Em uma sabatina realizada nesta segunda-feira (2) pela Folha e o UOL, o ex-governador e pré-candidato ao governo de São Paulo, Márcio França (PSB) defendeu a democracia, falou sobre propostas sobre saúde pública, geração de renda e também falou sobre a escolha dos próximos governantes no estado, onde afirmou que seguirá sua candidatura até o final das prévias entre o PSB e o PT.
França assumiu o governo paulista em 2018, após a renúncia de Geraldo Alckmin (hoje no PSB) para disputar a Presidência. Ele reafirmou sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, caso não haja acordo com o PT para eventual a unificação das candidaturas. O ex-prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, também é pré-candidato ao governo.
Com cerca de 20% das intenções de voto segundo a última pesquisa do Datafolha, França diz ter proposto ao PT que a escolha do nome do grupo na disputa estadual seja feita levando em conta não só a declaração de voto, mas também a possibilidade de voto aferida pelos levantamentos.
“Se não houver acordo, vamos com a candidatura até o fim”, afirmou. “Se eles não toparem a [definição por] pesquisa, nós teremos duas candidaturas.”
O candidato do PSB afirma que propôs ao PT que, além das intenções de voto declaradas, também seja considerado o percentual de rejeição dos candidatos para escolher quem seguirá na corrida.
Segundo o ex-governador, o pré-candidato do PT à Presidência, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, aceitaram a proposta, mas o diretório petista estadual ainda quer analisar melhor o assunto.
Ele afirmou ainda que sua candidatura apoiará a eleição de Lula, já que a prioridade é evitar a reeleição de Jair Bolsonaro (PL). “Hoje o que está em discussão é democracia [versus] não democracia. E eu vou ficar do lado da democracia.”
Ainda de acordo com ele, Haddad declarou que concorda com a escolha via pesquisas, mas que haveria entrave com o comando do PT no estado. “O acordo tem a ver com a escolha do Senado. O que ganha disputa o governo e o que perde, se quiser, disputa o Senado”, defendeu.
PROPOSTAS PARA O ESTADO
França também prometeu aumentar a oferta de vagas na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), oferecendo “faculdade gratuita sem vestibular” para todos os jovens, e disse que vai investir em programas voltados para a juventude.
“Todos os jovens com 18 anos em São Paulo que não tenham emprego e que estejam alistados, todos dispensados, poderiam vir trabalhar conosco durante um ano. Fazem o curso, ficam cinco horas para a gente, tem um salário uniformizado”, propôs.
O político afirmou, ainda, que não irá aumentar o valor da tarifa de transporte público no estado. Atualmente, a passagem dos trens e do Metrô está em R$ 4,40.
Durante a sabatina, Márcio França disse ter propostas para resolver a questão dos dependentes químicos da cracolândia r prometeu resolver a situação da região em “até dois anos”. A cracolândia é uma região no centro velho de São Paulo ocupada pelos dependentes químicos e pessoas em situação de rua.
“A cracolândia não tem nada a ver com polícia, ela é um caso de tratamento médico. Cracolândia é um nome genérico de um local com 1.500 pessoas onde nem todas são dependentes, tem bandido, crianças, mulheres, então precisa ter atuação de saúde pública, e, se for necessário, o tratamento obrigatório não pode ser apenas uma opção, as pessoas mal sabem o que estão fazendo lá”, ressaltou.
CÂMERAS
França defendeu também mudança no tempo de gravação do sistema de câmeras usadas nos uniformes da Polícia Militar de São Paulo (PM-SP), os dispositivos foram instalados em 2021, durante a gestão do hoje ex-governador João Doria (PSDB).
O sistema tem contribuído para a diminuição da letalidade policial, segundo estatísticas oficiais do governo paulista e de análises feitas por entidades da sociedade civil, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
“O que separa um policial de outro servidor? O fato de que ele pode usar armas. Tem autorização do Estado para usar uma arma. Essa diferença faz com que ele teoricamente seja bem remunerado e superprotegido. O que está errado é a câmera gravando 12 horas seguidas, sem nenhuma explicação”, afirmou. “Ela grava em alta resolução e com som, durante 12h seguidas. É invasão da privacidade. Só vai ligar a câmera quando estiver em ação”, disse.
França também defendeu ainda separar a gestão da Polícia Civil da Polícia Militar. “Uma vai para a Secretaria de Segurança Pública, outra vai para a Justiça”.