A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), disse que é “vazia” a promessa de redução de gases estufa apresentada pelo governo Bolsonaro na 26ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.
O governo Bolsonaro passou de 43% para 50% a meta de redução na emissão de gases que produzem o efeito estufa, mas não apresentou nenhum caminho para isso.
Marina criticou que a promessa “não é acompanhada da recomposição do orçamento do Ministério do Meio Ambiente, do Ibama, do ICMBio, do Instituto de Pesquisas Espaciais, a recomposição dos quadros técnicos para poder atuar com todo suporte à frente do maior vetor de emissão que é o desmatamento e a queimada”.
“Reduzir desmatamento é fundamental, diversificar matriz energética para uma matriz energética limpa e segura, reforçar as equipes, retomar novas bases de plano de prevenção e controle do desmatamento, que a gente sabe que funciona, e fazer todos esses detalhamentos em parceria com a comunidade científica e com a sociedade civil, que têm um conhecimento muito grande”, afirmou a ex-senadora.
“O governo faz esse anúncio, mas na verdade já conhecemos como funciona o governo Bolsonaro. O governo Bolsonaro faz anúncios para que possa ganhar tempo”, avaliou.
“Sabemos que eles são especialistas em apresentar PowerPoint aqui no Brasil ou fazer anúncios loucos internacionalmente como acabamos de ver fazer, porque não tem nenhum tipo de detalhamento”.
Marina afirmou que “a meta brasileira deveria ser bem maior para que se faça frente à necessidade de aumento dos compromissos por parte dos países que são grandes emissores, e o Brasil é um grande emissor”.
A ex-ministra ainda falou que os riscos econômicos de ter produtos que ferem o meio ambiente, como o agronegócio irresponsável, são “muito grandes. Isso tem mobilizado uma parte do agronegócio para fazer frente à ideia de que o Bolsonaro representa todos os empresários do agronegócio brasileiro”.
Marina Silva afirmou que a melhor chance dos brasileiros conseguirem preservar o meio ambiente é tirando Bolsonaro do poder.
“Os piores problemas ligados à perda de biodiversidade, desertificação e, principalmente, mudanças climáticas têm a ver com governos retrógrados que têm uma visão negacionista, como é o governo Bolsonaro”.
“Trocar o governo é uma grande ação e que cada cidadão pode fazer isso com o seu voto”.
“Ninguém quer ficar perto do Bolsonaro. Nem mesmo os países que têm governos autocratas querem ter nenhum tipo de presença ao lado do Bolsonaro. Ele fica isolado o tempo todo”, pontuou.
De acordo com levantamento da BBC News Brasil, houve corte de 93% da verba para pesquisa em mudanças climáticas nos três primeiros anos de Bolsonaro quando comparado com os três anos anteriores.