“Acorda, presidente Bolsonaro! Acorda para o que está acontecendo no nosso País”, discursou Macris da tribuna da Câmara. “Tem uma pessoa que parece estar na contramão (do combate à pandemia), Jair Messias Bolsonaro”, acrescentou. “O Brasil não vai mais conseguir comer, porque tudo triplicou de preço”, criticou Pinato
Os deputados Vanderlei Macris (PSDB-SP) e Fausto Pinato (PP-SP) subiram à tribuna da Câmara dos Deputados, na tarde/noite da quarta-feira (7), e ambos fizeram discursos duros contra a péssima gestão do presidente Jair Bolsonaro e de seu governo no combate à pandemia do coronavírus.
O PSDB é independente em relação ao Planalto e Pinato é do chamado “Centrão”, portanto, é da base do governo.
Macris criticou a inércia de Bolsonaro e do governo no combate à pandemia, cobrou-lhe “consciência de que, em 24 horas, perdemos 4.211 vidas em nosso País” para a Covid-19.
O tucano não poupou críticas ao presidente. “Quase todo mundo está abismado com esses números de mortes, quero dizer que tem uma pessoa que parece estar na contramão deste processo, Jair Messias Bolsonaro. Acorda, presidente Bolsonaro! Acorda para o que está acontecendo no nosso País”, bradou Macris.
ABRIL VAI SER PIOR QUE MARÇO
“Precisamos ter consciência de que esses números vão continuar crescendo neste mês de abril, conforme dizem os especialistas”, continuou.
“Acorda, presidente Jair Messias Bolsonaro! É a sua responsabilidade, com 57 milhões de votos que teve. É preciso um basta, e este basta está sob sua responsabilidade, de coordenar uma ação conjunta de todos os brasileiros.”
“E esta ação conjunta se faz necessária — nós tivemos 4.211 mortes nas últimas 24 horas, número de pessoas maior do que o de muitas cidades brasileiras, centenas de cidades brasileiras. É como se nós tivéssemos dizimado uma cidade em apenas 24 horas”, enfatizou o tucano.
ENFRENTAR OS IMPACTOS DA PANDEMIA
Pinato botou o “dedo na ferida”. “Não adianta vir com essa conversa de que em seis meses a economia vai reaquecer, porque não vai. Nós sabemos que não vai. Não sou pessimista, sou realista. Enquanto não tivermos 70% da população economicamente ativa imunizada, com a vacina no braço, seja ela de onde for, a economia não vai decolar”, enfatizou.
“Enquanto isso precisaremos de ações efetivas de combate à fome, à miséria e ao desemprego. Desde o começo da pandemia eu venho alertando que isso não é uma prova de 100 metros livres, mas uma maratona a ser percorrida por todos nós”, lembrou.
A PANDEMIA É A CAUSA DA CRISE
Ao criticar a gestão da crise, Pinato o fez mirando no enfrentamento das consequências da economia, cujas “perspectivas de crise econômica, social e política, que têm como fundamentos os impactos da pandemia, devem ser enfrentadas com forte capacidade econômica do Estado.”
“Mas, infelizmente, não é isso o que estamos vendo. O nosso País está precisando de uma estratégia consistente e consciente para enfrentar a crise econômica gerada pela pandemia”, asseverou.
“O crescimento da pandemia da Covid-19 impôs à população mundial, por meio de suas lideranças governamentais, o isolamento social como estratégia de contenção do avanço da doença, não obstante seja o mecanismo possível da atual conjuntura”, lembrou o deputado do PP.
“Fato é que a desativação de boa parte da economia mundial desafia enormemente as nações a encontrarem soluções econômicas e sociais para resguardar a vida e a ordem, a ordem social”, destacou.
SEM DEMAGOGIA
“Vamos parar de demagogia, de ideologia, seja ela [essa] de esquerda, de centro ou de direita, e de conversa fiada. Vamos agir já e agora”, chamou à responsabilidade. “Eu estou pedindo um plano de estratégia, pois fui um dos que mais cobrou a questão do governo.”
O governa precisa viabilizar as condições para “enfrentar o vírus, é necessário deixar as pessoas em casa. Uma estratégia para evitar a contaminação é que as pessoas fiquem em casa, mas elas precisam de comida e, para comprar comida, precisam de dinheiro.”
DIREÇÃO CONTRÁRIA
O Brasil, sob Bolsonaro, negacionista, segue na direção contrária das melhores práticas. “Todos os países estão fazendo isso, tirando de onde não tem para que as pessoas não morram de fome e as economias não faleçam. Esse é o papel do Estado.”
“O que a França, os Estados Unidos, a Alemanha e a Itália fizeram? Emitiram títulos públicos e imprimiram dinheiro. Precisamos de coragem para enfrentar o problema, pois o País é grande e tem condições de enfrentar a crise da fome e da miséria, de cabeça erguida, e salvar o maior número possível de pessoas, de brasileiros, visando o interesse interno do nosso País. Para isso, é preciso capacidade, presidente, vontade e coragem”, disparou Pinato.
M. V.