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A ex-ministra afirma ser “fundamental que as forças políticas do campo democrático estejam dispostas a debater um projeto de país, não apenas de poder. Não é só mudar de governo, é mudar de realidade”
A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), afirmou que nas eleições “não basta derrotar Bolsonaro, é preciso derrotar o bolsonarismo” e que os democratas precisam estar dispostos a “debater um projeto de país, não apenas de poder”.
“Eu tenho a clareza de que neste momento todos devemos defender a democracia. Bolsonaro é um risco para a democracia. É uma pessoa que não contribui para os avanços que a humanidade precisa”, destacou Marina, em entrevista ao Estadão.
A ex-senadora afirma ser “fundamental que as forças políticas do campo democrático estejam dispostas a debater um projeto de país, não apenas de poder. Não é só mudar de governo, é mudar de realidade”.
“É fundamental que os candidatos digam claramente com o que eles estão se comprometendo. É fundamental que os candidatos digam qual é o seu compromisso. Se continuarmos apoiando a polarização perversa que levou o Brasil para essa guerra de fragmentação de ódio na política, não vamos a lugar nenhum”, pontuou.
Para ela, a eleição de outubro será “muito difícil”, porque várias crises estão se sobrepondo. “Uma grave crise sanitária, econômica, social, ambiental, política e de valores. No contexto de uma crise internacional, em que o mundo volta aos tempos da Guerra Fria com repercussões que nem sequer temos condições de avaliar neste momento”.
“Vamos fazer uma eleição na qual temos um verdadeiro desgoverno em que todas as políticas públicas estão sendo soterradas na área de educação, saúde, meio ambiente, direitos humanos e política econômica, sem falar em graves denúncias de corrupção” através do orçamento secreto.
Marina Silva disse que ainda não é certo que ela será candidata a algum cargo e que está “avaliando como é a melhor contribuição. Eu já fui senadora por 16 anos. Agora, várias pessoas, não só da Rede, têm manifestado desejo de que eu volte para o Parlamento, dizendo que eu poderia sair candidata a deputada federal. Não tenho essa decisão e não é uma decisão fácil”.
Neste momento, está “trabalhando por uma alternativa” nas eleições presidenciais. “A gente não precisa repetir o passado, nem se tornar refém deste presente que está destruindo o nosso futuro”.
“A democracia exige que a gente faça uma mudança na realidade. Não cabe a ideia de uns que se veem como o supremo bem e outros como o supremo mal, isso não leva a lugar nenhum”.
FEDERAÇÃO COM O PSOL
Durante a entrevista, Marina Silva comentou sobre a discussão que a Rede Sustentabilidade tem feito para formar uma Federação Partidária com o PSol.
“A Rede tem feito essa discussão. Começamos fazendo com vários partidos, no início era uma articulação com Rede, PSB, Cidadania, PDT e PV. Depois tivemos uma reconfiguração na cena política brasileira”, disse.
“Nós estamos agora em um diálogo com o PSOL, já que o Cidadania disse que para eles era mais interessante uma federação com o PSDB. No caso do PT, está fazendo um debate com PSB, PCdoB e PV. É um diálogo [da Rede] de natureza programática, nós somos partidos diferentes, com trajetórias diferentes, mas que têm pontos de contato”.