No último debate eleitoral do primeiro turno, candidata apresentou propostas para a capital gaúcha e criticou postura de Bolsonaro sobre a vacina contra o coronavírus. “Precisamos garantir a vacinação da população e a retomada da economia”
Manuela D’Ávila participou, na noite desta quinta-feira (12), do último debate do primeiro turno, promovido pela Rádio Gaúcha em formato drive in. Na primeira manifestação, a candidata lembrou sua trajetória como vereadora, deputada federal e estadual. Reforçou que sempre acreditou na luta por justiça social e, na prefeitura, vai trabalhar para garantir mais igualdade. “Eu não me conformo que minha filha de cinco anos tenha vaga em creche e 13 mil crianças não”, disse.
A candidata defendeu uma disputa honrada na eleição da capital gaúcha e repeliu os ataques e agressões que foram proferidos contra ela pelo candidato Rodrigo Maroni (PROS).
“A eleição não pode ser resolvida nem no tapetão, nem com mentira, nem com esses ataques rebaixados e orquestrado. O que será que temem? Temem uma mudança na cidade. Chega de mentira, ataque, é hora de trabalhar pela cidade”, disse a candidata.
Primeira colocada nas pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de Porto Alegre, Manuela aproveitou suas intervenções no debate para apresentar suas propostas para a cidade e o enfrentamento à pandemia de coronavírus. Ela criticou a sabotagem de Bolsonaro à vacina CoronaVac e defendeu que a Prefeitura atue na gestão da vacinação da população.
“Na última semana, nós vivemos um episódio lamentável quando vimos o presidente da República tratar como vitória política a morte de um voluntário dos testes da vacina. Nós sabemos que a vacina é altamente relacionada com a volta da economia, com a volta da atividade nas escolas e garantir a vacinação é uma preocupação minha, assim como era de Fortunati, por exemplo: Garantir que Porto Alegre faça sua gestão própria da vacina, justamente, por causa dessa postura do presidente”, disse Manuela D’Ávila.
ATAQUES
O debate ficou marcado por dois casos de violência do candidato Rodrigo Maroni (PROS) contra Manuela D’Ávila. Com ataques pessoais e ignorando as perguntas que eram feitas a ele tentou incluir outros candidatos nas agressões que promoveu contra a ex-deputada.
A primeira situação ocorreu quando Maroni ao invés de fazer uma pergunta para Juliana Brizola (PDT), usou seu tempo para chamar Manuela de mentirosa.
Em razão do ataque pessoal, Manuela recebeu direito de resposta e disse que Maroni terá que responder na Justiça pelas agressões.
“A eleição não pode ser resolvida nem no tapetão, nem com mentira, nem com esses ataques rebaixados e orquestrados. O que será que temem? Temem uma mudança na cidade. Chega de mentira, ataque, é hora de baixar a cabeça e trabalhar pela cidade”, disse a candidata, citando as notícias falsas movidas contra ela.
Manuela ainda relembrou que na sexta-feira passada a Justiça derrubou mais de 520 mil notícias falsas que foram divulgadas no último período contra ela.
A segunda situação ocorreu na última pergunta do primeiro bloco. O atual prefeito e candidato à reeleição, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), questionou Maroni sobre o que faria pela causa animal, já que é a bandeira que levanta. O político praticamente não respondeu a pergunta e começou novamente a atacar Manuela.
Ele disse que a candidata era “filha de juiz”, mas não poderia interromper o debate — o direito de resposta foi autorizado pelo jurídico do Grupo RBS, que pertence a Rádio Gaúcha. Em seguida, o político disse que a campanha de Manuela é a que arrecadou mais recursos até agora e fez referência à live de Caetano Veloso. “Tu é patricinha mimada, poderia estar comprando bolsa no shopping, mas quis ser Prefeita. Se eu fosse abrir a boca, eu não acabaria com a carreira, mas com tua vida, Manuela”, ameaçou Maroni.
No segundo direito de resposta, Manuela classificou os ataques de Maroni como “violência de gênero”. Em seguida, a candidata lembrou que Maroni “forjou um atentado” contra ele mesmo e que o político “vive de dinheiro público”.
VACINA
Após os ataques de Maroni à Manuela, a candidata conseguiu levar o debate para a seriedade e tratar dos temas relevantes para os porto-alegrenses.
“Na última semana, nós vivemos um episódio lamentável quando vimos o presidente da República tratar como vitória política a morte de um voluntário dos testes da vacina. Nós sabemos que a vacina é altamente relacionada com a volta da economia, com a volta da atividade nas escolas e garantir a vacinação é uma preocupação minha, assim como era de Fortunati, por exemplo: Garantir que Porto Alegre faça sua gestão própria da vacina, justamente, por causa dessa postura do presidente”, afirmou Manuela ao questionar Fernanda Melchiona, a deputada federal candidata pelo PSOL, qual a opinião dela sobre isso.
Melchiona criticou Bolsonaro, o chamou de genocida, bandido e frisou que se eleita vai garantir a vacinação de toda a população. A candidata do PSOL ainda falou que se eleita vai cobrar a dívida que o Itaú tem com o município para gerar microcrédito à população.
“A gente precisa ter na administração o compromisso com a busca da gestão própria da vacina, sem preferência, mas com pressa, com uma pessoa comprometida com a geração de trabalho e renda. Nós temos um programa para ajudar a amenizar a crise junto aos mais pobres”, disse.
SEGUNDO BLOCO
No segundo bloco, os candidatos tiveram que responder às perguntas de ouvintes do debate.
Manuela foi a primeira a responder sobre como resolveria a situação dos flanelinhas no Centro de Porto Alegre e disse que a falta de empregos na cidade leva as pessoas para a informalidade. Ela se comprometeu a implementar um programa de compras estatais de pequenos comerciantes para estimular a geração de emprego e renda na região.
“Nós temos 18% da população desempregada há mais de 2 anos. Quero garantir trabalho e renda para o nosso povo”, defendeu Manuela sobre o trabalho informal.
Na sua vez de responder, Gustavo Paim (PP) foi questionado a respeito do aumento do número de pessoas em situação de rua e destacou que pesquisa realizada em 2016 apontou que a cidade tinha cerca de 4 mil pessoas em situação de rua e que o cenário só piorou durante a gestão de Nelson Marchezan Júnior (PSDB), da qual é vice-prefeito.
Perguntada sobre o que faria para enfrentar o grande número de ambulantes na cidade, Juliana Brizola (PDT) afirmou que iria promover um programa de obras públicas.
Marchezan recebeu uma pergunta sobre a má qualidade da pavimentação das ruas da cidade e afirmou que o orçamento do próximo ano prevê investimentos iguais aos 15 anos anteriores somados, quatro dos quais foi prefeito e que colocará um asfalto de qualidade na rua, salientando que não se trata de uma ‘operação tapa-buraco’.
Fernanda Melchiona do PSOL recebeu a pergunta sobre a situação de precariedade dos serviços básicos na região das Ilhas.
Ao ser perguntado sobre o Mercado Público, Sebastião Melo (MDB) disse que sua proposta é entregar a gestão para os atuais permissionários que, como contrapartida, ficariam responsáveis por investir os R$ 10 milhões que ele diz faltar para a conclusão das obras de recuperação do espaço.
A respeito do retorno das aulas presenciais na rede municipal, João Derly (Republicanos) destacou que há uma pesquisa que aponta que 81% da população não quer o retorno das aulas físicas, mas disse que iria conversar com pais, diretores de escola e professores para organizar a retomada.
Valter Nagelstein (PSD) foi perguntado sobre o que faria em caso de segunda onda da pandemia de coronavírus e disse que não fecharia nenhum estabelecimento comercial e investiria na qualificação da estrutura hospitalar, citando, como exemplo, a compra de mais respiradores. Maroni foi perguntado sobre o comércio da Cidade Baixa e disse que não poderia prometer nada.
TERCEIRO BLOCO
No terceiro bloco os candidatos voltaram a fazer perguntas uns para os outros.
O debate foi para o intervalo e, na volta, a candidata Fernanda Melchionna (PSOL) saiu em defesa de Manuela ao ver Maroni tentar jogá-la contra a candidata do PCdoB. O candidato do Pros perguntou qual a diferença entre as duas, na tentativa de mostrar que não tinha sido machista, que assim como Fernanda pode criticar Manuela, ele também pode. A candidata do PSOL foi direta: “Divergência política é uma coisa, machismo é outro. Porto Alegre não merece essa baixaria.”
Enquanto Paim, Derly, Melo e Nagelstein conversaram entre si como numa conversa de comadres criticando Manuela e Marchezan, o prefeito e a candidata do PCdoB se enfrentaram.
IMESF
Os trabalhadores da saúde e o Instituto da Saúde da Família (Imesf) voltaram a ser pauta no debate. Manuela criticou a atual gestão pela falta de estabilidade nas ações em meio a pandemia, a guerra travada contra trabalhadores do Instituto e as demissões impostas em meio a crise sanitária. “Somos contra as terceirizações, defendemos a gestão pública da saúde, com postos abertos nas comunidades, sem interrupção de atendimento”, salientou.
Após defender a privatização do Imesf, Marchezan disse que muitos moradores que usam o SUS em Porto Alegre tem situações melhores que quem tem plano de saúde e, em seguida, perguntou para Manuela D’Ávila sobre os motivos para ela ser contra a privatização da saúde.
“Eu fico muito impressionada com a falta de estabilidade das ações do teu governo (Marchezan). Durante uma pandemia, a principal guerra do governo foi contra trabalhadores do Imesf, que estavam combatendo a Covid-19”, afirmou Manuela que continuou: “Nós defendemos a gestão pública da saúde, os postos abertos a comunidade. Mas nós não interromperemos os serviços no meio de uma pandemia”.
“Eu vou ser prefeita durante 4 anos, não durante 15 dias como você faz”, disse Manuela
“Eu fico muito impressionada com a falta de estabilidade das ações do teu governo (Marchezan). Durante uma pandemia, a principal guerra do governo foi contra trabalhadores do Imesf, que estavam combatendo a Covid-19”
Como Manuela ficou com a última escolha para quem iria dirigir sua pergunta o único candidato disponível, já que todos os outros já haviam sido escolhidos, foi Maroni. Então a candidata do PCdoB perguntou ao candidato do Pros sobre feminicídio. “O feminicídio é uma realidade na nossa cidade. Uma realidade que exige atenção. No meu programa nós queremos. Primeiro, acontece a agressão verbal, depois o tapa, e muitas vezes acontece o pior, mas a primeira agressão é sempre verbal, e todo mundo sabe disso. Qual sua proposta para defender as mulheres de Porto Alegre?”.
Em seguida, Maroni disse que “jamais foi machista”. O candidato usou quase todas as intervenções do debate para atacar a ex-noiva, despertando críticas de diversas jornalistas do grupo Zero Hora.
“O feminicídio é uma realidade que exige atenção. No meu programa e do Rossetto, queremos criar três casas da mulher, descentralizar as casas de proteção, evitar que mulheres e filhos sofram novas violências”, afirmou Manuela.
QUARTO BLOCO
O quarto bloco foi destinado às considerações finais.
Manuela D’Ávila afirmou que não é fácil ser mulher na política, e disse que o sonho de ter uma cidade que trate as crianças com dignidade, uma cidade que garanta trabalho e renda e com uma prefeita que trabalhe todos os dias está próxima.
Marchezan falou como se a cidade estivesse ótima, mas que ainda há muito para avançar. Marchezan defende a continuidade de seu trabalho e diz que superou a violência, além da crise na saúde. Finaliza pedindo apoio.
Melo diz que quer uma “Porto Alegre sem maquiagem, não aquela da propaganda” e agradece a todos.
Paim se direciona para quem ainda não decidiu seu voto “nós apresentamos um projeto concreto para tirar Porto Alegre da crise”.
Melchionna diz que o futuro pede coragem para enfrentar a extrema-direita e formar uma nova esquerda. “Nós nos apresentamos para dizer verdades, não queremos que trabalhadores paguem a conta”.
Juliana Brizola defendeu uma Porto Alegre unificada e oferece seu trabalho e amor pela Capital
Os candidatos Júlio Flores (PSTU) e Montserrat Martins (PV) não foram convidados para o debate porque seus partidos não têm representação na Câmara de Deputados. O candidato Luiz Delvair (PCO), que teve o registro indeferido, mas concorre sob recurso, também não participou pelo mesmo motivo. Também não participou José Fortunati (PTB), que teve a chapa impugnada e anunciou que está deixando a disputa na quarta-feira (11).