Em entrevista à Globonews, ela defendeu uma frente ampla em defesa da democracia frequentemente ameaçada por Bolsonaro. Falou também sobre a violência que sofreu, junto com sua filha, Laura, de cinco anos
A jornalista e ex-deputada Manuela D´Ávila (PCdoB), que disputou a Prefeitura de Porto Alegre no ano passado, participou nesta segunda-feira (14) de uma entrevista na Globonews, com a jornalista Miriam Leitão. Ela falou sobre o seu livro “Sempre foi sobre nós”, que trata sobre a violência contra as mulheres que ocupam o espaço público.
Miriam quis saber como Manuela está vendo a situação política, as alianças políticas, tanto para este momento de fratura na sociedade como também para as eleições de 2022. “Em primeiro lugar, nós precisamos barrar esse verdadeiro genocídio que está ocorrendo no Brasil”, disse a ex-deputada, lembrando que a jornalista abriu o programa com o número de mortos pela Covid-19.
“Nós temos um governo que negou sucessivas vezes a vacina e que permanentemente questiona a sua utilização, questiona o uso de máscara, questiona tudo aquilo que a ciência produziu para garantir que menos pessoas morram. Disso decorre a minha interpretação de que é necessário barrar esse governo de maneira imediata e que toda a aliança deve ser feita para garantir o final desse governo, a interrupção desse ciclo”, afirmou Manuela.
“Então, eu e o meu partido defendemos a necessidade disso que nós chamamos de frente ampla, de setores mais amplos, não só aqueles que concordam programaticamente como pode ser o próximo governo, mas aqueles que concordam com a necessidade de se garantir condições razoáveis para a democracia brasileira”, apontou.
A entrevistadora salientou que, “em todas as campanhas em que participou, Manuela enfrentou ataques fortes na área pessoal”. Recentemente ela e sua filha, Laura, de cinco anos, foram vitimas de violência e ódio nas redes sociais. Uma foto de sua filha foi entregue a grupos que distribuem ódio nas redes. A partir disso, todo o submundo da internet passou a usar a imagem para agredi-las.
Seu livro, que aborda o tema, começa com a frase: “Eu sempre soube que seria difícil, mas não esperava que fosse tanto”.
Ela explicou que ele é uma reflexão sobre a violência contras as mulheres que atuam na política. “Quando a eleição de 2020 acabou, exatamente na manhã seguinte ao término da eleição, eu acordei refletindo que não era justo que, mais uma vez, o centro da disputa fossem razões fora da política”. “Olhando meses depois, as pessoas poderiam pensar que fosse uma derrota eleitoral baseada em uma disputa de ideias”, observou.
“Então eu resolvi escrever um o livro contando a minha experiência naquela eleição, na eleição passada municipal. Quando eu comecei a escrever, todas as vezes que eu começava, soava como um diário, como algo eminentemente pessoal”, disse Manuela.
Assista trechos da entrevista
Sobre os problemas da Educação na pandemia, Manuela lembrou que a pandemia demonstrou que o país é descomprometido com a Educação. Nós deixamos tudo aberto e o primeiro lugar que fechamos foram as escolas, inclusive as escolas que atendem as filhas e filhos das mulheres trabalhadoras, que nunca deixaram de trabalhar. Nós deveríamos desde o início ter feito o contrário. Tentado fechar o máximo de atividades e garantir esse espaço como um espaço aberto”, observou.
As mulheres trabalhadoras em serviços essenciais, caixa de supermercados, farmácias, etc, ficaram totalmente desamparadas do ponto de vista da atividade do Estado para prosseguir com seus trabalhos. Ontem nós vimos por exemplo, os dados da Unicef sobre a volta do trabalho infantil. Uma realidade que todos nós nos deparamos nas grandes cidades. Basta sair e olhar as crianças trabalhando na sinaleira. Então, eu creio que esse será o nosso grande desafio no próximo período”.