Ministro do STF afirma que “irresponsáveis ligados às redes sociais” se uniram a “políticos extremistas” para atacar a democracia e a Justiça brasileiras – a Corte Suprema e a Eleitoral
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, afirmou que o Poder Judiciário e a Justiça Eleitoral estão acostumados “a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia e políticos extremistas e antidemocráticos que preferem se subjugar a interesses internacionais”.
O discurso foi feito, nesta sexta-feira (19), durante lançamento da Pedra Fundamental do Museu da Democracia, no Rio de Janeiro.
O Judiciário reage “para garantir a democracia” no País, afirmou o magistrado.
Ele acrescentou, ainda, que “a Justiça Eleitoral não se abala e continuará defendendo a vontade do eleitor contra a manipulação do poder econômico das redes sociais, algumas delas que só pretendem o lucro sem qualquer responsabilidade”, com as instituições republicanas brasileiras.
SOB ATAQUE
Moraes ainda disse que a Justiça voltou a ser atacada por meio da “união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais e políticos brasileiros extremistas”.
Sem citar nomes, o ministro também fez referência às “correntes extremistas” que atacam as urnas eletrônicas, sem nenhuma prova que possa demonstrar comprometimento em relação aos resultados dos processos eleitorais, desde que começaram a ser usadas, em 1996.
Essas são ligadas ao ex-presidente inelegível, Jair Bolsonaro (PL), que tem se movimentado, freneticamente, para tentar emparedar o STF, com intuito de reverter a cassação dos direitos políticos, a fim de concorrer no pleito de 2026.
ABUSO
Moraes afirmou no ato que o museu vai contar a história do combate ao “abuso do poder político e econômico”.
Ele disse também que a democracia e a soberania brasileiras são ameaçadas por eles – a extrema-direita, sob a liderança de Bolsonaro – “reiteradas vezes”, por causa de “mentalidade mercantilista”, que se baseia no lucro e no autoritarismo “de novos políticos”.
A fala se dá em contexto dos ataques de Elon Musk, dono do X/Twitter e da Tesla, contra o Judiciário que quer subjugar a democracia brasileira, a fim de embotá-la, com propósito de mais ganhos financeiros.
CONTEXTO
A crise e os embates começaram, no último dia 6, quando o bilionário questionou as suspensões de perfis de investigados por atos golpistas e disseminação de informações falsas sobre o processo eleitoral, determinadas por Moraes, com apoio unânime da Corte.
Sob argumento de que as ordens são forma de “censura”, Musk afirmou, cinicamente, que o magistrado “traiu descaradamente e repetidamente a Constituição e a população do Brasil”.
Segundo matéria da BBC, Musk é denunciado em várias partes do mundo por desrespeitar leis e regras, principalmente na União Européia, quando foi denunciado por banir ilegalmente do X contas de jornalistas. A subsecretária-geral da ONU, Melissa Fleming, disse que “a liberdade da mídia não é um brinquedo”.
INQUÉRITO
Após as agressões de Musk, o ministro Alexandre de Moraes incluiu o herdeiro bilionário como investigado no inquérito das milícias digitais por “dolosa instrumentalização” do X e ordenou a abertura de inquérito à parte para investigar se Musk cometeu obstrução de Justiça “inclusive em organização criminosa e incitação ao crime”.
Moraes é relator do inquérito das milícias digitais e ainda do processo do 8 de janeiro de 2023, quando bolsonaristas tentaram desfechar golpe de Estado, contra a democracia e o Estado de Direitos brasileiros.
REALIDADE PARALELA
O caso repercutiu entre os estadunidenses, e na última quarta-feira (17), o Partido Republicano dos Estados Unidos divulgou relatório sobre a suposta “censura do governo brasileiro” ao X e outras redes sociais, como Facebook e Instagram.
O bilionário é eleitor do Partido Republicano e faz campanha para o presidenciável Donald Trump.
A farsa praticada pelos parlamentares e pelo próprio Musk, que disse que o STF desrespeita as leis brasileiras, é de que as ordens de Moraes têm o objetivo de “censurar” a oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
M. V.