A mãe do fundador do WikiLeaks, Christine Assange, denunciou que seu filho, preso há duas semanas em uma penitenciária de segurança máxima na Inglaterra, está sendo submetido a regime de solitária e sequer pôde contatar seus advogados.
“Duas semanas desde a prisão/detenção de Julian na prisão de Belmarsh. Ainda não permitiram visitas, incluindo seus advogados! Isso equivale a confinamento em solitária & estresse! Os médicos que o examinaram já declararam que ele precisa de tratamento hospitalar imediato! Conserte isso @ Theresa_May!”, postou Christine no Twitter.
Christine também acusou as autoridades equatorianas de se recusarem a entregar a ela os pertences de Assange.
“Por que se recusam a entregar os pertences de Assange? Já se passaram duas semanas desde que você [Moreno] o vendeu para seus perseguidores americanos por um empréstimo de quatro bilhões de dólares do FMI, depois de torturá-lo por um ano. Sua submissão e crueldade não têm fim?”, escreveu Christine na rede social.
Assange foi arrancado da embaixada do Equador em Londres no dia 11, após o governo Moreno cancelar – ilegal e inconstitucionalmente – o asilo político concedido há sete anos pelo então presidente Rafael Correa, e chamar a polícia inglesa para ingressar na representação diplomática.
Londres admitiu que a prisão foi para atender pedido de extradição dos EUA, que vinha sendo mantido em segredo, evidenciando que a suposta violação de fiança – para se asilar – por uma acusação já fora retirada pela justiça sueca não passava de um biombo para a sabujice perante Washington.
Horas depois de retirado à força da embaixada, ele foi levado perante um juiz no Tribunal de Magistrados de Westminster, que teve a petulância de chamar, a um homem que ficou sete anos praticamente cativo em uma pequena sala por publicar denúncia de crimes de guerra dos EUA no Iraque e Afeganistão, de “narcisista”, e o considerou “culpado” como lhe fora encomendado.
A corte-canguru britânica ainda irá definir a pena, que pode ser de até 12 meses de prisão, quando o costume em casos semelhantes, é meramente uma multa.
No dia 2 de maio, será a primeira audiência sobre o pedido de extradição apresentado por Washington e o testemunho de Assange será por videoconferência desde a prisão de Londres. A incomunicabilidade de Assange significa que sequer ele pode se preparar para a audiência da extradição.
Entidades de defesa das liberdades democráticas, juristas renomados e personalidades do mundo inteiro condenaram a prisão de Assange e advertiram que sua condenação criará um precedente que poderá ser usado pelos EUA para extraditar qualquer jornalista, em qualquer local do mundo, que denuncie crimes dos EUA. Se entregue a Washington, será levado a julgamento, sujeito a pena capital ou prisão perpétua e sob ameaça de tortura.
Nesta quarta-feira, será realizada uma vigília em frente ao parlamento britânico em protesto contra sua prisão e exigindo que ele não seja extraditado.
A.P.