Uma mochila com pertences do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips foi localizada por equipes de busca na região do Vale do Javari, neste domingo (12), quando se completa uma semana desde o desaparecimento de ambos na Amazônia.
A mochila de cor preta estava presa a uma árvore numa região alagada dos rios que dividem o Brasil e o Peru.
O item foi localizado por mergulhadores do Corpo de Bombeiros do Amazonas por volta das 16 horas, no horário local (18 horas em Brasília).
Indígenas que acompanhavam os trabalhos de busca no rio e que conheciam Bruno e Dom atestaram que a mochila pertencia a um dos dois.
Trata-se de uma mochila de viagem, grande. Dentro havia vários livros. O material foi entregue à Polícia Federal para perícias.
“Tivemos a grata satisfação de ter êxito e encontrar uma mochila. Nesse mochila, tinha notebook, todos os pertences, meias, camisas, bermudas”, disse um porta-voz do Corpo de Bombeiros, em Atalaia do Norte (AM).
Segundo a PF, foram encontrados:
- um cartão de saúde em nome de Bruno Pereira;
- uma calça preta de Bruno;
- um chinelo preto de Bruno;
- um par de botas de Bruno;
- um par de botas de Dom Phillips;
- uma mochila de Dom contendo roupas pessoais.
Durante a tarde, o coordenador da equipe dos Bombeiros em Atalaia do Norte, Barbosa Amorim, disse que o material foi encontrado próximo à casa de Amarildo Costa de Oliveira, suspeito de envolvimento no crime, que segue preso no município.
Os pertences estavam em uma área de igapó e estavam amarrados em uma árvore. Igapó é uma região da Floresta Amazônica alagada pelos rios e com inúmeras árvores.
“[O material] foi encontrado próximo à casa dele [Amarildo], na comunidade de São Gabriel. A partir do local em que encontramos essas mochilas hoje, vamos dar continuidade nos mergulhos, principalmente nas árvores próximas, para certificar que não há nenhum outro material amarrado ali”, disse o coordenador.
Também neste domingo, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) informou ter encontrado uma nova embarcação na área de busca pelos desaparecidos. Segundo a organização, a embarcação foi encontrada no sábado (11).
De acordo com o procurador jurídico da Univaja, Eliésio Marubo, a embarcação pode pertencer ao suspeito de envolvimento no desaparecimento dos dois. Segundo a Univaja neste domingo (12), também diz que a informação sobre a propriedade da embarcação ainda precisa ser confirmada pelos responsáveis pelas investigações.
Impedimento nas buscas
A Univaja respondeu a manifestação feita pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que questionou a organização a respeito das buscas dos desaparecidos realizadas pelos indígenas. Sobre o assunto, Marubo afirmou que o órgão não pode impedir indígenas de entrarem em suas terras.
“A Funai desconhece o papel dela quando ela tenta impedir o índio de entrar na sua própria terra. Antes de ser instituição nós somos indígenas. Nós pertencemos a essa região e estamos sendo impedidos de entrar em nossa própria terra. A nota explica sobre isso, sobre essa criminalização da Funai em relação a tentativa de criminalizar qualquer conduta que nossa organização tem realizado”, explicou.