo eleito contando mentiras”, criticou Lula.
CONTEÚDO DA PEC ELEITOREIRA
A proposta foi aprovada, na quinta-feira (30), e institui estado de emergência até o final do ano para ampliar o pagamento de benefícios sociais (PEC 1/22).
A PEC prevê R$ 41,25 bilhões até o fim do ano para a expansão do Auxílio Brasil e do vale-gás de cozinha; para a criação de auxílios aos caminhoneiros e taxistas; para financiar a gratuidade de transporte coletivo para idosos; para compensar os Estados que concederem créditos tributários para o etanol; e para reforçar o programa Alimenta Brasil.
Esse valor não precisará observar o teto de gastos, a regra de ouro ou os dispositivos da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), que exigem compensação por aumento de despesa e renúncia de receita.
O reconhecimento de estado de emergência, por meio de alteração na Constituição, serve para que os pagamentos não violem a legislação eleitoral. A criação de benefícios destinados às pessoas físicas é proibida em ano de eleições. A única exceção é a vigência de estado de emergência (Lei 9.504, de 1997).
Todas as medidas têm duração prevista até o final do ano de 2022.
M. V.