
A prefeitura de Maceió anunciou na tarde deste domingo (10) que houve um rompimento na Mina 18 da Braskem, que estava sob alerta de risco de colapso desde o dia 29 de novembro. De acordo com a Defesa Civil do município, não há ‘qualquer risco” para a população, mas o alcance deste rompimento ainda está sendo monitorado. O entorno da mina está totalmente desocupado.
Na última segunda-feira (4), já havia um ligeiro avanço da água da Lagoa de Mundaú no aterro próximo ao acesso da Mina 18. Imagens aéreas feitas antes e depois do rompimento mostram alterações na cor e no nível da água. O registro feito pela Prefeitura, neste domingo, mostra a água em movimento e ocupando uma porção maior da superfície.
“Às 13h15 de hoje, a mina 18 sofreu um rompimento, no trecho da lagoa próximo ao Mutange. Estarei em instantes sobrevoando a área com os nossos técnicos. A Defesa Civil de Maceió ressalta que a mina e todo o seu entorno estão desocupados e não há qualquer risco para as pessoas. Novas informações sobre o assunto estão sendo obtidas e serão compartilhadas assim que possível”, disse o prefeito.
Em nota, a prefeitura disse que “técnicos da Defesa Civil estão monitorando o local em busca de mais informações”. Em comunicado conjunto divulgado pela Defesa Civil de Maceió, Defesa Civil de Alagoas e Defesa Civil da União na semana passada, os órgãos avaliam que o risco de colapso da Mina 18 “atinge, restritamente, uma área com diâmetro aproximado de 78 metros”, o equivalente a três vezes o raio detectado da mina.
Ainda de acordo com a nota da Prefeitura de Maceió, diante do rompimento da Mina 18, o prefeito da cidade solicitou reunião urgente com o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), a ser realizada ainda neste domingo (10), para tratar dos desdobramentos do episódio e buscar de soluções que contem com a participação do governo estadual.
O desastre na capital alagoana foi causado pela exploração, ao longo de décadas, de sal-gema em jazidas no subsolo pela Braskem. O sal-gema é um tipo de sal usado na indústria química.
Desde fevereiro de 2018, milhares de moradores tiveram que deixar suas casas depois que tremores de terra começaram a provocar rachaduras nas construções e ameaçar a vida da população com desabamentos devido à falhas graves no processo de mineração que causaram instabilidade no solo. Ao menos três bairros da capital alagoana tiveram que ser completamente evacuados em 2020, por causa de tremores de terra que abalaram a estrutura dos imóveis.
Em 2021, o cineasta ativista Carlos Pronzato lançou o documentário “A Braskem passou por aqui: A catástrofe de Maceió”, que retrata o drama das vítimas deste crime ambiental e social que já tinha expulsado, há época, mais de 65 mil moradores de suas residências e de seus bairros e deixou mais de 15 mil residências destruídas em 250 hectares. O documentário denuncia, ainda, a ausência de ações dos poderes Executivo e Legislativo municipal, estadual e federal frente ao problema.
Em nota, também deste domingo, a Braskem não usou o termo “rompimento”, como apontado pela Defesa Civil de Maceió, afirmando apenas que câmeras ao redor da Mina 18 “registraram movimento atípico de água na lagoa Mundaú, no trecho sobre esta cavidade”. A empresa afirmou, ainda, que houve registro de dois movimentos semelhantes, às 13h15 e às 13h45, e disse que o monitoramento realizado com satélite “captou a movimentação” do solo.
A área no entorno da mina está fisicamente isolada desde o dia 21 de novembro, quando houve detecção de movimentos sísmicos e foi constatado o surgimento de rachaduras na superfície do solo.