Pesquisa Datafolha feita em 29 e 30 de agosto e divulgada na segunda (09), mostra que, mesmo com campanha maciça dos meios de comunicação e comentários diários de “representantes” do chamado mercado, ou seja, de lobistas dos monopólios privados, a maioria esmagadora da população brasileira é contra as privatizações das empresas públicas.
O que a pesquisa revela é que 67% da população rejeita a privataria de Guedes e Bolsonaro. Os números apontam que 60% não querem a privatização dos Correios, 65% não querem os bancos públicos nas mãos do tubarões privados e 65% querem a Petrobrás como propriedade do povo e não dos cartéis estrangeiros.
As privatizações significam piora dos serviços prestados e da qualidade dos produtos vendidos, além de preços crescentes. Veja-se por exemplo a Vale do Rio Doce, uma empresa exemplar quando era estatal. Lucrativa, altamente especializada e responsável socialmente, além de ajudar na preservação ambiental. Parte dos seus lucros iam pra o Tesouro. Depois de privatizada, qual foi o resultado? Mariana e Brumadinho são o retrato do que aconteceu com esta empresa. A ineficiência, a ganância e o desrespeito ao país tomaram conta da empresa quando ela se tornou privada.
Vamos para os Correios, outra empresa que Bolsonaro e Guedes querem entregar para grupos privados. Nos países onde isso ocorreu, os preços dispararam e a confiança diminuiu. (v. Correios são ineficientes e caros nos países onde estão privatizados)
Entre os poucos exemplos em que os serviços postais caíram em mãos privadas, parcialmente em 2000 e completamente em 2005, a Alemanha aumentou de maneira absurda – conforme o jornal Die Welt, 400% até para o usuário comum em janeiro – e demitiu em massa: 38 mil carteiros perderam seus empregos.
Na Argentina, os Correios foram repassados para empresários da família presidencial, o Grupo Macri, liderado pelo pai do atual presidente, em uma concessão de 30 anos. Os preços dispararam de tal forma sem que o Grupo pagasse sequer a taxa anual de concessão que o Estado acabou cancelando o contrato e reassumindo o controle da entrega de cartas.
Iniciada em 2013 e terminada em 2015, a privatização do Royal Mail do Reino Unido custou aos usuários o desembolso de 60% a mais do que nos correios dos Estados Unidos, que são estatais. As principais queixas dos ingleses em relação aos correios privatizados se referem ao extravio de encomendas e cartas, além de atrasos e danos nos pacotes. O facão atingiu 11 mil trabalhadores.
Privatizada em 2014, a CTT (Correios, Telégrafos e Telefones) de Portugal passou por uma “reestruturação” que deixou mais de 10% dos municípios do país sem nenhuma agência, fazendo com que movimentos pela renacionalização ganhasse força e tenha sido incluído entre as reivindicações na pauta legislativa.
A privatização da Petrobrás, outra estatal que está na mira do entreguismo criminoso de Guedes e Bolsonaro, vai siginificar o empobrecimento do Brasil. Não há concorrência no setor de petróleo. Ele é dominado por monopólios. A maioria das empresas hoje no mundo é estatal. O pequeno grupo privado forma uma cartel que é dominado pela Exxon, Shell e algumas outras petroleiras menores. Privatizar a Petrobrás é entregar 100 bilhões de barris de petróleo, que é a estimativa da quantidade de óleo que existe no Pré-Sal, para esses grupos privados.
A Petrobrás, que é competente e tem tecnologia melhor do que a deles, tem recursos suficientes e possui muito petróleo, não teria dificuldade nenhuma para fazer os investimentos necessários para extrair esse petróleo. A venda desses 100 bilhões de petróleo renderiam um valor muito alto, na casa de dezenas de trilhões de dólares, que poderia ser usado em investimentos para o crescimento do Brasil. (v. Siqueira: Bolsonaro vai tirar áreas da Petrobrás de R$ 3,2 trilhões e vender por R$ 100 bi)
Com a Petrobrás nas mãos desses monopólios estrangeiros, os recursos da venda do petróleo seriam levados para fora e o país ficaria mais pobre.
A pesquisa mostra que nenhum segmento do país endossa a venda da nossa petrolífera, com exceção dos lunáticos que se declaram simpatizantes do partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL (55% dos integrantes desse partido é a favor). Mesmo entre os que votaram em Bolsonaro, a entrega da Petrobrás é rejeitada. Apenas 36% apoiam a venda da empresa. Apesar disso, o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que a venda da companhia será estudada pelo PPI.
O Datafolha ouviu 2.878 pessoas em 175 municípios de todas as regiões do país em 29 e 30 de agosto. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.
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