Tornar o Brasil “Parceiro Global da OTAN” só vai afundar o Brasil nos conflitos dos EUA. Tirar a Huawei da infraestrutura local só beneficia as obsoletas empresas americanas, além de atrasar a implantação do 5G no Brasil e torná-lo mais caro
A proposta que o conselheiro de segurança dos Estados Unidos, Jake Sullivan, fez ao governo brasileiro, em sua vinda ao país, na quinta-feira (5), é indecente. A Casa Branca quer obrigar o Brasil a impedir a participação da empresa chinesa Huawei na licitação para a implantação da tecnologia 5G no país.
O setor de comunicações brasileiro é contra o veto do governo americano à empresa chinesa. A Huawei, além de ocupar a ponta na disputa tecnológica mundial do setor, está presente em cerca de 23% da infraestrutura de comunicações no país. Aceitar essa imposição significará atrasar a implantação da tecnologia 5G no Brasil já que todo o equipamento já instalado terá que ser substituído.
Além disso, por conta da empresa chinesa ser mais eficiente, seus preços são menores do que as concorrentes. Por isso, impedir usa participação representara um aumento significativo nos custos finais do sistema.
A conversa do conselheiro com o ministro da Defesa brasileiro foi direto ao ponto. Sullivan levantou a questão de conceder ao Brasil um status de parceiro global da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte. Entretanto, a pré-condição necessária para que o país se torne “parceiro” da Aliança Atlântica é abandonar as tecnologias 5G chinesas, fornecidas pela Huawei.
Possuem esse mesmo status Afeganistão, Austrália, Iraque, Japão, Coreia do Sul, Mongólia, Nova Zelândia e Paquistão. Na América do Sul, o único país que tem o status de “sócio global” da OTAN é a Colômbia.
O governo dos EUA, país que está perdendo a corrida tecnológica para a China, vem agindo politicamente, e de maneira ilegal, para barrar a concorrência com as empresas chinesas. Não há o menor respeito às leis de mercado.
E, pior, eles não oferecem nada em troca. Aliás, como dissemos antes, oferecem levar o Brasil para as guerras da OTAN. Nós atrasamos a implantação do 5G no país, pagamos mais caro pelos equipamentos, e eles nos oferecem em troca a “oportunidade” de sermos arrastados para suas guerras.
É isso mesmo, eles apresentaram a proposta de que o Brasil compre uma briga com o seu principal parceiro comercial e, então, como prêmio, eles transformam o país em “sócio global” da OTAN. Ou seja, o Brasil, um país que tem uma larga tradição diplomática e de convivência pacífica com outros países, que tem uma bela amizade com o povo e o governo chinês, viraria um “sócio global” do agrupamento armado, usado pelos EUA para provocar guerras e confusões pelo mundo à fora.
Tudo isso para tentar salvar as empresas americanas que estão perdendo liderança no mercado mundial e ficando para trás na corrida tecnológica. Por tudo isso, a proposta é uma indecência. De acordo com um comunicado da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, a visita do conselheiro e sua comitiva tiveram como intuito “discutir oportunidades para fortalecer a parceria estratégica Brasil-EUA e melhorar a estabilidade regional”. O histórico dos EUA na região não tem nada a ver com estabilidade. É uma longa história de intervenções, de ameaças, de sanções e bloqueios.