O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmou, na quarta-feira (19), em entrevista ao programa Ponto a Ponto da BandNews, que sempre defendeu a Lava Jato, mas discorda de Sérgio Moro quando esse afirma que as conversas entre ele e Deltan Dallagnol são normais. “Não é assim que reza a nossa Constituição e o Código de Processo Penal”, disse o parlamentar.
Segundo Randolfe, “Moro perdeu a credibilidade antes mesmo dos vazamentos do The Intercept Brasil”. “Minha crítica é o Moro ter deixado de ser juiz para virar ministro de um governo que também tem corrupção. Estamos falando de escândalos de candidaturas laranja, denúncias contra ministros, denúncias envolvendo filhos do presidente, enfim, isso enfraquece sua credibilidade”, observou.
O senador esteve presente no depoimento de Moro para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal na manhã de quarta-feira (19). Ele avaliou que Moro não convenceu. “Moro deveria ter aproveitado a ocasião para esclarecer o conteúdo das mensagens vazadas pelo Intercept. Ao invés disso, ele dedicou quase 6 horas para desqualificar o mensageiro”, disse Randolfe.
“Eu esperava explicações, mas ele tomou um caminho que não é democrático ao criminalizar jornalistas”, afirmou. “Quando ele ataca o mensageiro, deixa todos nós inseguros com relação à condução dele nos trabalhos da Lava Jato, e no caso específico do ex-presidente Lula”, acrescentou.
O senador disse ainda que não gostaria que nenhum ato processual fosse anulado, mas que Moro “acabou abrindo uma fragilidade nesse sentido”. “Ele nunca poderia ser ministro de Estado do adversário político [Jair Bolsonaro] do candidato [Lula] que ele levou para a cadeia”, diz Randolfe. “As mensagens [reveladas pelo Intercept] mostram uma intenção de condenação”.
Randolfe Rodrigues acrescentou ainda que, antes, Sergio Moro teria seu voto para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). São os parlamentares que sabatinam os candidatos para a Suprema Corte. “Hoje estou na dúvida. Moro teria que responder a muitas questões, porque eu não quero um ministro partidário no STF. Quero um que condene políticos de todos os partidos quando for o caso”, ponderou.
Para o senador, “as conquistas da Lava Jato são maiores que Sergio Moro”. “A Lava Jato é um marco no combate à corrupção no País. Não tem como negar que havia um esquema escandaloso de corrupção na Petrobrás. A Lava Jato cumpriu um papel histórico, fundamental para o Brasil. Tão fundamental que não podemos correr o risco de a Lava Jato ser descredenciada”, completou.