O general Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência, afirmou nesta quarta-feira (22), em entrevista ao UOL, que o Exército não é partidário e não “marcha” ao lado do governo. “Não existe essa marcha junto com o governo”, disse o militar, aos jornalistas Carla Araújo e Hanrrikson de Andrade.
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Ele falou sobre as manifestações do último domingo (19) que pediam o fechamento do Congresso, do STF (Supremo Tribunal Federal) e a instituição do AI-5.
O general disse que os militares não estão envolvidos nos atos de domingo. Destacou que não havia ministros militares lá, apenas Bolsonaro e criticou a participação de Bolsonaro. “Fica uma confusão com ataques e xingamentos na internet, e o presidente aparece naquele cenário na frente de um quartel general de uma das Forças, que é o Exército, e o presidente é o comandante-chefe. Fica uma ideia de movimento institucional que não teve. São situações confusas que poderiam ser evitadas”, afirmou.
“A instituição, vou falar pelo Exército, é extremamente disciplinada. Ela é ligada ao estado brasileiro, nas atribuições da Constituição. Exército não é partidário, de governo. Ele presta todo respeito às autoridades, população, mas não tem essa caminhada junto. Isso não existe”, acrescentou o general.
Ele criticou também o comportamento do presidente na luta contra o coronavírus. “O governo tinha que ter unido todo mundo. Não tem a ver com brigar com governador, porque quem segura os rojões nos hospitais são os governadores e prefeitos. O Brasil inteiro deveria estar acima de ideologia. Foi dada orientação técnica do governo, porque o ministro fala pelo governo. O governo transmite uma orientação e o presidente não é a favor da orientação, então ele tem de deixar de distribuir a orientação. Cria uma confusão na população, uma insegurança, um atrito”, avaliou Santos Cruz.