Manifestantes de Londres exigiram celeridade e empenho das autoridades brasileiras para encontrar o jornalista Dom Phillips, correspondente do The Guardian, e do indigenista Bruno Pereira, servidor licenciado da Funai, no Amazonas.
O ato foi realizado em frente à embaixada brasileira em Londres e contou com a presença de familiares de Dom Phillips, que denunciaram o descaso das autoridades brasileiras para com o caso.
Jair Bolsonaro, insensível ao desaparecimento do jornalista e do indigenista, disse que os dois estavam em uma “aventura não recomendável”.
Para Sian Phillips, irmã de Dom, “eles [autoridades] podem fazer mais, podem intensificar as buscas, colocar mais recursos para isso, e se houve alguma atividade criminosa, as pessoas buscarão justiça”.
“Onde está Dom Phillips? Onde está Bruno Pereira?”, questionou.
Sian registrou que o desaparecimento foi notificado no domingo (5), mas somente na terça-feira (7) foi falado da participação das Forças Armadas nas buscas.
“É uma resposta bem lenta, e significa algo bem sinistro para o mundo sobre informações saindo da Amazônia, sobre o que está ocorrendo em uma zona de conflito”, pontuou.
“A gente necessita muito mais do que alguns barcos e algumas pessoas do Exército e da Polícia. É necessário uma ação, todo um planejamento, trabalhar junto com os povos indígenas da região. Eles precisam desse apoio do governo para achar o Bruno e o Dom”.
“Queremos que as autoridades britânicas pressionem o governo brasileiro. Queremos que a busca continue. Queremos saber o que aconteceu com eles e queremos que qualquer um que tenha cometido um possível ato criminoso seja levado à Justiça. Queremos uma investigação determinada, completa e aberta”, acrescentou.
Os manifestantes de Londres carregavam cartazes com fotografias de Dom Phillips e de Bruno Pereira, além de flores.
Paul Sherwood, cunhado do jornalista inglês, reforçou que as buscas demoraram a começar e rechaçou a afirmação de Bolsonaro de que era uma “aventura” irresponsável.
“Sabemos que Bruno e Dom são ambos muito comprometidos para fazer o trabalho que estavam fazendo, apesar de reconhecerem os riscos. Não digo que é irresponsável, digo que é importante”, afirmou.
“As lideranças locais disseram que estavam prontas para iniciar as buscas, mas não tinham permissão para começar. Então, foram dois dias, na verdade, antes de darem o sinal verde. Não era um assunto prioritário para as autoridades”, continuou.
Segundo a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), ainda não houve nenhum sobrevôo da área.
O diretor executivo do Greenpeace do Reino Unido, Pat Venditti, que organizou o ato, entregou ao embaixador brasileiro uma carta exigindo maior esforço para encontrar Dom e Bruno.
Os dois desapareceram no domingo, enquanto faziam o trajeto, de barco, entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Vale do Javari, no Amazonas.
Na região, que é demarcada como Terra Indígena, existem conflitos por conta do garimpo ilegal.
A Polícia Federal disse, na quinta-feira (9), que foi encontrado “possível material genético” na lancha de um suspeito que foi preso.
Segundo a polícia, o homem se chama Amarildo da Costa de Oliveira, de alcunha “Pelado”, e tem 41 anos. Em nota, a polícia diz que o homem foi preso em flagrante, na terça-feira (7) por posse de munição de uso restrito e permitido. Com ele, foram apreendidos chumbinhos.
Estranho é que os advogados do suspeito investigado pelos desaparecimentos são procuradores municipais.
Na terça-feira (7), um grupo de manifestantes fez uma vigília em frente à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) , em Brasília e cobrou onde estão o indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips.