O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente da Câmara, afirmou que é contra o Projeto de Lei 948/2021, que permite empresas furarem a fila da vacinação contra Covid-19.
Para ele, os deputados erraram ao aprovar o texto na terça-feira (6).
“É muito ruim para a imagem da Câmara encaminhar um assunto desse, até porque vai ser inócuo e vai parecer que a Câmara não tem a preocupação com a vacinação, que ela seja igual para todos os brasileiros e não apenas os que são empregados de grandes empresas”, avaliou o deputado.
O texto base do PL 948/2021 foi aprovado e permite que empresas, ou grupos de empresas, comprem vacinas aprovadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e apliquem em seus funcionários e sócios, sem que estejam submetidos ao Plano Nacional de Imunização.
O deputado Renildo Calheiros (PE), líder do PCdoB na Câmara, disse que o projeto sabota o próprio Plano, porque cria um mercado paralelo de venda de vacinas e faz com que as vacinas não cheguem primeiro aos grupos prioritários.
“Se não tem vacina para comprar, onde eles vão comprar? Se eles sabem onde comprar, avisa para o governo que ele vai lá e compra!”, disse.
“Se não é isso, é porque irá surgir um mercado paralelo. Isso vai atrapalhar o Plano Nacional de Imunização”, completou.
O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), disse que o projeto lhe “parece uma ideia ruim, em um péssimo momento, e nada resolve”.
“Lembro que, se forem propriedade particular, as vacinas contra o coronavírus poderão ser requisitadas administrativamente por qualquer estado ou município, a fim de que sejam usadas pelo SUS”.
A presidente nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos, se manifestou, em suas redes sociais, nesta quarta-feira (7), sobre o Projeto de Lei 948/21.
“A uma altura dessas, com mais de quatro mil mortes por dia; diante da escassez de vacinas que há no mundo, e da incapacidade do governo federal que não planejou compra suficiente e a tempo, a aprovação do ‘fura-fila’ é um verdadeiro crime contra o povo brasileiro”.
O deputado Wolney Queiroz (PDT-PE) afirmou que “vacina é para todos, não para poucos privilegiados! Para acabar com esse genocídio, só vacina para todos e #ForaBolsonaro”.
Tábata Amaral (PDT-SP) acredita que o projeto, “no melhor dos casos, é inútil, mas é mais provável que seja prejudicial à nossa estratégia de vacinação”.
Na visão de Orlando Silva (PCdoB-SP), a aprovação do texto “foi uma infâmia”.
“Diante da incompetência assassina do governo federal, o Brasil vai instituir a Lei de Gerson na vacinação. Os magnatas querem ‘levar vantagem em tudo, certo?!’. Já para os pobres vigora a Lei de Justo Veríssimo: ‘que se explodam!’. Inadmissível!”.
HUCK
O apresentador Luciano Huck criticou o projeto que permite que os ricos furem a fila da vacinação contra o coronavírus.
“Eu vou tomar a vacina quando chegar a minha vez no SUS”, afirmou. Huck ainda usou a hashtag #DigaNãoàFilaDupla.
Depois de furar a fila, as empresas teriam que dar ao SUS a mesma quantidade de vacinas.
O empresário e youtuber Felipe Neto fez diversas publicações criticando a ideia de privatizar a vacinação no país. Para ele, “todo empresário que comprar vacina antes, utilizando o projeto fura-fila, deverá ser exposto e amplamente divulgado”.
“Que isso fique muito claro. Se os políticos não impedirem esse projeto criminoso, cabe a nós resistir”, anunciou.
O bolsonarista Luciano Hang, dono das lojas Havan, que faz parte do grupo de empresários que querem furar a fila, chamou Huck de “esquerdista” e “do contra”.