Manifestações em repúdio aos ataques de Jair Bolsonaro à Democracia tomaram conta do 8 de Março – Dia Internacional da Mulher. Por todo o país, milhares de pessoas participaram de protestos e atividades culturais neste domingo em defesa dos direitos, o fim da violência e a igualdade salarial entre homens e mulheres.
Na avenida Paulista, no centro de São Paulo, o protesto reuniu milhares de pessoas para exigir mais direitos e protestar contra o governo Bolsonaro. A manifestação foi organizada por mais de 80 entidades, entre elas coletivos feministas, organizações sindicais e partidos políticos.
A deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) discursou na Avenida Paulista. Para a sambista, a manifestação das mulheres é “contra a violência, a discriminação, a opressão. É um momento em que vamos defender a democracia, contra o avanço do autoritarismo”.
As mulheres se reuniram “para enfrentar essa guerra de ódio que estão fazendo contra nós, contra o país. A gente precisa dar visibilidade à essa luta, deixar a vaidade de lado e se unir para que a gente possa fortalecer essa luta”, destacou a deputada.
Leci parabenizou “todas as mulheres de todos os partidos que estão aqui, porque se nós não nos unirmos, se todos os partidos não estiverem unidos, nós não vamos derrotar o inimigo. O nosso inimigo é comum, é um só, e a gente sabe quem é”.
EVANGÉLICAS CONTRA BOLSONARO
O grupo Evangélicas pela Igualdade de Gênero, formado por nove organizações religiosas, esteve presente no ato afirmando que “quem é cristão não apoia a ditadura, Bolsonaro não é cristão coisa nenhuma”.
A assistente social Priscila Queiroz, 31, disse que o grupo decidiu participar da manifestação “porque é importante mostrar que o Bolsonaro não representa todos os evangélicos e as evangélicas, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa”.
Michelle Dias, 34, que também participa do grupo, acredita que “nem todo evangélico é conservador”.
“O mandamento que Jesus trouxe foi o amor, o acolhimento. Qualquer ato que desumaniza o outro, como homofobia, racismo, misoginia e xenofobia, nós compreendemos como pecado estrutural”, afirmou ao jornal Folha de São Paulo.
BRASÍLIA
Em Brasília, a manifestação foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que realizou o I Encontro de Mulheres Sem Terra e contou com mais de cinco mil participantes.
Kelly Mafort, da direção nacional do MST, destaca que a marcha em Brasília é uma oportunidade de integrar as pautas das mulheres do campo e da cidade. “Essa marcha de hoje ocorre justamente em um período de morte para as mulheres. No campo, as mulheres sofrem os impactos dessa política, que é machista, misógina, que violenta e assassina as mulheres. E são principalmente as mulheres que sofrem na ponta essas contradições das reintegrações de posse e dos despejos e dessa força do latifúndio. Nós estamos aqui denunciando isso”, afirmou a militante.
RECIFE
Dezenas de movimentos sociais, feministas e em defesa das mulheres se reuniram, neste domingo (8), para celebrar o Dia Internacional da Mulher, em atos em vários pontos da cidade, como o Bairro do Recife, Brasília Teimosa, Nova Descoberta, Ibura e Morro da Conceição.
Na Praça do Arsenal, na região central da capital pernambucana, o festival Canta Mulher pediu o fim da violência e a garantia da democracia no nosso país.
O ato começou por volta das 16h, com apresentações musicais num palco montado na praça. Esta foi a nona edição do festival Canta Mulher. Entre as atrações estão as cantoras Nena Queiroga e Flaira Ferro.
O festival Canta Mulher é organizado pela União Brasileira de Mulheres (UBM) e pela Confederação das Mulheres do Brasil (CMB). As duas entidades foram criadas há 32 anos, após a promulgação da Constituição Brasileira de 1988.
“Nossa vida depende da política e, quando nos sentimos ameaçadas, temos que gritar para o mundo e falar com as pessoas. As mulheres são as mais atingidas pela violência institucional do governo federal. Quando falta democracia, as mulheres são as mais atingidas”, afirmou Vanja Santos, presidente nacional da UBM.
Para Edna Costa, diretora Regional da CMB, é preciso que as mulheres se organizem para que a igualdade de gênero esteja cada dia mais próxima de ser alcançada.
“Neste ano, o Canta Mulher tem o tema ‘Democracia sim, censura nunca mais’. Temos conseguido nossos direitos paulatinamente, mas temos uma necessidade muito grande de nos organizar para avançarmos cada vez mais na luta”, declarou.
Entre as atrações que participaram do festival Canta Mulher estão Bia Marinho, Irah Caldeira, Nena Queiroga, Sônia Sinimbu, Talitha Accioly, Olívia Fancelo, Ylana Queiroga, As Severinas, Flaira Ferro, Vozes Femininas (poesia), Graça Nascimento (poesia), Joana Flor, Andressa Formiga, Sevy Nascimento, Fabiana Pirro.
Em outros quatro pontos da capital também foram realizadas ações, por movimentos sociais, para lembrar a data, nas comunidades de Brasília Teimosa e Ibura, na Zona Sul, e em Nova Descoberta e no Morro da Conceição, na Zona Norte.
PORTO ALEGRE
Na capital gaúcha, o evento, batizado de “8M em Defesa da Democracia”, ocorreu pela manhã na Praça Júlio Mesquita, tradicional ponto turístico da capital gaúcha. Centenas pessoas do movimento social, sindical e estudantil se aglomeraram nas ruas de Porto Alegre.
Manuela d’Ávila (PCdoB), pré-candidata à Prefeitura de Porto Alegre falou sobre a importância do dia 08 de março e do movimento em torno da data: “Um movimento bonito, com mulheres de vários movimentos sociais, com alguns homens juntos neste dia 08 de março denunciando que o dia da mulher é um dia de muita luta, porque ainda falta muito para que a nossa vida seja uma vida com a mesma dignidade que a vida da maior parte dos homens”, disse.
“Quando uma cidade é boa para nós, mulheres, ela é boa para todo mundo, porque pra ser boa para nós, tem que ter creche para as crianças, tem que ter consulta no posto para gente não perder o trabalho, nós temos que andar sem medo nas ruas, e a gente sente medo por várias razões, pela violência sexual, pelo assédio”, destacou Manuela.
A professora Patrícia Dyonisio de Carvalho, diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Privado do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS) disse em seu discurso que “Por mais que historicamente, a data 8 de março esteja relacionada a condições de trabalho e vida de mulheres brancas, hoje a nossa agenda de luta está ampliada: contra a violência e pela nossa sobrevivência (uma mulher é morta a cada 7 horas, por feminicídio); pela igualdade nos locais de trabalho e em outras esferas sociais; e pela extensão da luta a tantas outras mulheres (negras, indígenas e trans, por exemplo)”, expressou a professora.
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