Jair Bolsonaro disse no domingo (18/11) que a futura ministra da Agricultura e atual deputada Tereza Cristina (DEM-MS) “goza de toda a confiança” de sua equipe. Indicada por ele para o Ministério da Agricultura, a deputada teve o nome citado por ter beneficiado a JBS no governo do Mato Grosso do Sul ao mesmo tempo que mantinha negócios privados com o conglomerado de Joesley Batista.
Executivos da empresa relataram à Justiça que a futura ministra concedeu incentivos fiscais à JBS quando era Secretária do Agronegócio de Mato Grosso do Sul (MS). Eles confirmaram que ela mantinha um negócio pecuário com o grupo. Tereza Cristina é proprietária de uma fazenda que foi arrendada desde 2009 para a JBS. As terras foram utilizadas para confinamento de gado.
Durante a vigência do arrendamento ela foi nomeada Secretária.
“Eu também sou réu no Supremo”, disse Bolsonaro. “Tenho que renunciar? Ela já foi julgada? É apenas um processo representado, [assim] como já fui representado umas 30 vezes na Câmara e não colou nenhuma”, acrescentou. Ele deu aval à pecuarista denunciada ao participar de evento esportivo na Barra da Tijuca. Em seguida, Bolsonaro acrescentou que: “Sou um ser humano e posso errar. Se algum ministro tiver uma acusação grave comprovada a gente toma uma providência. No momento ela goza de toda a nossa confiança”.
Contrariando a “confiança” de Bolsonaro na inocência de Tereza Cristina, os depoentes da JBS entregaram à Justiça documentos com a assinatura dela como secretária estadual de Desenvolvimento Agrário e Produção do Mato Grosso do Sul, durante o governo de André Puccinelli (MDB-MS). Esses documentos confirmam os benefícios dados à JBS. O então governador André Puccinelli acabou sendo preso.
Além disso, a deputada se complicou ainda mais com a “nota de esclarecimento” divulgada por ela. Na nota, que era para contestar matéria da Folha de São Paulo, tudo o que foi denunciado acabou confirmado. O negócio do confinamento realmente existiu. Tereza Cristina era sim dona da fazenda arrendada para a JBS. Foram dados os incentivos fiscais para a JBS quando ela era Secretária do Agronegócio de André Puccinelli (MDB-MS). E mais. Ela informa na nota que recebeu doações, via MDB, da JBS para sua campanha eleitoral. A única “explicação” é de que tudo isso foi feito de forma “transparente” (leia a nota na íntegra abaixo)
Em entrevista, a pecuarista arrematou dizendo que o fato de ter terras arrendadas para a JBS não a fazem parceira dos donos do frigorífico. “Eu não sou parceira da JBS. Minha família tem um confinamento e este confinamento lá trás, em 2009, houve uma parceria pecuária que é uma maneira de fazer negócio dentro da pecuária absolutamente normal e que foi feita com essa empresa que é a maior empresa de carnes”, acrescentou.
A íntegra da nota de Tereza Cristina (DEM-MS), através da Frente Parlamentar de Agricultura (FPA):
A deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) traz esclarecimento sobre a matéria intitulada “Parceira da JBS, ministra deu incentivos fiscais à empresa em MS”, do jornal Folha de São Paulo, deste domingo (18):
1. A deputada nunca recebeu doação direta do grupo JBS para sua campanha. O recurso foi transferido via coligação partidária e aprovado pela Justiça Eleitoral;
2. A relação comercial estabelecida pela família da deputada com a empresa JBS foi feita de forma legal e transparente, dentro dos padrões seguidos regularmente pelos demais produtores da região e do país;
3. Em 2009, a mãe da parlamentar estabeleceu contrato de parceria pecuária na exploração de um confinamento com a empresa JBS. No ano seguinte, em função de seu falecimento, o contrato passou à gestão de Tereza Cristina, na qualidade de inventariante de um condomínio de cinco irmãos;
4. Quanto aos incentivos fiscais assinados à época em que ocupava a secretaria de Agricultura do Estado, a deputada cumpriu a legislação vigente e atuou em conformidade com as políticas de governo estabelecidos à época. Cabe ressaltar ainda, que medidas fiscais são de competência também da Secretaria de Fazenda do Estado e do Governo, não apenas da Agricultura, como sugere a matéria.
Assessoria de Imprensa FPA