A empresa Telemídia & Technology ganhou a licitação fraudulentamente, embolsou o dinheiro e nunca prestou o serviço contratado na época em que Mandetta foi secretário de Saúde de Campo Grande (MS)
O ministro da Saúde indicado por Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), teve voos pagos por empresa favorecida no esquema de contrato fraudulento, indicam documentos entregues ao Ministério Público Federal (MPF).
Em 2009, quando Mandetta foi secretário da Saúde de Campo Grande, a empresa Consórcio Telemídia & Technology ganhou, fraudulentamente, uma licitação de R$ 9,9 milhões, segundo o MPF. Porém, o serviço contratado nunca foi prestado, afirma a Controladoria-Geral da União (CGU). (v. www.horadopovo.org.br/mandetta-na-saude-mais-um-investigado-no-ministerio-de-bolsonaro/)
Porém, depois que deixou o posto de secretário, em 2010, para ser candidato a deputado federal, o ministro de Bolsonaro fez uma série de vôos junto à Amapil Táxi Aéreo, pelos quais ele nunca pagou. Estes vôos foram pagos por Rui Aquino, sócio da Telemídia.
“Quando eu deixei a secretaria, eu me relacionei com a Amapil. Tinha um médico que era irmão do proprietário e era por meio dele que eu pedia [os vôos]. Peguei alguns para a Amapil, alguns foram amigos que me deram”, afirmou, ocultando quais amigos eram estes.
A Amapil entregou ao Ministério Público Federal uma série de notas fiscais e recibos que confirmam os pagamentos de Rui para vôos do futuro ministro. O montante pago teria sido de cerca de R$ 21 mil.
Trata-se, portanto, de uma espécie de acerto de contas pelo contrato fraudado no ano anterior, afirmam os investigadores da Justiça Federal do Mato Grosso do Sul.
Mandetta disse não saber se foi a Telemídia quem o bancou. “Aí é uma questão ligada lá com a Amapil. Na época eu solicitava muito os vôos para o irmão do proprietário. Ele falava ‘por usar, não tem problema’. E a gente usou nessa fase de pré-campanha”.
P. B.